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EMPREENDEDORISMO

- Publicada em 09 de Agosto de 2021 às 16:14

Pandemia exigiu adequação da economia criativa aos meios digitais

Profissionais da indústria criativa  tiveram de se reinventar para driblar as limitações da crise sanitária

Profissionais da indústria criativa tiveram de se reinventar para driblar as limitações da crise sanitária


DANIEL HERRERA/DIVULGAÇÃO/JC
Representando 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, o setor da economia criativa gera no Estado mais de 130 mil empregos formais e movimenta quase 30 mil microempreendedores que desenvolvem atividades ligadas diretamente à cultura e à criatividade. São músicos, artesãos, artistas, publicitários, estilistas e tantos outros profissionais que tiveram suas produções fortemente impactadas pela pandemia e suas restrições. Ao longo desses quase 18 meses de crise sanitária e econômica, o novo contexto exigiu desse grupo forte adequação aos meios digitais, gerando uma verdadeira "plataformização" da indústria criativa.
Representando 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, o setor da economia criativa gera no Estado mais de 130 mil empregos formais e movimenta quase 30 mil microempreendedores que desenvolvem atividades ligadas diretamente à cultura e à criatividade. São músicos, artesãos, artistas, publicitários, estilistas e tantos outros profissionais que tiveram suas produções fortemente impactadas pela pandemia e suas restrições. Ao longo desses quase 18 meses de crise sanitária e econômica, o novo contexto exigiu desse grupo forte adequação aos meios digitais, gerando uma verdadeira "plataformização" da indústria criativa.
O tema, junto a uma ampla análise do cenário de incertezas provocado pela pandemia da Covid-19 nas áreas culturais, integra pontos da pesquisa Covid-19 e os Impactos na Indústria Criativa do Rio Grande do Sul, desenvolvida por professores e acadêmicos do Mestrado em Indústria Criativa da Universidade Feevale, com apoio do governo do Estado. O estudo foi dividido em dois eixos, considerando as áreas de atuação dos agentes da indústria criativa gaúcha e o mapeamento do consumo de conteúdos nas plataformas digitais.
A primeira etapa do levantamento abordou a produção e os processos criativos de cada área analisada (moda, música, tecnologia da informação, patrimônio e artes, artesanato e publicidade e propaganda) e mapeou as transformações pandêmicas. O segundo eixo tratou do consumo em plataformas digitais, tecendo uma reflexão sobre a nova realidade dos segmentos da economia criativa (audiovisual, música, conteúdo e consumo de lives e jogos digitais) e suas perspectivas.
O estudo chama a atenção ainda para o impacto da pandemia também sobre os setores intermediários da cadeia produtiva da indústria criativa, como prestadores de serviço, fornecedores, comerciantes, etc.
De acordo com uma das coordenadoras do estudo, a professora do programa de pós-graduação em Indústria Criativa da Feevale, Vanessa Valiati, o trabalho nasceu da necessidade de compreender o cenário local da economia criativa e as formas com que se adaptou às necessidades pandêmicas. "O que a gente nota é que, no caso das artes visuais e da música, por exemplo, houve uma migração para as plataformas e streamings, que se tornaram as únicas formas de lazer e entretenimento na pandemia, e vieram pra ficar", comenta.
No entanto, segundo ela, no caso da indústria criativa mais focada nas artes manuais há ainda uma necessidade maior de adequação e incentivo para potencializar a inserção nas mídias sociais, por exemplo. "Esses artistas têm ainda de encontrar seu espaço no digital, seja criando uma conta no Instagram para mostrar seus produtos enquanto não há feiras de rua ou até abrindo um canal de vendas pelo WhatsApp. É uma transição que precisa ser feita", enfatiza, destacando a importância de políticas públicas e ações voltadas a esse fim.
Carolina Biberg, coordenadora do programa RS Criativo, executado pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) desde 2019, destaca que um dos eixos da iniciativa é justamente a capacitação dos agentes da economia criativa. Segundo ela, desde a implantação do projeto, foram mais de 6 mil pessoas que passaram pelas atividades, cursos, oficinas e workshops promovidos, com o intuito de ajudar esses profissionais a empreender ou se aprimorar em suas áreas. 
"A gente nota que os empreendedores criativos do setor de serviços são os que mais facilmente conseguem fazer essa transição para o digital. Por isso, temos feito dentro do RS Criativo um trabalho de incentivo nesse sentido, para que os demais exponham suas produções, usem as redes sociais para isso", comenta.
De acordo com ela, durante a pandemia houve uma procura maior dos profissionais da economia criativa por capacitação, assim como uma ampliação da oferta de cursos e mentorias online, desenvolvidas em parcerias com a iniciativa privada e instituições de ensino.
Outra demanda fundamental que vem sendo trabalhada pelo governo do Estado com esse grupo diz respeito à formalização desses profissionais, que atuam, na grande maioria, na informalidade. Além disso, com apoio do Departamento de Economia e Estatística do Estado(DEE), foram realizadas pesquisas sobre a situação da economia criativa gaúcha, entre eles o estudo da Feevale.
Os próximos passos do programa, além da consolidação de aportes governamentais para o desenvolvimento de ações, incluem o lançamento de uma plataforma da economia criativa do RS, que reunirá informações sobre o setor e conectará os empreendedores criativos. "Nossa meta, até o fim de 2022, é conseguir chegar a 20 mil empreendedores atendidos pelo RS Criativo", complementa Carolina.

Foco em site e redes sociais potencializou alcance da produção de artista gaúcha

Com forte aposta no digital, artista gaúcha Mitti Mendonça vem obtendo parcerias e oportunidades

Com forte aposta no digital, artista gaúcha Mitti Mendonça vem obtendo parcerias e oportunidades


Daniel Herrera/Divulgação/JC
Para a artista têxtil, designer gráfica e ilustradora Mitti Mendonça, de São Leopoldo (RS), o impedimento de participar de feiras, exposições e interagir no meio artístico durante a pandemia fomentou a ideia de buscar formas de ampliar o alcance de seu trabalho. Criadora do selo Mão Negra, voltado a divulgar suas produções artísticas - alinhadas à temática negra e da ancestralidade-, ela colocou a mão da massa e lançou, em junho do ano passado, um site para expor os trabalhos em bordado, crochê, tapeçaria, colagem e arte digital.
Esse processo também foi potencializado por meio de um perfil no Instagram (@mao.negra), que conta atualmente com mais de 8,4 mil seguidores.
Graças a essa presença digital, a artista, oriunda de uma família de bordadeiras da indústria do Carnaval, foi convidada a integrar projetos nas áreas editorial, de publicidade, e de projetos culturais, desenvolvendo trabalhos para marcas como Hershey`s, Leite de Magnésia de Phillips, Instituto Tomie Ohtake, Editora Intrínseca  e Telecine.
Além de lhe garantir uma representação junto a uma agência de ilustração europeia, essa visibilidade alcançada fez com que a artista conseguisse atingir a meta de R$ 50 mil em renda, fruto de sua própria produção.
Mitti comenta que, de início, a intenção do perfil no Instagram era divulgar suas oficinas de bordado e mostrar um pouco das técnicas utilizadas nas produções têxteis e digitais. Com o desenrolar da pandemia, no entanto, acabou sendo um recurso para focar ainda mais na exposição de peças e venda ligada ao site.
"Eu sempre quis ter uma loja virtual e expor minha produção, e, com os desafios de continuar o trabalho durante a pandemia, tive tempo de focar na criação e em estratégias digitais para a venda online de bordados, encomendas personalizadas, aulas de bordado online e trabalhos de design gráfico e ilustração. Com o site e as redes sociais tenho conseguido ampliar o alcance do meu trabalho e obtido parcerias e oportunidades que até então não imaginava possíveis", comenta.