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Energia

- Publicada em 27 de Agosto de 2021 às 16:24

Cresce uso da energia solar no campo no Rio Grande do Sul

Entre outros projetos, recursos serão utilizados para geração de energia fotovoltaica no meio rural

Entre outros projetos, recursos serão utilizados para geração de energia fotovoltaica no meio rural


Aurora Comunicação Criativa/Divulgação/JC
Uma solução que é costumeiramente percebida nos telhados das residências dos centros urbanos cada vez mais se propaga no meio rural: a instalação de painéis fotovoltaicos para a obtenção de energia elétrica a partir do sol. A prática, conhecida como geração distribuída (na qual o consumidor produz sua própria energia), devido a vantagens, como a possibilidade da redução da conta de luz, tem sido intensificada por produtores ligados à atividade agrícola.
Uma solução que é costumeiramente percebida nos telhados das residências dos centros urbanos cada vez mais se propaga no meio rural: a instalação de painéis fotovoltaicos para a obtenção de energia elétrica a partir do sol. A prática, conhecida como geração distribuída (na qual o consumidor produz sua própria energia), devido a vantagens, como a possibilidade da redução da conta de luz, tem sido intensificada por produtores ligados à atividade agrícola.
Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), dos 785 MW de capacidade instalada em micro e minigeração distribuída no Rio Grande do Sul, 15,4% é proveniente do segmento rural, sendo superada pelas classes residencial e comercial, mas acima da industrial, que tem uma participação de 10,4%. Para o diretor da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Fábio Avancini Rodrigues, o aumento da utilização da energia solar no campo é uma tendência.
O dirigente argumenta que tanto pequenos como grandes produtores estão aproveitando a ferramenta, já que se ampliou o acesso ao financiamento para equipamentos dessa natureza. “E os painéis fotovoltaicos estão cada vez mais eficientes e apresentando um custo de implementação mais barato”, destaca. Rodrigues comenta que a energia produzida pode ser empregada para alimentar bombas d’ água, sistemas de irrigação, aquecimento, atender ao consumo da residência do produtor, entre outras demandas.
Já o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Eugênio Zanetti, confirma que está havendo um crescimento do uso da energia solar no campo. Ele enfatiza que a eletricidade hoje está diretamente ligada aos custos de produção. “Além disso, é uma energia limpa e renovável e hoje vivemos uma deficiência quanto à oferta de hidreletricidade”, ressalta Zanetti.
Conforme o dirigente, o pequeno produtor também está buscando essa solução, desde que tenha um nível de consumo de energia que faça o investimento valer a pena. O integrante da Fetag vê muitos produtores ligados à bovinocultura, avicultura e quem precisa fazer irrigação adotando a geração fotovoltaica.
O diretor-geral da Ecosul Energias (empresa que comercializa e instala sistemas fotovoltaicos), Alan Eduardo Spier, acrescenta que a energia elétrica fornecida pelas distribuidoras está ficando cada vez mais cara e os subsídios da luz para os consumidores rurais estão diminuindo. Spier salienta ainda que a geração fotovoltaica ajuda a melhorar a qualidade da energia no campo. Geralmente, na área rural há muita oscilação nas redes elétricas que abastecem às propriedades, pois não contam com uma estrutura tão robusta quanto as dos grandes centros urbanos, o que pode ocasionar a queima de equipamentos.
“Quando se tem um sistema fotovoltaico, ele estabiliza, porque a energia que é gerada dele sai totalmente estável”, frisa o diretor-geral da Ecosul Energias. De acordo com ele, o retorno do investimento feito em um empreendimento fotovoltaico no meio rural tem oscilado entre três a oito anos, dependendo do tamanho do projeto.
Geração distribuída solar fotovoltaica por classe de consumo no Rio Grande do Sul (por potência instalada):
Residencial: 39,7%
Comercial e Serviços: 33,9%
Rural: 15,4%
Indústria: 10,4%
Iluminação, poder e serviços públicos: 0,6%.
Fonte: Absolar

Possibilidade de substituir gasto da conta de luz por financiamento é um dos atrativos

Vinícola Guatambu faz uso da energia fotovoltaica desde 2016

Vinícola Guatambu faz uso da energia fotovoltaica desde 2016


GUATAMBU/DIVULGAÇÃO/JC
Muitos dos consumidores que optaram por instalar sistemas solares fotovoltaicos são estimulados pelos cálculos de quanto desembolsam com a tarifa de energia e quanto custaria um financiamento para comprar os equipamentos que possibilitariam gerar sua própria eletricidade. Esse foi o caso de Luiz Ricardo Schmitt, proprietário de dois aviários em Nova Petrópolis.
“Estou pagando uma prestação de R$ 823,00 por mês, menos do que eu pagava de luz”, compara o produtor. A expectativa de Schmitt é quitar o financiamento em cerca de cinco anos, sendo que o equipamento tem uma vida útil projetada para 25 anos. O produtor recorda que arcava mensalmente com uma conta de energia entre R$ 1,2 mil a R$ 1,5 mil e agora caiu para cerca de R$ 100,00, incluindo o consumo da residência.
Não é possível chegar à isenção total de cobrança, porque quem pratica a micro e minigeração distribuída ainda precisa pagar o chamado “fio” para a concessionária de energia, ou seja, a disponibilidade da rede elétrica. Além disso, é feita uma troca de créditos com a distribuidora. Quando o gerador de energia está produzindo mais do que consome, ele “joga” esse excedente na rede e obtém créditos que vão ser compensados com a energia fornecida pela concessionária quando os sistemas fotovoltaicos não estiverem operando (em dias chuvosos ou à noite).
Nos seus aviários, que abrigam entre 40 mil e 43 mil frangos, Schmitt instalou no telhado das estruturas 44 placas fotovoltaicas há cerca de um ano. Se o produtor em Nova Petrópolis está praticamente iniciando sua experiência nessa área, a vinícola Guatambu, em Dom Pedrito, apostou nessa atividade ainda em 2016 e vem ampliando a sua capacidade de geração de energia. O diretor-proprietário da Guatambu, Valter José Pötter, lembra que começou instalando 600 placas solares, depois acrescentou mais 208 equipamentos e, posteriormente, mais 660 unidades. No total, o investimento nominal feito pela vinícola nessa ação foi de R$ 2,64 milhões.
Pötter comenta que o fator econômico é o principal motivador para investir na geração fotovoltaica. “Porque se não se paga não adianta fazer”, argumenta o diretor da vinícola. No entanto, ele ressalta também os benefícios da questão ambiental com a iniciativa, assim como a baixa manutenção do equipamento. Em Nova Bréscia, a granja da Família Betti também resolveu adotar o sistema fotovoltaico. O produtor integrado à BRF Juliano Betti recorda que a ideia do aproveitamento da geração solar surgiu há cerca de três anos justamente por causa da elevada conta de luz, que alcançava cerca de R$ 15 mil ao mês.
Na época, foram investidos em torno de R$ 800 mil para realizar a própria geração de energia, com financiamento em dez anos. São sete aviários da família que contam com energia solar, assim como as quatro residências da propriedade. Betti adianta que serão implementados três novos galpões que também deverão contar com painéis fotovoltaicos.

Demanda por sistemas fotovoltaicos deve se intensificar nos próximos meses

Mesmo com mudanças de regras, setor deverá se manter competitivo

Mesmo com mudanças de regras, setor deverá se manter competitivo


BRF/DIVULGAÇÃO/JC
O marco legal da geração distribuída foi recentemente aprovado na Câmara dos Deputados e agora será analisado pelo Senado e depois submetido à sanção do presidente da República, Jair Bolsonaro. Pelo texto, o uso da rede elétrica por quem produz sua própria energia será mais onerado, porém haverá um prazo de carência de 12 meses, a partir da publicação da lei, para que os consumidores que pedirem acesso à concessionária para operarem com a geração distribuída ainda sejam incluídos nas regras atuais. Esse cenário deve acelerar a procura, em curto prazo, por sistemas fotovoltaicos.
“Deve ter uma demanda maior para aproveitar os direitos adquiridos (que serão válidos até 2045)”, aponta a coordenadora estadual da Absolar, Mara Schwengber. Com a mudança das regras, a dirigente comenta que fica mais difícil precisar um prazo médio de retorno dos investimentos feitos em geração distribuída, pois outros fatores, como consumo e demanda, irão interferir no cálculo. “A tendência é de aumentar um pouco (o chamado payback), mas não vai inviabilizar o setor”, comenta Mara.
A integrante da Absolar argumenta que a perspectiva de elevações nas tarifas de energia das concessionárias continuará despertando o interesse de consumidores em produzir sua própria eletricidade. “A geração solar veio para ficar, isso é fato”, conclui.