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Mercado Automotivo

- Publicada em 27 de Setembro de 2021 às 19:14

Escassez da oferta de carros novos aquece mercado de usados no RS

Até agosto, foram emplacados no Estado 50.766 automóveis zero quilômetros, contra a venda de 516.150 seminovos

Até agosto, foram emplacados no Estado 50.766 automóveis zero quilômetros, contra a venda de 516.150 seminovos


JONATHAN HECKLER/JC
A pouca disponibilidade de automóveis zero quilômetro nos mercados brasileiro e gaúcho tem impulsionado o segmento de seminovos. Particularmente no caso da comercialização no Rio Grande do Sul, a cada carro zero quilômetro emplacado no Estado, foram vendidos cerca de dez usados.
A pouca disponibilidade de automóveis zero quilômetro nos mercados brasileiro e gaúcho tem impulsionado o segmento de seminovos. Particularmente no caso da comercialização no Rio Grande do Sul, a cada carro zero quilômetro emplacado no Estado, foram vendidos cerca de dez usados.
De acordo com dados da AgênciaAutoRS/Fenauto, no acumulado do ano, até agosto, foram negociados no mercado gaúcho 516.150 automóveis seminovos (sem contar os comerciais leves), contra 408.961 unidades no mesmo período em 2020, um aumento de 26,2%. Já quanto aos novos, segundo informações do Fenabrave/Sincodiv-RS, foram emplacados até agosto deste ano no Rio Grande do Sul 50.766 automóveis, contra 49.609 no mesmo período de 2020, uma alta de 2,33%.
O presidente do Fenabrave/Sincodiv-RS, Paulo Siqueira, esclarece que o setor vive uma crise de suprimentos, no cenário internacional, o que diminui a oferta de carros novos nas concessionárias e faz com que o consumidor busque alternativas (o usado). “A escassez de insumos, sobretudo dos componentes eletrônicos, os semicondutores, está impactando muito a produção de veículos”, diz Siqueira. A carência desses equipamentos, que nos veículos são responsáveis por comandos tecnológicos, entre outros motivos decorre de um incêndio em uma fábrica no Japão, que é uma das principais fornecedoras mundiais (a Renesas Electronics).
O dirigente acrescenta que não há uma previsão para normalizar a situação, que deve persistir até 2022. Ele argumenta que não é apenas o setor de veículos que demanda esses itens, outros segmentos informatizados também fazem uso da ferramenta, o que reduz mais a sua oferta. Mesmo nessa conjuntura, houve uma valorização dos preços do zero quilômetro, informa Siqueira, que chegou até 30%, em alguns casos.
Por sua vez, o presidente da AgênciaAutoRS/Fenauto, Rodrigo Dotto, confirma o aquecimento do mercado de seminovos no Rio Grande do Sul neste ano. A valorização dos novos pressionou os preços dos usados, sendo que alguns modelos, diz Dotto, chegaram a ter elevações de até 20%, desde o começo de 2021.
“O seminovo está muito procurado porque ele ainda é um negócio mais atraente que o novo”, aponta o dirigente. Porém, o presidente da AgênciaAuto-RS/Fenauto informa que em setembro se percebeu a estabilização do mercado. Já o gerente comercial de seminovos da Iesa, Rodrigo Haack, reforça que a instabilidade das montadoras, que por falta de matéria-prima pararam produções, alavancou o segmento de usados. “Porque nessa escolha o pessoal acaba tendo um carro com pronta-entrega”, ressalta.
Para Haack, outro apelo para o consumidor do seminovo é que o bem não sofre a depreciação inicial após a compra como acontece com o modelo zero, cujo impacto é em torno de 5% do custo total. Sobre valores, o gerente comercial de seminovos da Iesa comenta que trabalha com modelos usados que oscilam de R$ 30 mil a R$ 200 mil.

Mercado nacional cresce mais do que o gaúcho

Se o Rio Grande do Sul teve um incremento nas vendas de veículos novos até agosto, com a elevação do emplacamento na ordem de 2,33% no acumulado do ano, o resultado ficou muito aquém do desempenho do mercado brasileiro. No País, até agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2020, o número de emplacamentos de zero quilômetros foi de 1.047.528, contra 913.840, alta de 14,63%
O presidente do Fenabrave/Sincodiv-RS, Paulo Siqueira, afirma que o Estado, periodicamente, ano a ano, vem apresentando índices inferiores à média do crescimento nacional e de outras regiões. “Em 2019, nós perdemos o quinto lugar (no ranking de emplacamentos de veículos) para Santa Catarina, depois perdemos o sexto para Bahia e, neste ano, Goiás já está bem próximo”, aponta o dirigente.
Siqueira revela que a entidade está conversando com o governo do Estado, especialmente com a Secretaria da Fazenda, porque é necessário realizar um rearranjo na questão tributária no Rio Grande do Sul, que é um dos pontos que explica a diferença da evolução do mercado gaúcho para a de outros locais. Mesmo com um desempenho abaixo do nacional, o sócio-proprietário da Daltro & Belini, Álvaro Belini, salienta que há uma concorrência muito acirrada no Estado.
Ele destaca que a diminuição nas restrições de circulação de pessoas, devido ao abrandamento da pandemia, tem ajudado o setor. “Todos os negócios estão passando por uma reengenharia”, reforça. Belini argumenta que as empresas que possuem uma posição consolidada e uma clientela já formada, conseguirão superar os reflexos negativos da crise com o coronavírus.
Para 2022, o sócio-proprietário da Daltro & Belini manifesta otimismo. “Essa questão da pandemia, tomara que não estejamos errados, mas estamos começando a olhar para tudo isso pelo retrovisor”, enfatiza o empreendedor. O gerente de vendas de veículos novos da Simpala, Fabrício Martins Tavares, também comemora a remoção dos empecilhos para que os consumidores tenham acesso às lojas.
Quanto às vendas, Tavares detalha que, hoje, a maioria das negociações são feitas envolvendo o carro antigo do cliente na troca e o valor que o consumidor conseguir pelo seu bem é que determina a escolha do seu próximo automóvel. Ele também atesta que há no momento uma menor disponibilidade de veículos zero quilômetro. A falta de produto faz com que o prazo de entrega dos novos oscile entre 30 a 45 dias. O gerente de vendas de veículos novos da Simpala diz que há algumas unidades para pronta-entrega, mas não são muitas.