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Mercado Imobiliário

- Publicada em 05 de Agosto de 2021 às 19:49

Prédios buscam redução de custos de condomínio

Desafio é diminuir custos para moradores sem grandes cortes nos serviços oferecidos

Desafio é diminuir custos para moradores sem grandes cortes nos serviços oferecidos


MARIANA ALVES/JC
Encontrar um novo apartamento pode ser um desafio. Ainda mais quando há uma grande variedade de empreendimentos que oferecem uma infraestrutura com diversos serviços como piscina, brinquedoteca, lavanderia, academia e salão de festas, que acabam encarecendo os custos de condomínio.
Encontrar um novo apartamento pode ser um desafio. Ainda mais quando há uma grande variedade de empreendimentos que oferecem uma infraestrutura com diversos serviços como piscina, brinquedoteca, lavanderia, academia e salão de festas, que acabam encarecendo os custos de condomínio.
Diante das altas taxas cobradas mês a mês, muitos compradores desistem de negócios que antes pareciam atraentes dentro do seu orçamento. Cientes dessa realidade, construtoras e administradoras já se movimentam para encontrar alternativas de reduzir estes valores sem, necessariamente, reduzir os serviços oferecidos.
Segundo a diretora de condomínios da Guarida Imóveis, Cristiane Olsson, hoje, um dos maiores custos dos condomínios está ligado à folha de pagamento, em que estão incluídas as contratações (terceirizadas ou não) de pessoal para trabalhar na portaria, na limpeza ou na manutenção, por exemplo. Em um prédio de grande porte, estas despesas acabam pesando no bolso dos moradores, já que a sua infraestrutura demanda fortemente por estes serviços, em especial os dois últimos.
“Quando falamos de um condomínio muito grande, há paisagismo e jardinagem, há manutenção de piscina, de equipamentos, de portões eletrônicos, de câmeras. Este é um bloco que realmente acaba pesando bastante”, comenta. De acordo com ela, uma das soluções que têm sido adotadas é a troca das manutenções mensais por manutenções eventuais, de forma que um profissional é chamado para fazer uma revisão sistemática, dispensando, assim, o pagamento das mensalidades.
Outra solução, relacionada ao paisagismo, que envolve a manutenção dos espaços condominiais, é fazer a compra dos insumos e pagar alguns funcionários permanentes para fazerem a manutenção das áreas, em vez de contratarem uma empresa terceirizada. “São soluções na parte de manutenção que também ajudam a reduzir esse custo”, diz.
Quanto às portarias, não é novidade que a grande alternativa para reduzir os custos é a adoção de um sistema automatizado: a chamada portaria virtual. Com ela, o condomínio substitui o custo da folha de pagamento por uma solução compartilhada, visto que na portaria remota há uma central que atende diversos condomínios.
No condomínio Pulse, recém inaugurado na Rua Auxiliadora, esta foi a alternativa adotada. Percebendo o interesse dos compradores por taxas condominiais menores e avaliando o alto custo da portaria presencial, os responsáveis pelo projeto prontamente optaram pela mudança.
Segundo Wessley Crestani, Diretor Comercial e MKT na Chwartzmann Construções e Incorporações LTDA, responsável pelo empreendimento, o custo de uma portaria 24h padrão é entre R$ 22 mil a R$ 26 mil por mês. Dividindo o valor entre os 59 apartamentos do prédio, a mensalidade ficaria em torno de R$ 450,00 somente com a portaria. “É muito alto”, salienta. Com a portaria virtual, o grupo reduziu o valor para cerca de R$ 70,00.

Mudanças dependem do perfil dos moradores

A adoção da portaria virtual, no entanto, não depende somente de custos, mas também do perfil dos moradores. Para a diretora de condomínios da Guarida Imóveis, Cristiane Olsson, o novo sistema está se popularizando, mas o seu crescimento está relacionado à adaptação dos condôminos a ele.
 
“Condomínios em que há pessoas com mais idade, por exemplo, que podem ter uma relação de maior interdependência com a portaria, podem não se adaptar”, exemplifica. Sem um porteiro, a alternativa de uma pessoa idosa é descer para pegar uma eventual entrega na porta, visto que nem sempre é possível que o entregador suba até o apartamento.
 
Quem concorda com ela é a vice-presidente de condomínios do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi/RS), Simone Camargo. Segundo ela, é preciso ter muita cautela na contratação e na análise de determinados contratos e serviços.
 
“Há redução de custos com a portaria virtual? Considerável, porque nós estamos falando de uma portaria presencial em que há pelo menos três pessoas com um custo não só do salário, mas de todos os encargos trabalhistas, e de uma portaria que não precisa disso. Uma pessoa cuida de 30 ou 60 condomínios, dependendo da empresa”, afirma. “A questão é: é isto o que os moradores querem?”, questiona.
 
Para Simone, as portarias virtuais reduzem o valor, mas elas podem ter problemas. Isso porque, muitas vezes, a falta de agilidade delas na abertura e no fechamento das portas pode fazer com que algumas pessoas não se adaptem. Além disso, a vice-presidente acredita que o sistema gera uma redução de conforto para os moradores, já que, diferentemente de uma portaria convencional, a portaria remota não oferece a possibilidade de receber encomendas para os condôminos.
 
Este, inclusive, foi um grande problema durante o desenvolvimento do condomínio Pulse. Segundo Wessley Crestani, Diretor Comercial e MKT na Chwartzmann Construções e Incorporações LTDA, responsável pelo empreendimento, a saída foi colocar o zelador, que mora no prédio, para receber as encomendas e guardá-las para os condôminos.

Projetos priorizam serviços mais úteis para os moradores

No Pulse, construtora Chwartzmann deixou de instalar piscina e focou em itens mais utilizados

No Pulse, construtora Chwartzmann deixou de instalar piscina e focou em itens mais utilizados


MARIANA ALVES/JC
Além das adaptações feitas no sistema de portaria, os responsáveis pelo condomínio Pulse tiveram que fazer outras mudanças no projeto quando perceberam que os compradores estavam preocupados com os custos de condomínio. Uma das grandes alterações foi a retirada da piscina térmica, prevista para ser instalada no terraço.
Wessley Crestani, Diretor Comercial e MKT na Chwartzmann Construções e Incorporações LTDA, responsável pelo empreendimento, conta que o grupo, a fim de reduzir os excessos, buscou entender o que era essencial para o público em um condomínio. Foi através de uma pesquisa que eles descobriram que as pessoas se interessavam por um número menor de serviços, mas que seriam realmente utilizados por elas, como é o caso de um salão de festas para receber os amigos, um espaço fitness básico para atividades físicas ou um playground para as crianças, por exemplo.
“Dentro da maioria dos condomínios, o serviço menos glamuroso é o playground”, diz Crestani. “Mas, numa terça-feira às 18h, ele está lotado. E é a parte que as construtoras menos davam atenção, porque ele não dá um glamour, só que as pessoas usam muito com as crianças”, complementa.
Diante dessa constatação, o projeto teve que ser remodelado, deixando somente o essencial para os moradores, como uma lavanderia compartilhada. O serviço de camareira, que também estava previsto, foi retirado, subtraindo R$ 180 mensais dos custos. E, segundo o diretor, a piscina teria um valor de R$ 70 por mês para cada morador.

Empreendimento aposta em tecnologias para reduzir custos

Projeto da Righi, no Menino Deus, investe em placas solares para diminuir gasto com energia

Projeto da Righi, no Menino Deus, investe em placas solares para diminuir gasto com energia


Righi Arquitetura + Construção/Divulgação/JC
Localizado na Rua Gonçalves Dias, no Bairro Menino Deus, um prédio da Righi Arquitetura + Construção aposta em outro formato de portaria. Com previsão de lançamento para o último trimestre deste ano, o condomínio vai utilizar um sistema autônomo que funciona através da internet. Por meio de um aplicativo, o morador estará conectado com todas as entradas do condomínio, podendo abrir, pelo celular, a porta da frente do prédio, os portões da garagem e a porta do seu próprio apartamento.
“Ele consegue coordenar toda a segurança do prédio através das câmeras que terão nos acessos”, comenta Claudio Righi, diretor da empresa. Assim, o morador poderá operar tudo pelo aplicativo, tendo, até mesmo, a opção de utilizar o sistema como um interfone tradicional, que apenas recebe as chamadas e libera a porta do prédio. Para isso, ele só precisará configurar no app, que custará aproximadamente R$ 30,00 por apartamento.
Outra alternativa que tem crescido cada vez mais no mercado é a utilização de soluções fotovoltaicas para a redução dos custos de luz, e o prédio da Righi Arquitetura + Construção é um exemplo disso. No condomínio, que contará com 30 apartamentos, será instalada uma mini usina fotovoltaica para alimentar a parte condominial.
Na prática, ela vai gerar uma energia que, durante o dia, alimentará a rede pública. Este acúmulo irá gerar créditos para o condomínio, que usará a energia à noite. “Colocamos essa usina na cobertura para cobrir boa parte do custo de iluminação e de elevador do empreendimento. É impossível zerar a conta, porque tem taxas que vão incidir, mas é uma economia bem substancial”, diz Righi. De acordo com ele, isso reduzirá em torno de 80% o valor da conta de luz do condomínio.