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Logística

- Publicada em 18 de Abril de 2021 às 21:35

Setor de transporte avalia ação judicial contra Ecosul

Polo Rodoviário de Pelotas possui hoje cinco praças de pedágios

Polo Rodoviário de Pelotas possui hoje cinco praças de pedágios


/FREDY VIEIRA/JC
A possibilidade da Ecosul, que administra o Polo Rodoviário de Pelotas, renovar sua concessão sem passar por uma disputa licitatória é vista como inaceitável pelas entidades que representam o setor de cargas. O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcgers) adianta que, se isso acontecer, entrará na justiça contra a medida. Como contrapartida pela prorrogação do contrato, a empresa prevê novos investimentos nas rodovias sob sua responsabilidade e mudança no sistema de cobrança de pedágios.
A possibilidade da Ecosul, que administra o Polo Rodoviário de Pelotas, renovar sua concessão sem passar por uma disputa licitatória é vista como inaceitável pelas entidades que representam o setor de cargas. O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (Setcgers) adianta que, se isso acontecer, entrará na justiça contra a medida. Como contrapartida pela prorrogação do contrato, a empresa prevê novos investimentos nas rodovias sob sua responsabilidade e mudança no sistema de cobrança de pedágios.
O Polo Rodoviário de Pelotas possui hoje cinco praças de pedágio e 457,3 quilômetros de extensão, sendo composto pelas rodovias BR-116 - entre Camaquã, Pelotas e Jaguarão, um total de 260,5 quilômetros - e BR-392 - trecho de 196, 8 quilômetros, que corta as cidades de Rio Grande, Pelotas e Santana da Boa Vista. A concessão da Ecosul iniciou em 1998 e está prevista para terminar em 2026.
Entre as propostas feitas pela Ecosul para ampliar esse prazo, que foram apresentadas para lideranças da Metade Sul do Estado, está a redução do valor das tarifas do segmento entre Rio Grande e Porto Alegre mediante a construção de duas novas praças de pedágio. Com isso, a empresa assumiria a conclusão das obras de duplicação da BR-116 em até dois anos. As novas cabines de cobrança estariam posicionadas no trecho entre Camaquã e Porto Alegre, onde atualmente não há concessão vigente. Com isso, o preço de R$ 12,30 por eixo cobrado hoje nos pedágios de Capão Seco (BR-392), Retiro (BR-116) e Cristal (BR-116) passaria a ser de R$ 7,38, valor que seria arrecadado em cada praça, inclusive nas duas novas. A ideia contempla, ainda, a duplicação do lote 4 da BR-392, no distrito industrial de Rio Grande, a recuperação da ponte desativada sobre o canal São Gonçalo e a conclusão da duplicação da BR-290, entre o entroncamento com a BR-116 e o município de Pantano Grande. O conjunto dessas obras significaria um investimento entre R$ 1,53 bilhão a R$ 1,75 bilhão.
Apesar das melhorias sugeridas pela Ecosul, o advogado e diretor de gestão do Setcergs, Roberto Machado, reforça que, se a prorrogação da concessão for encaminhada sem a disputa de uma licitação, a entidade deverá recorrer na Justiça. Ele enfatiza que a empresa já usou expediente semelhante quando fez um aditivo ao contrato inicial, expandindo o tempo de concessão. Devido a essa postura, o sindicato ingressou, em 2012, com uma ação argumentando a nulidade desse ato. O processo ainda está tramitando e se encontra na 2ª Vara Federal de Pelotas.
"Temos ali um alto custo de pedágio e péssima condição de pista de rolamento", frisa o integrante do Setcergs. Para caminhões de três eixos, a cobrança atualmente em cada praça de pedágio do polo de Pelotas é de R$ 37,00 e para dez eixos salta para R$ 172,80. Machado recorda que as rodovias em questão registram um intenso fluxo de caminhões, devido à ligação ao porto de Rio Grande. Ele ressalta que os pedágios naquela região afetam diretamente o preço de fretes e o custo final das mercadorias. Já o secretário extraordinário de Parcerias do Estado, Leonardo Busatto, destaca que a decisão sobre o tema cabe ao governo federal, mas as prefeituras e o governo gaúcho são interessados no assunto. Busatto, que teve acesso à proposta feita pela Ecosul, confessa que tem algumas restrições ao que foi sugerido até agora. Ele vê uma resistência muito grande à empresa, devido aos valores de pedágios cobrados, e sem apoio da comunidade projetos como esse de prorrogação não se sustentam. O secretário acrescenta que a ideia não está bem detalhada e as discussões são muito iniciais. Um ponto ressaltado pelo dirigente é que a concessionária não informou por quanto tempo gostaria de alongar o seu contrato. "A proposta apresentada está muito longe de ser uma proposta boa", considera o dirigente.
Procurado pela reportagem do Jornal do Comércio, o Ministério da Infraestrutura limitou-se a informar que contratou o Bndes para a realização de estudos para futuras concessões de quase 7 mil quilômetros de rodovias em 11 estados do País. Esse trabalho inclui a BR-116 e BR-392 e o processo tem a previsão de leilões para o segundo semestre de 2022. Procurados, o Bndes e a ANTT não retornaram o contato. A Ecosul também não se posicionou sobre as críticas feitas a sua proposta.

Sistema Fetransul espera que inciativa seja interrompida antes de discussão judicial

O presidente do Sistema Fetransul (Federação das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul), Afrânio Kieling, espera que não precise chegar ao ponto de ter que entrar na Justiça contra a prorrogação do contrato da Ecosul e que essa ideia seja interrompida antes disso. Ele considera um absurdo a possiblidade de renovar o acordo da companhia sem licitação. "O Sistema Fetransul vai lutar de todas as maneiras para que isso não se conclua", adianta o dirigente. O empresário frisa que não é contrário à cobrança de pedágios, mas é a favor de tarifas justas.
Kieling acrescenta que muitas empresas estão optando pelos portos catarinenses para transportar suas cargas, pois a logística de acesso acaba sendo mais barata. De acordo com o presidente do Sistema Fetransul, a Ecosul aplica nas estradas menos de 20% da receita que recolhe com os pedágios pagos pelos usuários. "Se ela é competitiva (Ecosul), que se habilite a participar de uma concorrência internacional e vá para o jogo, agora, correr por fora, querer ganhar sem competir, isso não é justo", enfatiza Kieling.