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indústria

- Publicada em 09 de Maio de 2021 às 20:49

Indústrias da Serra enfrentam o desafio da falta de matéria-prima

Reajustes nos preços do insumo chegaram a 60% em 2020, diz Simecs

Reajustes nos preços do insumo chegaram a 60% em 2020, diz Simecs


David McNew/Getty Images/AFP/JC
Sede de um grande polo metal-mecânico, a região da Serra enfrenta desafios para manter suas atividades industriais em período de queda de insumos. Por isso, em meados de abril, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) protocolou junto ao Conselho de Comércio Exterior (Concex) do Ministério da Economia um pedido para a isenção do imposto de importação do aço.
Sede de um grande polo metal-mecânico, a região da Serra enfrenta desafios para manter suas atividades industriais em período de queda de insumos. Por isso, em meados de abril, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs) protocolou junto ao Conselho de Comércio Exterior (Concex) do Ministério da Economia um pedido para a isenção do imposto de importação do aço.
De acordo com levantamento da entidade, a alta nos preços impacta a indústria desde o ano passado, com reajustes acima de 60% em 2020, e mais de 20% agora em 2021. Além disso, segundo o Simecs, mais da metade das empresas relatam dificuldades para conseguir adquirir aço. A ideia, de acordo com o vice-presidente de Relações Institucionais do Simecs, Ruben Antonio Bisi, é que essa isenção dure até que a oferta interna normalize. Segundo ele, há se registra falta de insumos há alguns meses, não apenas de aço mas de alumínio e cobre também, e muitas cadeias já estão se organizando para buscar uma solução para isso. "Teve uma desorganização completa da logística mundial, faltou insumos, faltou matérias-primas, teve problemas com contêineres, então aumentou o custo dos fretes e de insumos pela recuperação da economia em V", diz.
Ele explica que recuperação foi mais rápida do que todos setores de fornecimento de insumos pensaram, e que o esgotamento dos estoques durante o período em que os altos-fornos foram desligados fizeram com que as empresas não comprassem mais matérias-primas, e, agora, mesmo com todo o aparato industrial do aço de volta a funcionar, ainda falta o produto. Somado a isso, a demanda mundial nos grandes mercados mundiais está alta - especialmente nos Estados Unidos, com o pacote de reaquecimento da economia proposto pelo governo de Joe Biden, e na China.
"O nosso grande problema é a cadeia dos consumidores que não compram diretamente das usinas. Esses fornecedores pequenos e médios estão sofrendo com a falta e o aumento das matérias-primas", diz Bisi. E, segundo ele, 80% das empresas integrantes do Simecs são pequenas e médias fabricantes, inseridas no segundo maior polo metalomecânico do Brasil e no terceiro Estado em consumo de aço após Minas Gerais e São Paulo. "As usinas estão dizendo que aumentou 60%, mas na ponta, quando compra em pequeno volume, ou o produto não existe ou tem prazo alterado, então tem uma pressão muito forte de preços pela entrega imediata de matérias primas feitas pelos consumidores. Inflação é na distribuição", lamenta.
O economista-chefe da Fiergs, André Nunes, explica que alguns setores dentro da indústria metalomecânica estão mais impactados pela baixa oferta de produto: enquanto fornecedores de peças para máquinas agrícolas estão com um mercado aquecido e pouco atingido pelos impactos da Covid-19, o de peças para a indústria automobilística e especialmente o de fabricação de máquinas que produzem outros bens foram prejudicados pela falta de insumos - não só de aço como alumínio e cobre também. Enquanto isso, o País enfrenta uma desvalorização da taxa de câmbio, e também o imposto de importação cuja queda é pleiteada pelo Simecs.

Alta nos preços não é fenômeno isolado

Os problemas enfrentados por quem busca matérias-primas como o aço não é fenômeno isolado Para André Nunes, economista-chefe da Fiergs, é preciso entender que a alta de insumos está inserida em um contexto global no qual se expandiu a demanda por causa da recuperação econômica mundial. "Commodities são produtos em que a oferta geralmente é rígida. Isso significa que, se de uma hora pra outra começa a ter mais demandas, a produção, seja de grãos, seja de aço, demora a se adaptar. E os preços se ajustam mais rápido que as quantidades, por isso é um mercado extremamente volátil", explica.
Já o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, é contrário ao pedido, argumentando que, para reduzir um imposto de importação de qualquer produto, é necessário aval de outros países do Mercosul, a não ser que seja caracterizado um problema de desabastecimento ou de especulação de preços de aço - o que é o argumentado pelo Simecs na discussão.
"Esse pedido não procede, porque não tem nem desabastecimento de aço nem especulação de preços", complementa Lopes.