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Economia

- Publicada em 21 de Março de 2021 às 16:12

Presidente da Corsan descarta aumento de tarifas com privatização

'Uma Corsan não estatal terá impactos positivos para a eficência tarifária ao consumidor', diz Barbuti

'Uma Corsan não estatal terá impactos positivos para a eficência tarifária ao consumidor', diz Barbuti


LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello
A privatização da Corsan, estatal gaúcha de saneamento, intenção comunicada na semana passada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), não vai provocar aumento de tarifa para os consumidores. A garantia foi dada pelo presidente da companhia, Roberto Barbuti.
A privatização da Corsan, estatal gaúcha de saneamento, intenção comunicada na semana passada pelo governador Eduardo Leite (PSDB), não vai provocar aumento de tarifa para os consumidores. A garantia foi dada pelo presidente da companhia, Roberto Barbuti.

#JCExplica: Por que o Governo Leite quer privatizar a Corsan?

"Uma Corsan não estatal terá impactos positivos para a eficência tarifária ao consumidor", afirmou o executivo, que falou com o Jornal do Comércio ainda quando estava internado em um hospital de Porto Alegre, recuperando-se de complicações da Covid-19. Ele teve alta na sexta-feira (19). 
O executivo, que tem na trajetória profissional outros lançamentos de ações na bolsa, diz que a intenção será ofertar apenas uma classe de ações, a ordinária, com direito a voto. A razão: "Gosto de priorizar a excelência em governança corporativa". O governo pretende ter 30% do capital e ser acionista de referência, com maior participação. Com isso, manterá a influência nos rumos da empresa.
Outra informação é que a meta de investimento de R$ 10 bilhões até 2033, já projetada e que daria condição de atender às metas contratuais com os atuais 317 municípios, dentro do novo marco regulatório do saneamento, deve ser ainda maior. Barbuti revela que já há estudos para revisar a cifra para cima.   
Jornal do Comércio - Foi uma decisão que surgiu apenas na noite em que o Congresso votou as últimos vetos do novo marco do saneamento?
Roberto Barbuti - Desde que assumi a companhia, em maio de 2019, traçamos um planejamento com foco em parcerias público-privadas (PPPs). A primeira foi a da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), demonstrando que o negócio tem viabilidade. Precisamos buscar o setor privado para conseguir capital e evoluir. Em julho de 2020, foi aprovado o novo marco o que impulsionou a decisão de fazer o IPO. A votação dos vetos pendentes, na noite de quarta-feira (17), deixou  mais claro que a diretriz será de competição acirrada, e a Corsan tem um desafio enorme pela frente. A nossa convicção é que é uma grande oportunidade, mas envolve agir rápido. Logo após a votação, o governador se mobilizou e pediu prioridade na discussão da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com a exigência do plebiscito para a privatização.
JC - Como será a participação do Estado já que a ideia é perder o controle?
Barbuti - Vai ser uma grande capitalização de mais de R$ 1 bilhão. O Estado tem hoje 99,9% do capital. Com o IPO, o Estado deixa de ser acionista controlador para ser de referência, será o maior acionista individualmente e continuará a ter influência. O grande benefício é que a comanhia sai do regime de economia mista, o que tirará amarras que freiam a velocidade de entregas e de ser mais eficiente.
JC - O que já há de investimento e captação em andamento?
Barbuti - Lançamos uma operação de debêntures em fevereiro. São três séries de longo prazo no valor de R$ 600 milhões, sendo que R$ 450 milhões são debêntures de infraestrutura, que contam com incentivo fiscal. Essa operação, que foi liquidada nessa sexta-feira (19), serve de exemplo de como começamos e como terminamos e sobre o que conseguimos capturar de valor, que não é pouca coisa. O objetivo é maximizar o patrimônio gaúcho. Temos outra negociação para contratar um financiamento bem inovador e que vai ajudar no combate a perdas, a dar mais eficiência energética e a trazer a companhia para padrões de alto nível em questões sociais e de governança. A operação está sendo vista com uma agência multilateral internacional e deve ter aprovação em um mês.
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Leite justificou que o IPO com perda de controle é condição para atender ao marco do setor. Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini
JC - Fazer o IPO sem perder o controle não seria suficiente para dar conta dos investimentos, seguindo o plano de mais PPPs para financiar as obras?
Barbuti - A discussão passa pelo que é suficiente? A gente vai buscar uma companhia de excelência, que seja referência nacional de saneamento e que será mola propulsora do desenvolvimento do Estado, a partir do plano de investimentos de R$ 10 bilhões. Um número que já sob revisão e pode ser ainda maior. O novo caminho trará benefícios enormes do ponto de vista ambiental e de tecnologia e para a aceleração de entregas. Em meio à pandemia, o tema do saneamento básico ganhou mais relevância. Portanto, queremos fazer além do que é suficiente. Teremos metas ambiciosas, como a redução de perdas de água, e vamos montar um plano inovador de resiliência hídrica para o Estado estar melhor preparado para enfrentar períodos de estiagem.
JC - Uma das justificativas dadas pelo governador é que em 2022 terá de já ter contratos revisados com as metas do novo marco com garantia de aportes. Este foi o maior motivo?
Barbuti - Temos contratos hoje com 317 cidades que precisarão ter metas pactuadas e teremos de demonstrar capacidade financeira de cumprir as entregas. Hoje como empresa de economia mista, ao fazer uma licitação, mesmo que tenha um vencedor, outro pode questionar e se abre uma discussão na Justiça. O município acaba ficando sem a solução. A população e o prefeito não querem mais ouvir por que não tem o serviço, o que é legítimo. Precisamos ter mais eficiência para triplicar o investimento. O foco precisa estar no cliente.
JC - A privatização pode elevar as tarifas para o usuário final?
Barbuti - Não, pelo contrário. Não há necessidade de recomposição de tarifa em termos reais. Agora na pandemia, por exemplo, temos variação do IGP-M acima de 30%, o que vai refletir em altas de custos para prestadores de serviço em geral. Mas o nosso negócio é regulado, e o padrão da tarifa é definida por agências. Uma Corsan não estatal terá impactos positivos para a eficência tarifária ao consumidor.
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Barbuti alega que a venda criará condição para a empresa brigar no mercado nacional de saneamento. Foto: João Paulo Flores/Divulgação 
JC - Quando a empresa entrará com o processo do IPO na B3?
Barbuti - Já participei de muitos IPOs. Então, não quero fazer mais um. Quero que a Corsan seja o melhor IPO de infraestrutura do Brasil. Trabalhamos forte para isso. Os preparativos começaram em julho de 2020, com a preparação de informações, montagem de área de relações com investidores e revisão do plano de negócios e temas ligados à governança, além da preparação de aumento de eficiência para conseguir o melhor valor possível. As medidas serão iniciadas imediatamente. Vamos esperar os números do primeiro trimestre para montar um material bem robusto. Estamos trabalhando para colocar um prospecto ao mercado para dar certeza que será um grande sucesso.
JC - Qual é a quantidade de ações a ser ofertada para chegar captar R$ 1 bilhão?
Barbuti - Algumas definições ainda serão tomadas e vamos dar toda a transparência no tempo certo. Não posso ficar especulando. O importante é que, após o IPO, podemos fazer emissões quase contínuas. Se precisar em um ano fazer nova oferta e tivermos feito o nosso trabalho, podemos repetir. Não vamos colocar agora capital demais (na bolsa) se não precisamos.
JC - O passivo da previdência e ações pode influenciar na recepção do mercado?
Barbuti - Essas despesas estão precificadas nos balanços. Precisamos trabalhar para que não tenham crescimento ou recorrência.
JC - Quais são os mercados que a Corsan pode buscar?
Barbuti - Podemos crescer dentro do mercado gaúcho. Queremos atingir todas as metas contratualizadas com os atuais municípios e temos tranqulidade de que vamos atingir. Também há potencial de buscar contratos com cidades que hoje têm serviço próprio ou o prestador já é do setor privado. E por que não olhar oportunidades pelo Brasil? Só não vamos dar um passo maior do que a perna. O futuro é bem promissor.
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