Os mais de dez mil credores da Educação Metodista têm prazo até o dia 04 de agosto para verificarem valores e apresentarem eventuais divergências em relação à lista de pagamentos que devem ser feitos pelo grupo. Em processo de
recuperação judicial desde maio, a mantenedora de 17 instituições de ensino no País afirma que a dívida é de quase R$ 500 milhões.
Segundo o sócio da Medeiros & Medeiros Administração Judicial, João de Medeiros Fernandes Jr, o total devido seria de R$ 491 milhões. Destes que R$ 131 milhões são para bancos, R$ 304 milhões são para 9.709 colaboradores de todo o Brasil envolvidos em reclamatórias e ações trabalhistas, R$ 52 milhões são para 891 fornecedores e outros R$ 2 milhões são para prestadores de serviços, a maioria microempresários; entre outros. "Agora nosso papel é fazer a verificação destes valores para chegar à lista de credores reais", comenta o responsável pelo escritório de administração judicial, nomeado para acompanhar o processo.
"Esta talvez seja uma das recuperações judiciais com maior número de credores no Estado", avalia Medeiros. Por isso, também é um grande desafio para o escritório, que tem 45 dias para averiguar e checar dados e então publicar o edital com a relação final dos merecedores. "É complexo, pois o grupo tem atividades em diversos estados, e a coleta destas informações muitas vezes pode ter alguma certa dificuldade."
Após o edital, os credores ainda têm direito de apresentarem (em até 30 dias) eventuais objeções ao plano de recuperação judicial proposto (no dia 09 de julho) pelo Educação Metodista e discordarem (em até 15 dias), pedindo impugnação da lista atualizadas pelo administrador judicial.
"Nosso objetivo é evitar ao máximo a judicialização mais à frente, por isso toda a colaboração dos credores e das recuperandas é muito importante neste momento", destaca Medeiros. A Metodista está há mais de 150 anos no Brasil e conta com cinco unidades de ensino no
Rio Grande do Sul, entre delas o Instituto Porto Alegre (IPA) e o Colégio Metodista Americano, em Porto Alegre.
Desde 2015, a Educação Metodista vem enfrentando uma redução significativa do número de alunos, por conta da retração econômica, o que provocou um forte impacto na receita, que ainda teve perda de 86% dos recursos do FIES. O desequilíbrio financeiro ganhou corpo com as diversas penhoras e indisponibilidades provenientes de diversos processos trabalhistas. "Atualmente, os funcionários ativos, incluindo professores, estão recebendo com atraso", ilustra Medeiros.
Para estancar a sangria, a recuperação judicial proposta pelo grupo - ainda em caráter de plano inicial - consiste na venda de ativos não operacionais, que não tragam prejuízos ao negócio existente. A maioria são imóveis e terrenos que fazem parte do patrimônio do grupo.
"Eles têm um patrimônio considerável, que se estima ser suficiente para fazer o pagamento desta dívida", considera o administrador judicial.