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Economia

- Publicada em 06 de Setembro de 2021 às 21:22

Quase metade dos bares e restaurantes gaúchos opera no prejuízo, segundo pesquisa

 Applebee's é uma das empresas que seguem trabalhando sem lucrar

Applebee's é uma das empresas que seguem trabalhando sem lucrar


Applebee's - Divulgação/JC
Adriana Lampert
A última pesquisa da Associação de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel-RS) revelou que quase metade (40%) das empresas do setor operaram no prejuízo em julho deste ano. Apesar do índice ser menor do que os 85% de quebra de receita em março, a presidente da entidade, Maria Fernanda Tartoni, alerta para o risco de "muitos estabelecimentos" fecharem as portas em definitivo, caso os resultados não melhorem.
A última pesquisa da Associação de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel-RS) revelou que quase metade (40%) das empresas do setor operaram no prejuízo em julho deste ano. Apesar do índice ser menor do que os 85% de quebra de receita em março, a presidente da entidade, Maria Fernanda Tartoni, alerta para o risco de "muitos estabelecimentos" fecharem as portas em definitivo, caso os resultados não melhorem.
"Infelizmente, mesmo com as últimas flexibilizações, estamos trabalhando abaixo da curva, porque ainda há certo receio das pessoas de voltar às ruas", admite a dirigente. "Além disso, apesar de não haver mais restrição de capacidade, ainda temos que manter distanciamento de dois metros entre as mesas, o que faz reduzir entre 40% a 50% da capacidade das empresas."
Segundo Maria Fernanda, o índice de julho é o menor patamar registrado desde o início de 2021, mas, apesar disso e do indício de retomada, "a situação ainda é muito preocupante". Na análise da dirigente, as últimas flexibilizações permitiram o início de uma retomada e a melhora de algumas empresas. "Porém, o setor já está muito endividado", explica, lembrando que grande parte dos empresários precisou fazer empréstimos para manter os negócios, durante os meses em que as portas precisaram permanecer fechadas.
O sócio-proprietário do Applebee's, Gustavo Rocha, explica que, por conta dos juros destes financiamentos, ainda não foi possível equilibrar a receita. "Pela primeira vez em 2021, nosso prejuízo não foi operacional, porque teve aumento de vendas, mas ainda assim houve prejuízo empresarial", comenta. Ele destaca que isso ainda é reflexo dos empréstimos feitos para pagar proprietários dos pontos (no Barra Shopping Sul e Park Shopping Canoas), fornecedores, folha de pagamento, e rescisões de mais de 40% do quadro de funcionários pré-pandemia. 
Assim como o Applebee's, 98% dos estabelecimentos gaúchos possuem algum tipo de empréstimo, sendo que 24% destes possuem ao menos uma parcela em atraso. E se por um lado, quatro em cada dez estabelecimentos do setor fecharam julho no prejuízo, outros 37% operaram com equilíbrio e 23% obtiveram lucro, segundo os dados da pesquisa da Abrasel. Ainda de acordo com o levantamento, 8% das empresas não conseguiram pagar integralmente a folha de funcionários em agosto, enquanto outros 48% têm realizado os pagamentos em atraso. 
Maria Fernanda observa que a questão do endividamento teve leve melhora, mas ainda preocupa. Por um lado, metade dos estabelecimentos estão com pagamentos em atraso, ainda que essa taxa seja menor que a dos meses de junho (55%) e fevereiro (85,7%). Por outro, 52% dos empresários devem o Simples Nacional. O índice é alto considerando que 9 em cada 10 bares e restaurantes estão cadastrados no regime. 
"A situação ainda não está tranquila. Precisamos do parcelamento de dívidas, sem juros ou com juros baixos, com o maior prazo possível", argumenta a presidente da Abrasel/RS. "Também é importante que ocorra fomento por parte do governo, que a vacinação acelere ainda mais e que as pessoas tomem os devidos cuidados", destaca a dirigente. Ela lamenta que "muita gente acha que não precisa mais usar máscara nem cumprir os protocolos. "Ainda têm pessoas se contaminando, o vírus está no ar", adverte, ponderando que os estabelecimentos do setor "são lugares seguros", e exigem o uso de máscara quando o cliente está circulando fora da mesa.
"Além de estarmos honrando os empréstimos que fizemos, outros custos estão demandando dos caixas das empresas: está tudo mais caro, desde a luz e o gás, até os insumos", observa a sócia-proprietária da lancheria de alimentação funcional, Dose Enlov, Carla Kohlrausch. "Os restaurantes não conseguem repassar este montante para os clientes, principalmente os que vivem mais de almoços, porque as pessoas mudaram de hábitos e estão cozinhando mais em casa, até por estarem trabalhando em home office."
Carla ressalta ainda que se por um lado aumentou muito o valor para manter os negócios, por outro "os salários seguem sem aumento e a inflação come parte da renda" da população. Ela afirma que os custos absorvem bastante da receita da empresa, mas também considera que já houve avanços. "Estamos retomando o faturamento, atualmente já significa entre 60% a 70% do que se tinha na pré-pandemia. Ano passado os números ficavam em 30% a 40%."
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