Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 10 de Setembro de 2021 às 21:35

Preços de automóveis devem seguir em alta mesmo com produção normalizada no País

Segundo varejistas do setor, o desequilíbrio entre oferta e demanda encarece também o segmento de semi-novos e usados

Segundo varejistas do setor, o desequilíbrio entre oferta e demanda encarece também o segmento de semi-novos e usados


Daltro e Belini Veículos - Divulgação/JC
Adriana Lampert
Custando mais caro que os veículos novos (em algumas situações), os preços dos carros usados devem seguir em alta no segundo semestre de 2021. A estimativa é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave/Sincodiv), Paulo Siqueira, entidade representativa dos varejistas do setor no País. "A sequência de aumento de preços deve continuar por algum tempo, por conta de que a oferta de mercadoria e de insumos para a produção dos carros se manterão reduzidas", enfatiza o dirigente. Segundo ele, a tabela dos produtos recém-saídos de fábrica também permanecerá em patamares elevados por mais alguns meses. 
Custando mais caro que os veículos novos (em algumas situações), os preços dos carros usados devem seguir em alta no segundo semestre de 2021. A estimativa é do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave/Sincodiv), Paulo Siqueira, entidade representativa dos varejistas do setor no País. "A sequência de aumento de preços deve continuar por algum tempo, por conta de que a oferta de mercadoria e de insumos para a produção dos carros se manterão reduzidas", enfatiza o dirigente. Segundo ele, a tabela dos produtos recém-saídos de fábrica também permanecerá em patamares elevados por mais alguns meses. 
Siqueira destaca que o prolongamento da escassez global de semicondutores pode se estender até o fim de 2022. Somado a isso, a pressão inflacionária de matérias-primas, como o aço, e fatores como o dólar têm contribuído para o encarecimento tanto de veículos novos quanto de usados. "Isso é interessante para o consumidor como reserva de valor", pondera o presidente da Fenabrave/Sincodiv. "A pessoa que comprar um carro hoje vai poder vender mais caro amanhã", ilustra.
Para se ter uma ideia de como está o mercado, atualmente os veículos de entrada (antigamente denominados "carros populares") estão sendo comercializados a partir de R$ 50 mil ou R$ 60 mil. "A única forma de quebrar esta trama seria inserir uma concorrência mais agressiva no País, e aí teria que abrir a economia para novas montadoras, porque somente com a produção das que temos (em solo nacional) está difícil", avalia o consultor de vendas de veículos, Caio Biacca. Ele destaca que, apesar do cenário controverso, o mercado está aquecido. "Muita gente quer comprar um carro, só que não tem produto disponível. Isso explica porque os valores estão beirando à insanidade."
"De março do ano passado para cá, alguns automóveis tiveram os valores elevados em torno de 30% a 50%", concorda o sócio-proprietário da revendedora Daltro e Belini Veículos, Belini Rosa, emendando que, ainda assim, as vendas estão boas. "Quem tem produto para entregar está vendendo, e muitas lojas só não estão com desempenho melhor porque estão com menos carros nos estoques. Há um desequilíbrio entre demanda em alta e oferta em baixa." Rosa destaca que o aumento dos preços dos veículos usados é puxado pelos preços dos carros zero quilômetro e pela falta de produtos novos no mercado. 
Segundo levantamento mensal feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), após as paralisações totais ou parciais de 11 montadoras brasileiras por conta da crise dos semicondutores, houve queda de 21,9% na produção de agosto frente ao mesmo mês de 2020, quando ainda não havia escasses de componentes eletrônicos. Este foi o pior resultado para o período desde 2003. Ainda assim, a indústria automotiva conseguiu produzir um volume 0,3% superior ao de julho, entregando 164 mil unidades ao mercado.
Por outro lado, as vendas de janeiro a agosto de 2021 aumentaram, quando comparadas com o acumulado destes oito meses em 2020, quando os fabricantes apertaram o freio da produção por conta da crise gerada pela pandemia, observa o presidente da Fenabrave/Sincodiv. Segundo dados da entidade, o crescimento do ano corrente frente ao acumulado de janeiro a agosto do ano passado foi de 27%.
"O Rio Grande do Sul, por sua vez, registrou um desempenho bem menor, mas também cresceu (cerca de 17%) no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2020", detalha Siqueira. "Se formos comparar somente os meses de agosto, o desempenho do Rio Grande do Sul (que inflou perto de 3%) foi melhor que o da média nacional, que registrou queda de 1,8% nas vendas de automóveis."
Neste cenário de alta demanda, os usados têm ganho destaque, por conta da falta de carros novos de determinadas marcas ou da demora com que os produtos zero quilômetro estão sendo entregues para o consumidor após a compra. "Em média, quem adquire um carro novo tem que esperar de 90 a 120 dias para pegar na concessionária", afirma o sócio-proprietário da Daltro e Belini. Ele considera que o retorno da produção da General Motors, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), é "um ótimo sinal para a normalização do mercado"
"Mas não é só uma montadora que vai resolver o problema", pondera Belini Rosa. Ele comenta que, assim como no final dos anos de 1980 e início da década de 1990, os consumidores estão preferindo comprar um veículo usado, e até aceitando pagar valores acima da tabela Fipe. "O mercado está refletindo uma realidade: desejo de consumo, falta de carro novo, aumento dos insumos e dos preços dos carros", resume. 
As fabricantes também estão atualizando suas tabelas mensalmente, afirma Rosa. E, após tantos meses rodando a um ritmo abaixo da demanda, os estoques nas fábricas e nas concessionárias estão sendo consumidos rapidamente, e sem condições de renovação nos pátios a curto prazo. A Anfavea informa que, na virada do mês de agosto, havia apenas 76,4 mil unidades disponíveis, estoque suficiente para menos de duas semanas de vendas - o que explica as filas de espera para vários produtos. É o pior nível em mais de duas décadas.
Também os veículos importados estão mais caros. "O automóvel está sendo tratado como um ativo financeiro, um commodity", compara Belini Rosa. "Os preços subiram não apenas por falta de volume dos produtos, mas também por causa do dólar e do euro, que encarecem os componentes importados", comenta o gerente Geral da Audi Top Car, Ricardo Genz. A empresa que trabalha com veículos da linha premium cresceu 10% nas comercializações do acumulado do ano. "Conseguimos fazer negócios importantes, que são as chamadas pré-vendas, onde o cliente compra, e nós garantimos o preço, enquanto os carros vão sendo produzidos e finalizados para serem entregues em torno de três a seis meses", resume Genz. "Isso tem acontecido por conta da pandemia", ressalta.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO