Antes que acabe o primeiro semestre, a empresa Folhito planeja produzir energia elétrica e biometano (que pode ser utilizado como combustível veicular) a partir do biogás que está gerando em sua unidade em Estrela. O grupo, que atua no mercado de fertilizantes orgânicos, já possui um volume de biogás à disposição, no entanto o material não está sendo aproveitado economicamente, sendo apenas queimado, pois ainda não estão concluídas a planta para a produção de biometano e a unidade de geração de energia elétrica.
O diretor comercial da Folhito, Fernando Lanius, comenta que as dificuldades impostas pela pandemia atrapalharam o cronograma da iniciativa. O executivo cita, por exemplo, que a empresa que fornecerá o equipamento para purificar o biogás e transformá-lo em biometano também atua com soluções envolvendo oxigênio aproveitado por hospitais, algo que demanda mais urgência no momento devido ao combate à Covid-19.
Totalmente finalizado, o complexo em Estrela terá capacidade para atingir até 18 mil metros cúbicos diários de biogás, consumindo aproximadamente 600 toneladas de resíduos ao dia. O insumo para gerar o bicombustível será proveniente de materiais agrossilvopastoris, como restos de aviários, lodo de estações de tratamento de efluentes das indústrias da região, entre outros. O investimento no empreendimento é de cerca de R$ 30 milhões e parte desse montante provém de recursos do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), com repasse da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
A energia elétrica a ser produzida será utilizada para alimentar a própria unidade da Folhito e a companhia tentará comercializar o excedente, destinando-o à rede elétrica. O mesmo acontecerá com o biometano, que terá parte do volume aproveitado pela própria frota da empresa (que pensa em transformar seus caminhões a diesel para operar como bicombustível) e o que sobrar também será vendido para terceiros. "O biometano é muito mais sustentável que o próprio gás natural veicular (GNV), que ainda é um combustível fóssil enquanto que o nosso é renovável", enfatiza Lanius. Atualmente, o grupo Folhito conta com seis unidades ligadas ao mercado de fertilizantes orgânicos localizadas, além de Estrela, em Lajeado, Almirante Tamandaré do Sul, Cristal, São Gabriel e Júlio de Castilhos. O diretor comercial antecipa que, se a ação com o biogás no Vale do Taquari for bem-sucedida, a experiência poderá ser estendida para outras plantas.