Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Energia

- Publicada em 12 de Outubro de 2021 às 21:42

Tapes terá parque eólico de R$ 1,09 bilhão

Região já conta com linhas de transmissão, como na imagem ilustrativa

Região já conta com linhas de transmissão, como na imagem ilustrativa


JOÃO MATTOS/arquivo/JC
Um parque eólico com capacidade para gerar 239 MW de energia e investimento previsto de R$ 1,09 bilhão pode sair do papel já em 2022 em Tapes, próximo à Lagoa dos Patos. O projeto é da Brain Energy, empresa dos sócios Telmo Magadan e Daniel Andrade, e prevê 69 aerogeradores com 114 metros de altura cada estrutura.
Um parque eólico com capacidade para gerar 239 MW de energia e investimento previsto de R$ 1,09 bilhão pode sair do papel já em 2022 em Tapes, próximo à Lagoa dos Patos. O projeto é da Brain Energy, empresa dos sócios Telmo Magadan e Daniel Andrade, e prevê 69 aerogeradores com 114 metros de altura cada estrutura.
Denominado Parque Eólico Capão Alto, o projeto já tem todas as licenças necessárias, incluindo a ambiental, e está em fase final de modelagem financeira, conforme Magadan. Fechando esta etapa, as obras poderão iniciar logo. Os aerogeradores ocuparão pequena parte de uma área de 3 mil hectares, entre a BR-116 e a sede urbana de Tapes. O trecho é cortado pela RS-717, que liga o município à rodovia federal.
Será o primeiro complexo eólico na região da Lagoa dos Patos, conhecida como Costa Doce. Atualmente, há aerogeradores no Litoral Norte (em Osório, Palmares do Sul, Xangri-lá e Tramandaí), na Região Metropolitana (Viamão), no Litoral Sul (Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Chuí) e na Fronteira-Oeste, em Santana do Livramento.
"Temos bons ventos, previsíveis, que fazem do Rio Grande do Sul um dos melhores locais do mundo para geração eólica. Temos constância no vento, sem rajadas forte, que podem, inclusive, danificar as máquinas", explica Magadan, que tem na bagagem a construção do primeiro parque eólico gaúcho, o de Osório, 15 anos atrás - época na qual o tema ainda era cercado de certo ceticismo.
Conforme o executivo, a escolha de Tapes ocorreu pode diversos fatores. Conta com excelente acesso logístico, via BR-116 em processo de duplicação. Pela estrada, 95 quilômetros acima está Porto Alegre e, para o Sul, chega-se ao porto de Rio Grande. "Também já temos conexão elétrica para o parque na região. Essa infraestrutura avançou muito no Estado, o que é necessário para um investimento deste tipo", explica.
Caso as obras se iniciem em 2022, a expectativa de Magadan é que Capão Alto comece a produção comercial a partir de meados de 2024, em uma estimativa conservadora. Está nos planos da Brain Energy, futuramente, uma ampliação do parque - aumentando em mais 350 MW a produção de energia. Em valores atuais, isso representaria mais R$ 1,5 bilhão em investimentos.
O Rio Grande do Sul ficou quase seis anos sem participar de leilões de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por falta de investimentos em linhas de transmissão, conforme explica Magadan. "Mas isso mudou, e o hoje o Estado tem um sistema robusto de transmissão. Faltava essa segurança para atrair novos investidores", alerta.
Esse atraso favoreceu a implantação de novos parques eólicos na região Nordeste, que compete com o Rio Grande do Sul na atração destes investimentos. "Mas hoje estamos em vantagem. Aqui, os ventos costumam correr no turno da tarde, geralmente, justamente quando há maior demanda de energia. No Nordeste, ocorrem à noite", compara Magadan. Este detalhe é importante porque a energia eólica tem preferência para entrar rapidamente no sistema em horários de grande demanda.

Geração eólica é uma das prioridades do governo do Rio Grande do Sul

Na recente missão do governo do Rio Grande do Sul pela Espanha, a energia eólica foi um dos temas centrais da agenda. Tanto o governador Eduardo Leite quanto secretários e parlamentares gaúchos visitaram empresas como Iberdrola e Elecnor (dona da Enerfin, que controla o parque de Osório) em busca de mais investimentos.
A Iberdrola lidera um projeto que pode chegar a R$ 30 bilhões, caso seja implementado em sua totalidade: um megaparque eólico offshore (dentro do mar), com 3 GW e 200 aerogeradores na altura da costa de Tramandaí.
Leite informou, em Madri, que o governo gaúcho prepara um projeto com o objetivo de desenvolver a instalação de aerogeradores na Lagoa dos Patos. Embora seja na água, tecnicamente é considerada onshore, por não estar no mar (offshore).
"O Rio Grande do Sul deve buscar investimentos e não ficar parado. Essas visitas que o governo realizou na Espanha mostram nosso interesse em fomentar a energia eólica", observa Telmo Magadan, da Brain Energy.
Para ele, futuramente, o Rio Grande do Sul poderá se tornar um exportador de energia eólica. "Já temos vantagens competitivas, como a proximidade do Rio e de São Paulo, os maiores mercados consumidores", destaca ele.
Tanto a eólica quanto a solar, de acordo com Magadan, só têm a ganhar espaço na matriz energética brasileira. "A sustentabilidade não pode ser esquecida na produção de energia. O mundo está indo neste caminho. Debaixo de um aerogerador posso continuar plantando ou criando gado, uma coisa não impede a outra, e o nível de ruído é muito baixo", completa.