Mais da metade (58%) dos bares e restaurantes gaúchos correm o risco de fechar as portas definitivamente nos próximos 60 dias. O alerta vem da Associação de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), após pesquisa feita com empresários do setor.
Segundo o levantamento, 76,9% dos estabelecimentos registraram prejuízos em fevereiro e o endividamento atinge 85,7% destas empresas. Apenas 4,2% dos empresários obtiveram lucro no segundo mês do ano. Outros 85,7% possuem dívidas em aberto e 66,2% deixaram de pagar impostos.
"Estamos agonizando. Se continuar assim, o cenário será irreversível", alerta a presidente da entidade, Maria Fernanda Tartoni. A dirigente da Abrasel no RS sinaliza que a principal demanda da categoria para contornar a situação é uma flexibilização nas regras de funcionamento à noite e aos finais de semana.
Maria Fernanda diz que grande parte dos negócios do setor está à beira da falência. Foto Luiza Prado/JC
Segundo dados levantados pela entidade, 83,8% dos bares e restaurantes trabalham à noite, sendo que 26,9% funcionam apenas no período noturno; e 57,3% dos estabelecimentos concentram mais de 40% do seu faturamento nos finais de semana. Impedidas de funcionar à noite e aos finais de semana por conta do decreto estadual,
que busca restringir a circulação de pessoas em cenário de bandeira preta, a maioria das empresas estaria a um passo da falência, reforça Maria Fernanda.
"Apenas a tele-entrega não cobre os nossos custos, o rendimento fica abaixo comparado ao salão", explica a dirigente. Ainda de acordo com a pesquisa, com as restrições de funcionamento impostas durante a pandemia, 79,5% dos bares e restaurantes demitiram funcionários e mais 10,4% "não demitiu ainda, mas pretende fazer".
Frente às restrições prolongadas pelo governo do Estado até o dia 9 de abril, o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, avalia que a situação é "constrangedora". "Estes setores continuam sendo dos mais prejudicados desde o início da pandemia".
O dirigente lamenta que a "única boa notícia" tenha sido a
liberação de abertura dos restaurantes neste sábado (3) e dispara que "há contaminação profunda em outros espaços que estão abertos o tempo inteiro". "Não gostamos de nos comparar com outros setores", pondera, ao observar que "é muito estranho que nenhuma explicação é dada para esses critérios".