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Energia

- Publicada em 16 de Agosto de 2021 às 17:54

Fonte eólica superará geração fóssil no País até 2030

Estado pode se destacar no mercado por contar com a possibilidade de geração de energia eólica e solar

Estado pode se destacar no mercado por contar com a possibilidade de geração de energia eólica e solar


PATRIK STOLLARZ/AFP/JC
O atendimento de compromissos assumidos por diversas nações para reduzirem as emissões de gases que provocam o efeito estufa passa pela mudança na matriz energética desses países. No caso do Brasil, um passo nesse sentido é a perspectiva de que até 2030 a geração elétrica a partir da fonte eólica supere em capacidade instalada as termelétricas alimentadas com combustíveis fósseis (como carvão e gás natural). Outra produção renovável que deverá se equiparar a essas térmicas é a solar.
O atendimento de compromissos assumidos por diversas nações para reduzirem as emissões de gases que provocam o efeito estufa passa pela mudança na matriz energética desses países. No caso do Brasil, um passo nesse sentido é a perspectiva de que até 2030 a geração elétrica a partir da fonte eólica supere em capacidade instalada as termelétricas alimentadas com combustíveis fósseis (como carvão e gás natural). Outra produção renovável que deverá se equiparar a essas térmicas é a solar.
Conforme dados do Ministério de Minas e Energia, atualmente, dos 186 mil MW de capacidade instalada de energia elétrica no Brasil, 61% é proveniente de fonte hidráulica, 15% de térmicas fósseis, 10% de usinas eólicas, 9% de bioenergia, 4% de solar e 1% de nuclear. Para 2030, a expectativa é atingir uma capacidade instalada de 236 mil MW, sendo 49% de produção hidráulica, 14% de eólica, 13% de solar, 13% de fósseis, 10% de bioenergia e 1% de nuclear. As informações, apresentadas nesta segunda-feira (16) durante o Seminário Energias Renováveis e Desenvolvimento, promovido pelo BRDE, demonstram que nos próximos anos haverá uma redução da participação hidrelétrica na matriz elétrica brasileira, que será compensada pelo crescimento das fontes eólicas e solar.
Essa condição deve-se ao fato que muitos dos aproveitamentos hidrelétricos disponíveis no País já estão sendo explorados, contudo chama a atenção a limitação do uso das fontes fósseis. Hoje, a matriz elétrica nacional é 85% renovável e deve chegar a um percentual de 86% em 2030 (a título de comparação, em 2018, a matriz elétrica do planeta era apenas 23% renovável).
A secretária-executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, reforça que o Brasil tem uma necessidade crescente de energia, porém, paralelamente, em abril desse ano, durante a Cúpula Mundial de Líderes pelo Clima, antecipou de 2060 para 2050 a sua meta de neutralidade climática. “É um tema que está nas nossas agendas”, frisa Marisete.
Ela ressalta ainda que o desenvolvimento das fontes eólica e solar está em linha com esse objetivo. No âmbito da energia solar, que vem crescendo muito no País com a geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia), a integrante do ministério de Minas e Energia informa que em agosto deste ano mais de 700 mil consumidores adotavam a prática da chamada GD, propiciando uma capacidade instalada de 6,6 mil MW. A geração distribuída deve atingir nos próximos nove anos algo entre 16,8 MW mil e 24,5 MW mil de capacidade instalada.
Marisete acrescenta que em breve outras formas de produção de energia sustentável, como a partir de resíduos sólidos urbanos, eólica offshore (no mar) e hidrogênio, deverão entrar com mais força no Brasil. Já o diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos do Ministério de Minas e Energia, André Luiz Rodrigues Osório, acrescenta que não tem como fugir da questão da transição energética. Esse assunto, segundo ele, vai afetar cada vez mais as questões comerciais, de investimentos e pesquisas. O dirigente comenta que cabe a cada nação aproveitar suas vantagens competitivas. “Mas, não dá para fugir desse mundo de baixo carbono”, adverte.
Osório comenta que, entre os anos de 2019 e 2020, aumentou em 61,1% a geração fotovoltaica no País e reduziu em 22,1% a produção elétrica a partir do carvão. Ele informa ainda que até 2030 os investimentos em geração e transmissão de energia elétrica no Brasil deverão alcançar cerca de R$ 365 bilhões. Se forem levados em conta os investimentos em energia de forma geral, não apenas para a produção elétrica, mas também como combustível na área de transporte, por exemplo, analisando também a estimativa de aportes na exploração e produção de petróleo, gás natural, derivados de petróleo e biocombustíveis, a cifra passa dos R$ 2,6 trilhões.

Projetos gaúchos somam cerca de R$ 80 bilhões em investimentos

Somente em empreendimentos de geração de energia que já manifestaram a intenção de serem feitos no Rio Grande do Sul e que se encontram em alguma fase de desenvolvimento, o Estado pode atrair R$ 80 bilhões em investimentos. O diretor do Departamento de Energia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Eberson Silveira, detalha que são complexos que somam uma capacidade de 16 mil MW (mais de quatro vezes a demanda elétrica média gaúcha), sendo a maioria constituída de fonte renovável, já que 12 mil MW são de energia eólica. O restante do potencial é formado por pequenas centrais hidrelétricas, térmicas e pelas hidrelétricas Garabi e Panambi.
Silveira enfatiza que, assim como o País, o Rio Grande do Sul tem uma vasta oportunidade a ser aproveitada com as energias sustentáveis. Outra vantagem do Estado, lembra ele, é o fato de já ter realizado o mapeamento dos potenciais eólico, solar e de biomassa. Futuramente, deverá ser feito o levantamento dos recursos hidroenergéticos. “Vamos estar em uma posição ímpar no Brasil com todos esses mapeamentos”, comemora.
Ele informa ainda que, quanto à atual potência instalada, o Rio Grande do Sul apresenta sua matriz elétrica como 81% renovável, sendo composta por 49% de hidrelétricas, 20% de eólicas, 19% de térmicas com combustível fóssil, 8% de fotovoltaicas e 4% de biomassas. Por sua vez, o secretário-adjunto de Meio Ambiente e Infraestrutura, Guilherme de Souza, comenta que o Estado também está focado na questão da transição energética.
“Não pode ser uma ruptura, é preciso uma política de longo prazo”, defende Souza. Ele destaca ainda que a participação da iniciativa privada nesse cenário será fundamental. Souza e Silveira também participaram nesta segunda-feira do Seminário Energias Renováveis e Desenvolvimento, que será realizado pelo BRDE até esta quarta-feira (18). Outros dois integrantes do evento foram o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná, Márcio Nunes, e o secretário executivo do meio ambiente de Santa Catarina, Leonardo Bracony.