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Economia

- Publicada em 07 de Março de 2021 às 21:47

Estrangeiros saem da bolsa brasileira após intervenção de Bolsonaro na Petrobras

Investimento estrangeiro na B3 teve em fevereiro o pior saldo mensal desde julho de 2020

Investimento estrangeiro na B3 teve em fevereiro o pior saldo mensal desde julho de 2020


NELSON ALMEIDA/AFP/ARQUIVO/JC
A intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Petrobras impulsionou a saída de R$ 6,784 bilhões em investimento estrangeiro da bolsa brasileira em fevereiro, o pior saldo mensal desde julho de 2020, sem considerar as compras de ações em ofertas iniciais (IPOs) e subsequentes de ações (follow-on).
A intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Petrobras impulsionou a saída de R$ 6,784 bilhões em investimento estrangeiro da bolsa brasileira em fevereiro, o pior saldo mensal desde julho de 2020, sem considerar as compras de ações em ofertas iniciais (IPOs) e subsequentes de ações (follow-on).
Entre os dias 1º e 18 de fevereiro, antes de Bolsonaro dar o primeiro sinal de que interferiria mudança na estatal, havia uma entrada líquida de R$ 4,6 bilhões de dinheiro estrangeiro, de acordo com dados da B3.
No dia 22, a segunda-feira após o anúncio de troca no comando da estatal, saíram R$ 6,85 bilhões, segundo dados da B3 compilados pela XP. No dia 23, foram R$ 2,35 bilhões a menos. Nos últimos três pregões do mês, a venda de ações desacelerou e o saldo foi negativo em R$ 2,14 bilhões."
"Se tem uma coisa que gringo não aceita é problemas de governança. A temática de ESG lá fora fica cada vez mais forte", afirma Romero Oliveira, diretor de renda variável da Valor Investimentos.
ESG é a sigla para melhores práticas ambientais, sociais e de governança e é um fator que ganha cada vez mais relevância nas decisões de investidores. 
A saída de recursos se estende pelos dois primeiros pregões de março, com saldo negativo de R$ 1,5 bilhão até o dia 2. No ano, o saldo ainda está positivo em R$ 15,3 bilhões, em razão dos R$ 23,5 bilhões de entrada líquida em janeiro, mês em que o início do governo Joe Biden nos Estados Unidos deu um tom positivo aos mercados.
Um reflexo da deterioração da imagem do Brasil aos olhos do investidor estrangeiro foi a piora dos principais indicadores financeiros do país.
Desde a crítica de Bolsonaro ao atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em uma live na noite do dia 18 de fevereiro, o dólar subiu 4,4% ante o real, que teve o terceiro pior desempenho dentre emergentes no período, atrás apenas da lira turca e do rand sul-africano.
Em relação às principais moedas globais, o dólar americano se valorizou apenas 1,5% no mesmo intervalo, segundo dados da Bloomberg. O risco-país, desde então, subiu 23%, indo de 159,7 pontos para 196,5 pontos, maior nível desde novembro de 2020.
O CDS funciona como um termômetro informal da confiança dos investidores em relação às economias dos países, especialmente emergentes. Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país; se ele cai, o recado é o inverso.
Além da incerteza quanto à agenda liberal do governo, o mercado se preocupa com a piora da pandemia no Brasil e a volta do auxílio emergencial. Apesar do teto para a ajuda estabelecido pela PEC Emergencial, contrapartidas imediatas para o novo gasto não foram apresentadas.
Investidores temem o aumento de gastos do governo, pois ele eleva a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto) e deteriora a capacidade de o país honrar com seus compromissos.
A alta nos juros futuros refletem este temor. O juro para outubro de 2021 foi de 2,905% ao ano para 3,295% desde o dia 18 de fevereiro. O juro para março de 2025 foi de 6,63% ao ano a 6,95% ao ano.
Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.
Além da intervenção na Petrobras, há um outro fator que impulsiona a saída de recursos do Brasil: a alta nos juros dos títulos do Tesouro americano (Treasuries), o que impulsiona um fluxo de investimentos para os Estados Unidos em detrimento de países emergentes.
Folhapress
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