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Conjuntura

- Publicada em 22 de Setembro de 2021 às 19:21

Em nova alta, Copom eleva taxa Selic para 6,25% ao ano

Esse foi o quinto aumento consecutivo dos juros básicos da economia pelo comitê do Banco Central

Esse foi o quinto aumento consecutivo dos juros básicos da economia pelo comitê do Banco Central


MARCELLO CASAL JR/ebc/jc
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou novamente a taxa básica de juros - a Selic- em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano, nesta quarta-feira (22). Esse foi o quinto aumento consecutivo dos juros.
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou novamente a taxa básica de juros - a Selic- em 1 ponto percentual, a 6,25% ao ano, nesta quarta-feira (22). Esse foi o quinto aumento consecutivo dos juros.
Na reunião anterior, em agosto, a autoridade monetária havia subido os juros também em 1 ponto (a 5,25%), maior alta em 18 anos, e indicou que repetiria a dose na decisão seguinte.
Na ocasião, o BC acelerou o ritmo do ciclo de aperto monetário, que vinha sendo de 0,75 ponto nas reuniões anteriores.
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A decisão veio em linha com as expectativas do mercado. Segundo levantamento feito pela Bloomberg, a maior parte dos economistas esperava a alta de 1 ponto nesta quarta.
O objetivo do Copom é conter as expectativas para a inflação dos próximos anos.
Para este ano, há consenso no mercado e no BC de que a inflação deve estourar a meta fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 3,75% -com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.
De acordo com o relatório Focus do BC desta semana, em que são coletadas projeções do mercado, os economistas consultados revisaram mais uma vez para cima as expectativas para a inflação de 2021 para 8,35%, 3,1 pontos percentuais acima do teto da meta. No boletim anterior, as expectativas estavam em 8%.
Hoje, o Copom já mira o controle de preços de 2022 e 2023, no chamado horizonte relevante, para quando o comitê entende que a política monetária pode fazer efeito, com metas de 3,5% e 3,25%, respectivamente.
Para 2022, as projeções também aumentaram para 4,10%, ante 4,03% da pesquisa anterior. Já para 2023, as estimativas seguem estáveis em 3,25%.
A escalada de preços no país começou no fim do ano passado decorrente de uma série de choques, como mudança na demanda por alimentos na pandemia, problemas em safras com chuvas e geadas, elevação nos preços das commodities acompanhada de desvalorização do real, e agora a crise hídrica, que encareceu a conta de luz do brasileiro.
Em agosto, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), alcançou a maior taxa para o mês em 21 anos, com 0,87%, e chegou perto dos dois dígitos no acumulado de 12 meses, com 9,68%. A alta ficou acima das expectativas do mercado, de 0,71%.
O controle da inflação é a principal atribuição da autoridade monetária. Para isso, o BC define a meta da taxa básica de juros.
Quando a inflação está alta, o Copom sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços. Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia.
Em agosto do ano passado, a Selic alcançou o menor nível da história, de 2% ao ano, como resposta à crise gerada pela pandemia de Covid-19. A taxa permaneceu no patamar até março deste ano, quando o BC iniciou o ciclo de alta.
Em junho, a Selic voltou ao patamar em que estava até 18 de março de 2020 (4,25%), quando o Copom começou a cortá-la em reação aos efeitos da crise sanitária sobre a economia.

Juros podem chegar até 8,50% no final do ano, segundo economistas de bancos e gestoras

O grupo que reúne mais de 20 economistas de grandes bancos e gestoras do país projeta mais duas altas de 1 ponto percentual na taxa básica de juros neste ano, com a Selic encerrando 2021 em 8,25% ao ano. Em 2022, a taxa chegaria a 8,50% ao ano, maior patamar desde 2017.
As projeções são do Grupo Consultivo Macroeconômico da Anbima (associação das entidades do mercado financeiro) e foram feitas antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) desta quarta-feira (22).
O número já considera o aumento de 1 ponto percentual nesta data. São esperadas ainda mais duas altas da mesma magnitude nas duas últimas reuniões do Copom deste ano, em outubro e dezembro. Por fim, é projetado um aumento de 0,25 ponto no primeiro encontro de 2022, em fevereiro.
Os economistas também projetam inflação de 8,27% neste ano, recuando para 4% no próximo. O crescimento do PIB deve desacelerar de 5,2% para 1,5% nesse período -as projeções anteriores eram de 5,35% e 2%, respectivamente.
Segundo a entidade, alguns economistas defendiam uma aceleração do ritmo de aumento dos juros, "diante de um ambiente de grande incerteza em relação à questão fiscal, sobretudo na resolução dos pagamentos dos precatórios e na possibilidade de que eventuais despesas possam ocorrer fora do teto de gastos".
A sinalização do BC de que manteria o ritmo, no entanto, levou a um ajuste de parte dessas estimativas. Ainda assim, há quem projete uma Selic de 9% ainda neste ano -a projeção de inflação mais elevada também está em 9%.
Outra parte dos analistas acredita que o BC não precisa se comprometer com aumentos mais expressivos dos juros, citando alguns fatores que podem contribuir para uma alta menor dos preços, como menor ritmo de crescimento do PIB mundial, o que deve reduzir os preços das commodities no mercado internacional, com reflexos no mercado doméstico. É esperada também uma normalização das cadeias produtivas que provocam falta de alguns produtos e elevam seus preços.
"Além disso, foi lembrado que os efeitos defasados da atual política monetária devem ocorrer nos próximos meses em uma economia que ainda apresenta capacidade ociosa", diz a Anbima.
Em relação às projeções de câmbio, o dólar encerraria este ano em R$ 5,20 e o próximo em R$ 5,30. Segundo a entidade, isso reflete mais a incorporação de prêmios de risco relacionados às incertezas fiscais e ruídos domésticos do que as perspectivas do cenário econômico externo.
Já a piora nas estimativas de crescimento do PIB refletem uma combinação dos efeitos causados pelas incertezas fiscais e alta dos juros com a expectativa de queda no ritmo do crescimento global, sobretudo na China e nos EUA.
As projeções refletem as estimativas dos seguintes economistas: Adauto Lima (Western Asset), Alexandre Azara (UBS), Ana Paula Vescovi (Banco Santander), Caio Megale (XP Investimentos), Carlos Kawall (Asa Investments), Cassiana Fernandes (J.P. Morgan), Cláudio Ferraz (BTG Pactual), Daniel Leichsering (Verde Asset), Daniel Weeks (Garde Asset), David Beker (BofA), Diogo Abry Guillen (Itaú Asset), Fernando Honorato (Bradesco), Fernando Rocha (JGP), Guilherme Martins (Itaú), Gustavo Arruda (BNP Paribas), Joaquim Levy (Banco Safra), Leonardo Porto (Citibank), Luiz Fernando Figueiredo (Mauá Capital), Marcela Rocha (Claritas), Marcelo Toledo (BRAM), Marcelo Salomon (BWGI), Roberto Padovani (Banco Votorantim), Rodrigo Azevedo (Ibiuna), Ronaldo Távora (Banco do Brasil).

Para entidades empresariais, escalada da inflação justifica a decisão

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter o ciclo de aperto monetário, elevando a taxa Selic em um ponto percentual, para 6,25% ao ano, não surpreendeu dirigentes de entidades empresariais. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), a elevação se justifica, uma vez que nas últimas semanas ocorreu um novo aumento nas expectativas de inflação, influenciado pelo quadro hidrológico, pela continuidade dos gargalos nas cadeias de insumos industriais e pelo ambiente de incerteza fiscal.
“Vale destacar, ainda, que a inflação persistente, tanto para consumidores como para produtores, pode prejudicar a continuidade da retomada da economia em 2022. Dessa forma, o Banco Central age de maneira responsável no combate à pressão sobre os preços, especialmente para aliviar a elevação dos custos da indústria, evitando uma perda ainda maior em um momento tão desafiador para a nossa economia”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Petry.
Segundo Petry, é importante que as discussões em torno do Orçamento de 2022 assegurem o cumprimento de todas as regras fiscais, sem ressalvas, pois o risco fiscal pode desencadear uma alta maior do que a esperada nos juros.
Para Luiz Carlos Bohn, presidente da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), apesar de ser um fenômeno mundial, a inflação brasileira tem sido mais alta e apresentado características de maior persistência. "Os resultados de agosto foram surpreendentemente altos e os dados de setembro devem refletir o impulso vindo da instalação da bandeira de escassez hídrica. Além disso, as expectativas de inflação em alta também coadunam para que a decisão do Banco Central fosse a de continuar elevando a taxa de juros e, em breve, levar a Selic a um patamar mais alto do que o nível neutro", destaca o dirigente.
Entretanto, de acordo com Bohn, o problema é que uma taxa de juros muito restritiva pode representar um resfriamento muito forte da atividade econômica, com reflexos negativos sobre a dinâmica do emprego. "Sendo atualmente um objetivo secundário do Banco Central fomentar o pleno emprego, fica a dúvida sobre até que ponto o BC vai priorizar o alcance da meta sacrificando crescimento. E dúvida (incerteza) é o que há de pior para o sucesso do sistema de metas de inflação", afirma o presidente da Fecomércio-RS.