Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 04 de Agosto de 2021 às 16:25

Brasil erra nos gastos públicos durante a pandemia e gera pressão inflacionária

Inflação preocupa Zeina Latif

Inflação preocupa Zeina Latif


JEFFERSON KLEIN/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Um enorme número de mortes em decorrência da pandemia de coronavírus, apesar de robustos aportes feitos para mitigar os impactos da doença se comparado com outros países emergentes, é uma evidência que o Brasil se equivocou na estratégia político-econômica adotada durante a crise da Covid-19, aponta a consultora econômica Zeina Latif. Esse cenário, segundo ela, abriu espaço para o crescimento da inflação no País.
Um enorme número de mortes em decorrência da pandemia de coronavírus, apesar de robustos aportes feitos para mitigar os impactos da doença se comparado com outros países emergentes, é uma evidência que o Brasil se equivocou na estratégia político-econômica adotada durante a crise da Covid-19, aponta a consultora econômica Zeina Latif. Esse cenário, segundo ela, abriu espaço para o crescimento da inflação no País.
“A gente gastou bastante e ao mesmo tempo não colheu os frutos”, critica a ex-economista-chefe da XP Investimentos, que foi a palestrante do evento BRDE Cenários, realizado de forma online nesta quarta-feira (4). Para Zeina, ficou claro que houve falhas do governo federal em coordenar ações mais efetivas quanto ao direcionamento e uso dos recursos públicos durante a pandemia. O auxílio emergencial, cita como exemplo, gera um bem-estar na economia de efeito rápido, porém de fôlego curto, que não sustenta o crescimento de longo prazo. “E fica a fatura para pagar a conta mais adiante”, ressalta.
A consultora defende que é essencial ter cuidado com a disciplina fiscal. Ela adverte que o Brasil registra uma pressão inflacionária (expectativa na casa de 7% para este ano, sendo que a meta, estipulada pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,75%) que destoa do mundo e o Banco Central está sendo forçado a subir juros para contê-la. Zeina acrescenta que não se pode descartar a hipótese que a taxa Selic chegue aos dois dígitos (acima 10%), apesar de que atualmente esse não seja o panorama mais provável. “O quadro inflacionário mostra que erramos a dosagem da política econômica”, enfatiza. A economista comenta que a situação começou a ser percebida a partir de meados do ano passado. Ela alerta que uma inflação mais alta tende a ser “teimosa”, ou seja, mais duradoura, pois estimula setores formadores de preços a repassar custos.
Ainda quanto à pandemia, a consultora destaca que muitas empresas de maior porte, devido ao coronavírus, acabaram antecipando seus planos de modernização e digitalização de processos. No entanto, algumas companhias não possuem recursos para tomar essa medida e poderão não sobreviver mesmo no período pós-vacinação. A economista admite que não será possível salvar todas essas empresas e o importante é focar os auxílios públicos para os grupos que “valem a pena”, como os que não terão uma empresa substituta para cumprir o seu papel e precisam captar os recursos dessa maneira (sem a possibilidade de consegui-los no mercado).
Zeina também diz que é preciso apoiar a qualificação da mão de obra, já que a pandemia fez aumentar o nível de desemprego no País. Outro gargalo a ser solucionado é na área de infraestrutura. A consultora salienta a questão da energia e afirma que não é apenas a crise hídrica no Brasil que gera essa atual insegurança quanto ao abastecimento elétrico. De acordo com ela, é preciso aumentar os investimentos nesse segmento e para isso são necessárias regras claras e com previsibilidade, sem mudanças feitas de forma frequente.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO