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Fórum da Liberdade

- Publicada em 12 de Abril de 2021 às 18:50

Relação entre democracia e redes sociais ainda precisa evoluir

Debates desta edição do Fórum da Liberdade são realizados de maneira on-line

Debates desta edição do Fórum da Liberdade são realizados de maneira on-line


MARCOS NAGELSTEIN/agência PREVIEW/divulgação/JC
Ninguém nega a força que as redes sociais representam no mundo atual assim como é evidente que seu uso apresenta ônus e bônus e ainda é preciso aprimorar o seu aproveitamento. Essa foi uma das constatações do 34º Fórum da Liberdade, organizado de maneira on-line pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que iniciou nessa segunda-feira (12) e será encerrado na terça-feira (13). O encontro teve como tema principal “O Digital Limita ou Liberta”.
Ninguém nega a força que as redes sociais representam no mundo atual assim como é evidente que seu uso apresenta ônus e bônus e ainda é preciso aprimorar o seu aproveitamento. Essa foi uma das constatações do 34º Fórum da Liberdade, organizado de maneira on-line pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), que iniciou nessa segunda-feira (12) e será encerrado na terça-feira (13). O encontro teve como tema principal “O Digital Limita ou Liberta”.
A primeira palestra do evento foi “As mídias sociais vão implodir a democracia?”. Na oportunidade, o cientista político João Pereira Coutinho argumentou que, com as redes sociais, as distâncias geográficas deixaram de ser uma barreira ao poder. Porém, apesar de ser uma ferramenta que aumentou a liberdade de expressão, o estudioso alerta que entre os problemas que surgiram com as mídias digitais estão uma pressão nunca vista em cima dos representantes da sociedade e a ilusão da autonomia individual, sem a relação da pessoa com os seus pares.
Coutinho comenta que, independentemente das pessoas serem de esquerda ou direita, é importante que se reconheçam como sendo do mesmo país e cultura. Mesmo com os potenciais desafios à democracia que podem vir com a Internet, o cientista político considera como “horripilante” a ideia de que o poder político controle as redes sociais. Ele adverte que medidas restritivas, que podem ser justificadas com o pretexto de inibir as fake news, podem também coibir o jornalismo independente. Coutinho considera que a Internet é ainda uma espécie de faroeste, sem muitas leis e nenhum xerife.
Para ele, as plataformas que viabilizam o tráfego de dados deveriam limitar o anonimato que existe nas redes para identificar o indivíduo e acioná-lo judicialmente quando os meios de comunicação forem usados de maneira danosa. O cientista político acrescenta que, mais do que as redes sociais, a ameaça à democracia reside em um liberalismo não democrático. “Com elites políticas fechadas nelas próprias, cada vez mais distantes dos cidadãos comuns”, considera.
Já o advogado e presidente da Arko Advice, Murillo Aragão, não acredita em uma ruptura institucional no Brasil e justifica que existem vários núcleos de poder no País e haveria uma reação de uma grande parte da sociedade a uma ação como essa. “É bom lembrar que o golpe militar, ou revolução militar, enfim, ou o movimento cívico-militar de 64, aquele movimento teve apoio de 90% da população, inclusive do mundo político e da maior parte da imprensa”, recorda Aragão. Ele reforça que não vê, hoje, clima no Brasil para que ocorra qualquer tipo de anormalidade institucional.
Quanto às redes sociais, Aragão considera que elas ameaçam mais os regimes não democráticos do que os democráticos. O presidente da Arko Advice frisa que há lugares como a China, Cuba, Turquia e Rússia que limitam o acesso às redes sociais, com medo de uma mobilização e mudança de poder. O advogado acrescenta que todas às vezes que as comunicações avançaram de alguma maneira houve o temor de alterações do status quo.
Por sua vez, o CEO da Multilaser e fundador do portal Ranking dos Políticos, Alexandre Ostrowiecki, argumenta que as redes sociais podem ajudar a se ter uma maior aproximação do representante e do representado. “Um pilar que devia ser fundamental para o sistema democrático”, defende. Um perigo apontado por Ostrowiecki é a formação de “bolhas” e “caixas de eco”, onde são tratados apenas tópicos os quais as pessoas já têm pensamento formado a respeito.
Além da polarização da sociedade nas redes sociais, o fundador do portal Ranking dos Políticos manifesta preocupação quanto às poucas empresas que controlam atualmente o tráfego mundial da informação. Outro receio é quanto ao “rancor” que é espalhado nesse ambiente, o que gera um cenário de pessimismo em geral. “Nas redes sociais, a gente sabe que o ódio é uma das emoções que mais gera compartilhamentos”, diz Ostrowiecki.

Mourão afirma que política no País encontra-se desacreditada

A abertura oficial do Fórum da Liberdade deste ano contou com a participação do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e a entrega do prêmio Libertas para o empresário e presidente do Conselho de Administração do Grupo Suzano, David Feffer. Em sua palestra, “Os Desafios da Democracia e do Capitalismo”, Mourão salientou que a política está desacreditada pela população, mas é a única forma de decisões e soluções em uma sociedade democrática.
“Não há atalho, não há alternativas, não há substituto que se apresente aos caminhos e às formas democráticas”, enfatiza o vice-presidente. Ele diz que é necessária uma reforma política que observe os limites e responsabilidade dos poderes constituídos. Na sua apresentação, Mourão também citou a Amazônia. Ele ressalta que ali o Brasil exibe as maiores desigualdades, onde a ausência do Estado e os obstáculos à iniciativa privada são mais sentidos, e onde se encontram as maiores oportunidades de desenvolvimento sustentável.
Para o vice-presidente, é na Amazônia que o Brasil deve renovar o desbravamento de fronteiras. “As fronteiras de hoje são as do conhecimento que deve inspirar a exploração e o desenvolvimento sustentável daquela região”, defende. Ele propõe que as riquezas amazônicas sejam fontes de produtos, bens e serviços, que gerem renda e investimentos, respeitando o meio ambiente e a cultura local.
Mourão recorda que desde 1970 a população mundial mais que dobrou e o Brasil ultrapassou essa marca, o que transformou as relações da população com o poder político, juntamente com as novas formas de comunicação. Ele ressalta que regimes totalitários suprimem a liberdade de expressão e os reais problemas da sociedade. “Não há capitalismo sem democracia e vice-versa”, sustenta o vice-presidente.
Para Mourão, para melhorar a condição social do Brasil, a nação precisa passar por uma ampla e profunda reforma do sistema educacional, tanto no nível fundamental como no superior. Outro ponto salientado pelo vice-presidente é que o País vive um momento de adaptação, sendo preciso buscar o diálogo entre os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e entender que cada um tem suas responsabilidades e margem de manobra para tomar suas decisões.