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Meio ambiente

- Publicada em 30 de Setembro de 2021 às 22:09

Cobrança em parques nacionais do Rio Grande do Sul começa nesta sexta-feira

Parques Aparados da Serra e Serra Geral receberão investimentos de R$ 260 milhões em um prazo de até 30 anos

Parques Aparados da Serra e Serra Geral receberão investimentos de R$ 260 milhões em um prazo de até 30 anos


/NECO VARELLA/DIVULGAÇÃO/JC
Com o contrato de concessão celebrado em 12 de agosto passado com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Urbia Cânions Verdes inicia nesta sexta-feira, 1º de outubro, a cobrança de ingresso para acessos de visitantes aos parques nacionais da Serra Geral e dos Aparados da Serra, localizados nas cidades de Cambará do Sul (RS) e Praia Grande (SC), e que abrigam os cânions Itaimbezinho e Fortaleza.
Com o contrato de concessão celebrado em 12 de agosto passado com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Urbia Cânions Verdes inicia nesta sexta-feira, 1º de outubro, a cobrança de ingresso para acessos de visitantes aos parques nacionais da Serra Geral e dos Aparados da Serra, localizados nas cidades de Cambará do Sul (RS) e Praia Grande (SC), e que abrigam os cânions Itaimbezinho e Fortaleza.
A contrapartida da empresa para gerir os espaços pelos próximos 30 anos será um investimento de R$ 260 milhões. "A Urbia tem o objetivo de conectar pessoas por meio do lazer, entretenimento e cultura, e proporcionar momentos de imersão e harmonia com a natureza. Nossa atividade é fundamentada no desenvolvimento sustentável e propomos melhorias em padrões internacionais das experiências turísticas, esportivas, gastronômicas e contemplativas, com respeito à cultura local", assegura Roberto Ribeiro Capobianco, presidente da concessionária, que integra o grupo Construcap.
A concessão transfere a responsabilidade pelos investimentos na infraestrutura, acessibilidade, segurança, treinamento e desenvolvimento dos colaboradores e no planejamento de novas experiências turísticas e educativas. A qualidade da prestação do serviço será medida a partir de indicadores de desempenho, que englobam avaliação da satisfação dos visitantes, manutenção e conservação das estruturas da concessão. As áreas concedidas dos parques continuam pertencendo à União e são fiscalizadas pelo ICMBio.
Do valor total a investir, já foram pagos R$ 20,5 milhões ao governo federal para outorga fixa. Ainda são estimados mais de R$ 75 milhões em outorga variável decorrente do movimento das receitas dos atrativos. "O turismo será um grande indutor do desenvolvimento sustentável local, estimulando a melhoria dos Índices de Desenvolvimento Humano das cidades do futuro Geoparque. São investimentos que visam à melhoria dos serviços e experiência dos visitantes em padrão de qualidade internacional", garante o executivo.
O contrato traz a necessidade de investimentos obrigatórios da ordem de R$ 33,4 milhões e desonera o governo federal em cerca de R$ 224 milhões de custos operacionais. A concessionária projeta atingir até 622 mil visitantes anuais, em seis anos de concessão. De imediato, a concessão gerou mais de 300 empregos diretos e cerca de mil indiretos em obras e operação.
Dentre as atividades e intervenções obrigatórias estabelecidas no contrato, a empresa deve investir em serviços de alimentação, hospedagem e comércio, além de fomentar e desenvolver as atividades de ecoturismo, lazer e educação ambiental nos mesmos. Estão programadas abertura de novas trilhas, pontos de contemplação e mirantes, qualificação da acessibilidade universal, estacionamentos e oferta de transporte interno nos parques. A infraestrutura terá de proporcionar o desenvolvimento turístico local, como novas atividades de aventura, pontos de informação e atendimento ao visitante, espaços de experiência gastronômica e educativas, sinalização, segurança das trilhas, novos atrativos e meios de hospedagem.
A concessionária também se compromete a realizar o manejo das áreas verdes e melhorar as estruturas e trilhas existentes, incluindo manutenção, limpeza e sinalização para reforçar a segurança. Monitores serão posicionados em diversos pontos, orientando os visitantes sob diversos aspectos, tais como práticas e regras de usufruto dos ambientes. "Pretende-se que a experiência dos visitantes não só melhore significativamente em curto prazo, como também seja incrementada, de forma contínua e sustentável", acrescenta. Capobianco indica planejamento da empresa de investir cerca de R$ 20 milhões adicionais nos cinco primeiros anos da concessão em itens não obrigatórios.
As melhorias iniciais já disponíveis são a instalação de estrutura básica, como banheiros, opções de alimentação, estacionamentos, atendimento ambulatorial e sinalização. No Cânion Fortaleza, por exemplo, os visitantes tinham à disposição somente um banheiro e precário. Também não havia local para a compra de água.
Mediante termo aditivo específico ao contrato a ser firmado com a concessionária, a concessão poderá vir a incorporar o Núcleo Malacara, no Parque Nacional Aparados da Serra. Mas a concretização depende da conclusão, durante a vigência da concessão, da regularização fundiária dessa área pelo ICMBio.

Saiba mais

Valores dos ingressos
(válidos até 30 de novembro)

Crianças (com idade até cinco anos) e guias de turismo com Cadastur, em serviço: isentos de pagamento
Um dia com acesso a todos os núcleos: R$ 35
Dois dias com acesso a todos os núcleos: R$ 55

Valores dos ingressos
(a partir de 01 de dezembro)

Um dia com acesso a todos os núcleos: R$ 50
Dois dias com acesso a todos os núcleos: R$ 80
A compra do ingresso permite múltiplos acessos, em todas as entradas das áreas de visitação de ambos os parques
Estacionamento
Motocicleta: R$ 5
Carros: R$ 10

Vans e motorhomes
(pernoite proibida): R$ 20

Ônibus: R$ 50
O horário de acesso aos estacionamentos é das 8h às 16h

Principais investimentos e serviços assumidos pela concessionária

Limpeza, segurança e manutenção de toda a área concessionada, incluindo o Centro de Visitantes, postos de informação e controle (PIC) e outras instalações
Infraestruturas da área concessionada, como trilhas de ciclistas e pedestres, mirantes, sinalização, estradas internas, reforma dos trechos de estrada, construção do espaço do ciclista, espaço de camping, construção e manutenção de áreas para diferentes tipologias de hospedagem (camping, glampling, pousada e hospedaria); instalação e manutenção de passarelas suspensas; instalação e manutenção de estruturas tipo "skywalk" nas bordas dos cânions do Itaimbezinho; instalação e manutenção de pontes; estacionamento; áreas para churrasco; instalações para alimentação; implantação e operação de sistema de transporte interno; implantação de sistema de bilheteria (físico e online) e escritório do concessionário; implementação do sistema de comunicação interna e monitoria dos atrativos; e implementação de serviço de brigada de incêndio.

Acessos aos parques e transporte deficiente são os maiores entraves da operação

Atual estrutura oferecida aos visitantes não comporta a demanda em períodos de alta temporada

Atual estrutura oferecida aos visitantes não comporta a demanda em períodos de alta temporada


/NECO VARELLA/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar do grande potencial e interesses de diferentes atores locais, regionais e nacionais, existe o reconhecimento, no próprio projeto de concessão, de desafios e entraves atuais para o crescimento do número de visitantes por ano nos dois parques. Dentre eles, surgem como crítico os acessos aos parques, com baixas condições de trafegabilidade, pois são, basicamente, estradas de terra com muitas pedras, que se tornam atoleiros em épocas chuvosas. Também é destacada a inexistência de transporte público regular entre as cidades e os parques e a baixa oferta de horários e itinerários de ônibus intermunicipais e interestaduais para os municípios de entorno dos parques
O documento ainda cita que a estrutura hoje oferecida aos visitantes já não comporta a demanda em dias de alta temporada, tornando necessária atenção especial aos sistemas hidrossanitários e ao trânsito e estacionamento de veículos dentro dos parques. Outra consideração é pela necessidade de alternativa que conduza os visitantes até as áreas dos parques, deixando veículos em algum ponto fora das unidades de conservação, e realizando traslados. A medida é justificada para evitar que o tamanho dos estacionamentos internos e do trânsito engarrafado sejam limitantes ao número de visitantes.
O principal acesso à parte alta dos parques (região dos planaltos) ocorre a partir de Cambará do Sul e, à parte baixa, por Praia Grande (SC) e Jacinto Machado (RS). De Cambará do Sul até a entrada principal do Aparados da Serra são aproximadamente 18 km de estrada não pavimentada, com largura para passagem de dois veículos simultaneamente. O acesso até o Serra Geral se dá por meio de estrada asfaltada e os últimos quilômetros por via não pavimentada, com cerca de 18,8 km. Em ambos os casos, a previsão de tempo para o percurso é de 30 minutos. O acesso entre Praia Grande e o planalto do Aparados da Serra mantém a característica predominante de via não pavimentada, com asfalto em alguns trechos, com cerca de 23 km na rodovia RS-427, mais declivosa e com trechos sinuosos.
A oferta de transporte coletivo terrestre é considerada incipiente. As viagens de ônibus possuem horários limitados e dependendo da cidade de origem é preciso fazer baldeação entre os municípios próximos. A Viação Citral faz o transporte de passageiros de Porto Alegre à Cambará do Sul, com troca de ônibus em São Francisco de Paula, com duração de seis horas para percorrer trajeto de aproximadamente 230 km.

Áreas superam 30 mil hectares de unidades de conservação

Os parques nacionais Aparados da Serra e da Serra Geral são Unidades de Conservação de Proteção Integral. O primeiro, com 13.141 hectares, criado em 1959, e o segundo, com 17.301 hectares, em 1992, têm como objetivo conservar formações características da região, como a Floresta Ombrófila Mista (campos naturais, mata de araucária, floresta nebular e vegetação rupícola), na parte gaúcha, e Floresta Ombrófila Densa Montana e Submontana, na parte catarinense, além de proteger a beleza cênica do mosaico formado pelos campos de altitude com as matas de araucárias e cânions, entre outros.
Os espaços conservam campos e penhascos de Mata Atlântica, que abrigam papagaios-de-peito-roxo e jaguatiricas. Um dos maiores cânions das Américas, o Itaimbezinho é um dos grandes atrativos do complexo florestal da região. Seus cânions têm profundidades que alcançam até 1.000 metros.
Entre 2004 e 2016, a visitação ao Parque Nacional de Aparados da Serra aumentou de 48.503 visitantes para 111.808 pessoas, enquanto ao Parque Nacional da Serra Geral passou de 31.112 para 87.485 visitantes. O incremento estimulou investimentos em negócios e serviços relacionados ao turismo e ao comércio dos municípios de entorno. Cambará do Sul é a localidade que mais tem seu crescimento ligado ao fluxo de visitantes, com novas pousadas e serviços.

Percursos de trilhas devem ganhar 88 kms adicionais

O parque Aparados da Serra oferece, atualmente, duas trilhas no Planalto, com total de 4,5 kms de percurso, e outra no interior do cânion, denominada Trilha do Rio do Boi/Cânion Itaimbezinho, com 12 a 14 kms, conforme o condutor. O Parque da Serra Geral oferece mais oportunidades de trilhas, somando quase 30 quilômetros. As mais extensas são as trilhas da Borda Sul do Fortaleza, com 11 quilômetros, e do Tigre Preto, no Cânion Fortaleza, com nove quilômetros.
No entanto, é avaliado que os parques apresentam um vasto potencial de trilhas para implementação.
Com a implementação do projeto, o objetivo é ter 19 trilhas abertas à visitação e cerca de 137 km de percurso total nos dois parques. As trilhas foram identificadas por meio de códigos, relacionados ao núcleo em que se localizam.

Conglomerado tem atuação diversificada

A Construcap é uma empresa brasileira com mais de 77 anos de atuação no cenário brasileiro de infraestrutura. Ao longo dos anos, se tornou uma das maiores construtoras do país e participa de projetos em diversas áreas, como a construção de edifícios comerciais, fábricas, rodovias, aeroportos e hospitais, dentre outros.
A empresa também participa de outros negócios. No setor de entretenimento, detém majoritária participação no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Na área da saúde, a Inova Saúde, subsidiária integral da Construcap, parceira do Estado de São Paulo em regime de Parceria Público-Privada, construiu e passou a operar, desde 2019, os serviços não assistenciais de dois hospitais públicos de atendimento 100% SUS que contam com tecnologia e equipamentos de última geração. A empresa também está construindo, com inauguração programada para 2022, o Hospital Pérola Byington, o terceiro e maior dos hospitais que integram as concessões, com foco no atendimento da saúde da mulher.
Em 2019, o grupo investiu na primeira concessão de parques urbanos do país e fundou a Urbia Gestão de Parques, responsável pela gestão de seis parques na cidade de São Paulo, incluindo o Ibirapuera. Recentemente, outros dois parques em São Paulo foram concedidos: Cantareira e Horto Florestal. A Urbia Cânions Verdes, uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), foi fundada em 2021 para assumir a gestão dos serviços dos Parques de Aparados da Serra e da Serra Geral.