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Economia

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2021 às 19:14

Mercadeiros querem criar SPE para fazer a gestão e investir no Mercado Público

Reabertura do 2º andar depende principalmente da instalação da rede elétrica, consumida pelo fogo

Reabertura do 2º andar depende principalmente da instalação da rede elétrica, consumida pelo fogo


MARIANA ALVES/JC
Patrícia Comunello
A proposta dos mercadeiros já entregue à prefeitura de Porto Alegre prevê a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para fazer a gestão e os investimentos no Mercado Público de Porto Alegre. A estrutura jurídica atuaria durante todo o período de 25 anos da transferência da gestão pelo município.  
A proposta dos mercadeiros já entregue à prefeitura de Porto Alegre prevê a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para fazer a gestão e os investimentos no Mercado Público de Porto Alegre. A estrutura jurídica atuaria durante todo o período de 25 anos da transferência da gestão pelo município.  
A SPE terá como acionistas os comerciantes que atuam no mercado e não terá previsão de lucro. Com isso, a Associação de Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc) diz que todos os recursos arrecadados serão revertidos para melhorias no empreendimento, o que inclui infraestrutura interna e restauração externa. A proposta é de 25 anos de gestão, prazo que pode ser renovado.
A presidente da associação, Adriana Kauer, lembra que o edital para concessão, que foi lançado na gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB, 2017-2020) e que foi suspensa pela Justiça, previa remuneração ao gestor privado, além de valor da outorga para o município, cujo lance seria definido na concorrência, o que elevava a previsão de gastos. 
Os detalhes de como será a administração, programa de investimentos e participação dos comerciantes atuais e futuros ocupantes de espaços hoje fechados foram detalhados nesta quinta-feira (18) pela Ascomepc e pelas consultorias que assinam o estudo de pré-viabilidade que compõe a proposta. 
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Projeto prevê a troca das duas escadas rolantes por conjuntos novos no acesso ao segundo piso. Fotos: Luiza Prado/JC
O projeto chegou oficialmente ao prefeito Sebastião Melo (MDB) na semana passada, mas desde janeiro a associação vem conversando com Melo sobre a possibilidade de assumir o empreendimento e a realização das obras. O prefeito já manifestou a intenção de dar o aval. Um dos focos prioritários será a rebertura do segundo piso, desativado desde o incêndio de julho de 2013.
O município está analisando aspectos econômicos, técnicos e jurídicos da proposta. Para transferir a gestão aos mercadeiros, caso seja o caminho validado, será preciso enviar um Projeto de Lei para ser votado na Câmara de Vereadores. Nesta sexta-feira (19), a Ascomepc deve se reunir com a Procuradoria Geral do Município (PGM) para tratar de aspectos da proposta, disse a presidente da entidade. A associação também pretende apresentar as medidas aos vereadores. 
"Doi quando as pessoas falam mal do mercado. A gente quer que seja um lugar que as pessoas olhem com mais carinho", comenta Adriana. "Vamos cuidar do mercado. Não queremos que fique mais à deriva", garante ela.
Na modelagem, estão previstas três fontes de recursos: aluguéis, luvas e condomínio. Para custear as melhorias nos três primeiros anos, a previsão é de cerca de R$ 35,7 milhões em aportes. A intenção é usar o fluxo de caixa e buscar financiamento, explicaram os consultores e a Ascomepc.
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Na sala onde funcionava o restaurante Telúrico, antes do incêndio de 2013, Adriana promete: 'Vamos cuidar do mercado'
Nas intervenções, além de reforma no sistema hidráulico e na rede de esgoto, conserto de piso e trocas de escadas rolantes e elevadores, haverá adoção de gestão de resíduos, instalação de painéis de energia fotovoltaica no telhado e ainda de sistema de monitoramento com câmera de vídeo e reconhecimento facial nos acessos principais. 
Hoje são 6,07 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) no empreendimento. Pelo menos 33% da área está vazia devido principalmente ao fechamento do segundo piso, onde estão 19 lojas. No primeiro nível, são 92 ocupantes e três lojas desocupadas.
Outro procedimento em curso pela prefeitura é a cobrança de aluguéis em atraso do período pré-pandemia, informou Adriana. As pendências associadas à crise sanitária, que chegou a fechar o local, serão avaliadas para futuro acerto.
"Só vai poder entrar na SPE quem estiver em dia", adianta Adriana.O passivo total não é conhecido e está sendo apurado com o município. Os empreendedores também apostam em fontesde receita de patrocínioseeventos para ajudar a custear as intervenções. Este tipo de fonte não foi considerada no orçamento preliminar. "Fizemos uma estimativa conservadora", observa o advogado João Victor Domingues, um dos consultores.
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Projeto dos comerciantes prevê a recuperação da estrutura, como das paredes internas, que sofrem com a falta de conservação 
Adriana avalia que, após a oficialização da gestão, será possível reabrir o segundo andar em três a quatro meses. A área precisa de instalação de rede elétrica, de novos elevadores e novas escadas rolantes para melhorar a acessibilidade. A fachada, que envolve recuperação e pintura, também pode ser feita em prazo semelhante, caso haja aprovação dos projetos pelos órgãos da prefeitura e patrimônio.  

Operação mercadeiro no Mercado Público de Porto Alegre

Ocupação atual do empreendimento
  • Área Bruta Locável (ABL): 6.073 metros quadrados (4.038 metros quadrados ocupados, ou 66,5% da área).
  • 1º andar: 3.896 metros quadrados (3.694, ou 94,8%, estão ocupados). 92 lojas ocupadas e três lojas fechadas.
  • 2º andar: 2.177 metros quadrados (1.833, ou 84,2%, estão fechados). 19 lojas e dois frontões (áreas sobre os portões principais do térreo) disponíveis.
Gestão
  • Como é hoje: gestão é da prefeitura, com a colaboração da Associação de Comércio do Mercado Central de Porto Alegre (Ascomepc).
  • Sociedade de Propósito Específico (SPE): será criada tendo como acionistas os ocupantes de espaços, receberá as receitas e fará a gestão (operação e investimentos) por 25 anos, renováveis por mais 25 anos.
  • Recursos para investimentos e operação: ocupantes (permissionários) pagam hoje um valor mensal para a prefeitura e condomínio. O projeto prevê que cada ocupante pagará condomínio, aluguel e luvas para gerar receita para fazer as melhorias e a manutenção.
Receitas e previsão de investimentos
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Cabeamentos e demais instalações elétricas e de outros serviços serão melhorados para reativação de áreas
  • Como é hoje: os mercadeiros pagam a taxa de permissão de uso no valor de R$ 930,00 e condomínio de R$ 80,00. Estes recursos para um fundo do Mercado Público para ser gasto nas demandas do prédio e operação, sem recursos para investimento. Receita anual: estimativa de R$ 330 mil a R$ 360 mil.
  • Novas receitas e aportes: fluxo financeiro prevê aportes de R$ 35,7 milhões nos três primeiros anos, para dar conta do maior volume de melhorias. A partir do 14º ano, estão previstos R$ 800 mil ao ano de reinvestimento. O custo operacional deve somar R$ 221,02 milhões em 25 anos.
  • Fontes da receita: ocupantes dos espaços. Estimativa para 10 metros quadrados: valor mensal de R$ 3.022,00, que inclui R$ 1.030,00 (aluguel), R$ 1.662,00 (condomínio) e R$ 331,00 (luva). O valor total será decrescente a partir do quarto ano, caindo a R$ 1,2 mil mensais em 2024, devido à queda no aporte para investimentos. As luvas serão cobradas até o quinto ano do plano global dos 25 anos.
Melhorias previstas
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No caminho dos frequentadores, estão outros alvos da reforma, como os problemas no piso dos passeios
  • Infraestrutura: reforma e revitalização da rede elétrica (inclui a instalação de rede no segundo andar), hidráulica, esgoto, pavimentação, banheiros e restauração e pintura da fachada.
  • Novidades para frequentadores: reabertura do segundo andar com perfil de ocupação de gastronomia, serviço de recepção de aplicativos, rede wi-fi gratuita, cursos gourmet, espaço do Turismo, promoção de eventos culturais e espaço coworking
  • Segurança: instalação de sistema de câmeras e reconhecimento facial
  • Energia sustentável: instalação de painéis fotovoltaicos no telhado
  • Acessibilidade: novas escadas rolantes e elevadores
Fonte: Ascomepc

Das turistas à moradora de Porto Alegre, o ambiente encanta mesmo com restrições

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As amigas Mayra (esquerda), Márcia (centro) e Letícia, de Brasília, foram conhecer o Mercado antes de seguir para Gramado
"É por causa da pandemia?", pergunta a farmacêutica Márcia Almeida, ao saber que o segundo piso onde caminhava etsav todo fechado. Vindas de Brasília, Márcia e as duas amigas Letícia Pires e Mayra Pinheiro aproveitaram o pernoite na Capital para fazer um passeio e decidiram conhecer o mercado.
"Subimos por curiosidade. A vista é bonita daqui de cima", comentou o trio. Elas até estranharam que a escada rolante estava desligada e tiveram de escalar os degraus. 
Ao encontrar as visitantes de primeira viagem ao local, Adriana Kauer, da Ascomepc, aproveitou para contar rapidamente as razões para a área estar fechada, citando o incêndio de 2013. Depois descreveu as ideias dos mercadeiros para reativar a área e ainda oferecer visitas guiadas aos turistas como elas, área com poltronas e pufs para as pessoas sentarem e aproveitarem o espaço e coworking.
"Gostaria que, quando vocês vierem novamente, o Mercado esteja muito mais bonito e que seja uma experiência melhor", projetou Adriana, ao se despedir do grupo.
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"Ouvi comentário de que vai voltar (a abrir o segundo andar). Tomara deus", torce a dona de casa
A moradora de Porto Alegre Filomena Serafina Pereira, de 64 anos, fazia um passeio desinteressado sem pressa pelos corredores do segundo andar e disse que sentia falta dos restaurantes abertos.
"Ah, era tão bom... Gostava de sentar na área onde tinha mesinhas para comer a la minuta. Sempre vinha aqui", recorda Filomena. 
"Ouvi comentário de que vai voltar (a abrir). Tomara deus", torce a dona de casa, lembrando que o local é um atrativo tanto para quem vem de fora como para ela que mora na cidade. Ao responder sobre o que mais gosta no mercado, Filomena cita de novo a la minuta e arremata:
"Adoro a banana split". A sobremesa é servida com a fruta e sorvete é um dos atrativos de bancas no primeiro piso, que, para sorte da moradora, funciona a pleno.
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