A fabricante de bebidas Ambev publicou em sua conta oficial no LinkedIn nota na qual cobra do Carrefour "medidas imediatas e efetivas" que impeçam novos episódios de discriminação como o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, por dois seguranças em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre na quinta-feira (19). "Na Ambev não toleramos qualquer ato de racismo ou violência. Estamos em luto pelo assassinato brutal de João Alberto Silveira Freitas. Para todos nós, nossos funcionários e a comunidade negra, a tristeza, frustração e medo gerados por atos recorrentes de violência como este são profundos e pessoais", diz a nota da Ambev.
O empresário Abílio Diniz, que integra os Conselhos de Administração do Carrefour Global e Carrefour Brasil, comentou a morte de João Alberto nesta sexta-feira (20). Em uma série de postagens em sua conta no Twitter, ele classificou o fato como "uma tragédia e uma enorme brutalidade".
Diniz, que também é acionista do grupo, pediu à empresa para trabalhar "incansavelmente para que fatos trágicos como este jamais se repitam no Brasil". Também falou que quer ver o Carrefour como um "agente transformador na luta contra o racismo estrutural no Brasil e no mundo". Ele disse estar "profundamente triste e indignado" com a morte e se solidarizou com a família da vítima.
O CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, afirmou, na sexta-feira (20), que a empresa "não compactua com racismo e violência" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que "seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros no que se refere à segurança, respeito à diversidade, valores e repúdio à intolerância". Em uma série de mensagens em português em sua conta no Twitter, o executivo afirmou que as imagens que mostram seguranças do Carrefour espancando até Freitas até a morte "são insuportáveis".
De acordo com Bompard, medidas internas foram imediatamente tomadas pelo Grupo Carrefour Brasil, principalmente em relação à empresa de segurança terceirizada, mas essas medidas, na visão do executivo, são insuficientes. Nesse sentido, o francês cobrou a revisão do treinamento dos funcionários e a colaboração da empresa com a Justiça para que "os fatos deste ato horrível sejam trazidos à luz".
O episódio é a mais recente polêmica envolvendo a marca. E não só no Brasil. Nos últimos anos, o Carrefour foi criticado por ações consideradas discriminatórias tanto na França, seu país de origem, como no continente africano. Em 2017, por exemplo, o site Rue du Commerce, que pertencia ao grupo francês, publicou anúncio de uma fantasia infantil descrita como de "uma criança deportada" da Segunda Guerra Mundial.