A economia brasileira cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao trimestre anterior, o que representa uma desaceleração no ritmo de recuperação verificado no final de 2020, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 1,0%. Nos últimos 12 meses, a retração foi de 3,8%. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 0,8% na comparação com o trimestre anterior e de 0,5% em relação ao mesmo período de 2020. O trimestre foi marcado pelo fim dos programas de auxílio do governo, pelo agravamento da pandemia e pela volta de algumas medidas de restrição, mas com taxas de isolamento bem menores que as verificadas no início da crise sanitária.
O Brasil também foi beneficiado pelo ritmo de crescimento das duas maiores economias mundiais — Estados Unidos e China — e de um cenário externo que conta ainda com valorização de moedas emergentes e alta no preço de commodities agrícolas e minerais, o que também se refletiu no desempenho de outras economias emergentes.
O governo não divulga projeções trimestrais. A previsão para o ano do Ministério da Economia é de +3,5%, abaixo da projeção de mercado da pesquisa Focus (+3,96%), que vem sendo revista para cima há seis semanas.
A mesma pesquisa mostra que os economistas consultados esperavam queda do PIB no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2020 até meados de maio. A previsão de retração chegou a 1% no início de março, quando foram adotadas novas medidas de restrição a atividades em vários estados. Somente na segunda quinzena de maio as estimativas saíram do vermelho, até alcançar alta de 0,4%, acompanhando dados que mostraram queda menor que a esperada em índices de mobilidades e na atividade econômica e a reabertura de alguns setores.
As projeções para o ano são de um crescimento de quase 4%, valor que praticamente zera a queda registrada desde 2020 (-4,1%), embora a economia continue distante do pico alcançado no começo de 2014 e a recuperação não alcance todos os setores, o que ainda depende de avanços maiores no programa de vacinação.
Recessão Em junho do ano passado, o Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos), órgão ligado ao Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) e formado por oito economistas de diversas instituições, definiu que o Brasil entrou em recessão no primeiro trimestre de 2020, encerrando um ciclo de fraco crescimento de três anos (2017-2019).
Não há uma definição oficial sobre o que caracteriza uma recessão. Embora alguns economistas utilizem a métrica de que esse é o período marcado por dois trimestres seguidos de queda na atividade, o Codace considera uma análise mais ampla de dados. Para o comitê, o declínio na atividade econômica de forma disseminada entre diferentes setores econômicos é denominado recessão.
Os grupos Agropecuária (5,7%), Indústria (0,7%) e Serviços (0,4%) registraram taxas positivas na comparação com o último trimestre de 2020.
Indústria
Extrativas (3,2%); Construção (2,1%) e Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,9%) compuseram a alta de Indústria. Na contramão, apenas a de Transformação (-0,5%) teve queda.
Serviços
Transporte, armazenagem e correio (3,6%); Intermediação financeira e seguros (1,7%); Informação e comunicação (1,4%); Comércio (1,2%), Atividades imobiliárias (1,0%) e Outros serviços (0,1%) tiveram acréscimo no cálculo trimestral. Já Administração, saúde e educação pública (-0,6%) apresentou resultado negativo.
Lavoura
Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a Agropecuária teve alta de 5,2% em igual período de 2021. A Lavoura teve grande participação, impulsionada pelas altas safras de produtos como arroz, soja e fumo.