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Economia

- Publicada em 22 de Fevereiro de 2021 às 21:13

Intervenção pode prejudicar venda da Refap

Ambiente instável pode inviabilizar interesse pela companhia

Ambiente instável pode inviabilizar interesse pela companhia


/MARCO QUINTANA/arquivo/JC
Jefferson Klein
As medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, com a indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco no comando da estatal, além da incerteza de qual será a política de preços dos combustíveis no Brasil, deverão impactar no processo de privatização de refinarias do grupo que está em andamento, o que inclui a Alberto Pasqualini (Refap). A tendência é que a venda da unidade em Canoas se torne mais complicada e esse cenário pode causar uma desvalorização do empreendimento ou até mesmo afastar o interesse da iniciativa privada.
As medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, com a indicação do general Joaquim Silva e Luna para substituir Roberto Castello Branco no comando da estatal, além da incerteza de qual será a política de preços dos combustíveis no Brasil, deverão impactar no processo de privatização de refinarias do grupo que está em andamento, o que inclui a Alberto Pasqualini (Refap). A tendência é que a venda da unidade em Canoas se torne mais complicada e esse cenário pode causar uma desvalorização do empreendimento ou até mesmo afastar o interesse da iniciativa privada.
O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, questiona se algum investidor fará um aporte gigantesco de recursos em meio a um ambiente de instabilidade, em um segmento que o governo sinaliza que, quando quiser, realizará intervenções. Ele argumenta que essa situação acaba inibindo os interessados na compra ou esse fator é precificado no momento da venda, desvalorizando o empreendimento. A Ultrapar Participações (grupo Ultra) já havia apresentado uma proposta - com valor não divulgado - à Petrobras para adquirir a Refap. No entanto, nessa fase das tratativas, qualquer uma das empresas envolvidas ainda pode desistir do negócio. Silva não descarta a possibilidade de que essa transação venha a ser revista, diante dos últimos fatos envolvendo a Petrobras.
Já o diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado, João Luiz Zuñeda, não acredita que a desestatização da Refap será inviabilizada, mas alerta que, levando em conta o panorama atual, pode haver algum atraso ou até mesmo afetar os valores envolvidos. "Toda a vez que está se vendendo um ativo e o mercado está assim (envolto em incertezas) se compra o empreendimento mais barato", salienta Zuñeda.
Ele ressalta que a Petrobras, mesmo sendo uma empresa de capital aberto, tem como o seu principal controlador o governo federal. O analista frisa que, para a companhia atuar estritamente sob a lógica de mercado, somente se o grupo fosse totalmente privatizado. Zuñeda acrescenta que o grupo tem planejado se desfazer de áreas menos lucrativas e se focar em segmentos que lhe dão mais retorno. "A companhia ganha dinheiro em produção e exportação de petróleo e não tanto no refino, por isso ela quer repassar essa área", aponta o diretor da MaxiQuim.
Para o diretor da consultoria ES-Petro, a intervenção do governo federal na política da Petrobras é "mais do mesmo". Silva ressalta que esse filme já foi visto quando governantes, independentemente da ideologia, movidos por questões de popularidade ou controle da inflação, tomaram ações parecidas. No entanto, os atores envolvidos agora são outros. Esse fato, da influência na Petrobras ter sido praticada por um governo que tem o economista Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia e uma identidade mais liberal, ao invés de ter sido exercida por uma gestão de esquerda, mais alinhada à defesa da atuação do Estado, é uma das justificativas da despencada tão drástica das ações da Petrobras, pois é um movimento mais surpreendente.
"E muda o presidente da Petrobras para quê?", questiona ainda Silva. O consultor destaca que o general indicado para assumir o comando da estatal já afirmou que a estratégia de parametrização do preço dos combustíveis com o mercado internacional, algo já praticado pela empresa, será mantida. O consultor enfatiza que colocar como parâmetros os valores impostos no exterior levará a aumentos constantes nos custos dos combustíveis no Brasil. No momento, Silva reitera que o ambiente de incerteza no País intensificou-se.
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