Apesar de 89 projetos de usinas a serem desenvolvidos no Rio Grande do Sul terem se cadastrado para disputar o leilão de energia nova A-5 (cinco anos para a entrega da geração), promovido pelo governo federal nesta quinta-feira (30), nenhum desses empreendimentos saiu vencedor da disputa. No total, o certame contratou a produção de 40 empreendimentos, que significarão um investimento na ordem de R$ 3 bilhões e disponibilizarão um adicional de capacidade instalada para o setor elétrico nacional de 860,796 MW (o que representa apenas cerca de 0,5% do que o Brasil possui de potência instalada atualmente).
O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, argumenta que justamente o pouco volume de energia contratado é uma das explicações para que nenhum projeto gaúcho vendesse sua geração. Como o leilão registrou o cadastramento total de 1.694 projetos, que representaram 93.859 MW de potência instalada, essa grande oferta e a baixa procura acirrou a concorrência. As iniciativas oriundas do Rio Grande do Sul e inscritas na disputa eram compostas por 81 parques eólicos, cinco pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e três usinas a carvão, todos esses complexos somavam uma potência de 4.148 MW.
Apesar dos empreendimentos no Estado não terem comercializado suas gerações nesse certame, o presidente do Sindienergia-RS vê possibilidades futuras para a usinas, em particular para as eólicas, em nichos além dos leilões e do chamado ambiente regulado (que atende às distribuidoras de energia do País) “Temos um grande potencial para explorar no mercado livre (formado por grandes consumidores, como a classe industrial, que pode escolher de quem vai adquirir a geração elétrica)”, sustenta Sari.
O evento desta quinta-feira confirmou a contração da produção de usinas das fontes eólica, solar, recuperação energética de resíduos sólidos urbanos, hidrelétrica e termelétrica. Nesse último caso, concorriam estruturas abastecidas com carvão mineral nacional e gás natural, mas os empreendimentos dessa categoria que tiveram êxito (sete no total) utilizarão a biomassa como combustível, no caso bagaço de cana-de-açúcar e cavacos de madeira.
Esses projetos alimentados com matéria orgânica foram os que representaram a maior potência instalada entre os contratados no certame: 301,2 MW. Ao final, o leilão, de uma maneira geral, registrou um deságio de 17,48%, verificando um preço médio pelo MWh de R$ 238,37.
O gerente executivo da Secretaria Executiva de Leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Patrus, considerou o evento como bem-sucedido e informa que as usinas vencedoras estão distribuídas por 11 estados. Já o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Rui Altieri, acrescenta que a oferta abundante de projetos neste certame antecipa que as próximas concorrências também deverão registrar uma elevada participação de usinas.