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Reportagem Especial

- Publicada em 30 de Novembro de 2020 às 03:00

Falta de insumos afeta vendas de vinhos e espumantes de final de ano

Com demanda em alta e sem conseguir fornecimento de itens como garrafas, fabricantes encontram dificuldades de suprir o mercado

Com demanda em alta e sem conseguir fornecimento de itens como garrafas, fabricantes encontram dificuldades de suprir o mercado


augusto tomasi/divulgação/jc
Às vésperas das festas de final de ano, quando a demanda aumenta para o setor, as vinícolas gaúchas enfrentam dificuldades para suprir o mercado por conta da escassez de insumos. "Além de garrafas de vidro, faltam caixas e rótulos", explica o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Luis Argenta. O problema passou a afetar as empresas em outubro - quando bares e restaurantes voltaram a funcionar - e o resultado será que muitas não conseguirão suprir por completo as encomendas de Natal e Ano Novo do varejo. "Não por falta de vinho e espumante, mas porque, devido à demanda ter sido maior que o esperado durante o ano, os fabricantes de insumo estão com a oferta em baixa."
Às vésperas das festas de final de ano, quando a demanda aumenta para o setor, as vinícolas gaúchas enfrentam dificuldades para suprir o mercado por conta da escassez de insumos. "Além de garrafas de vidro, faltam caixas e rótulos", explica o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Luis Argenta. O problema passou a afetar as empresas em outubro - quando bares e restaurantes voltaram a funcionar - e o resultado será que muitas não conseguirão suprir por completo as encomendas de Natal e Ano Novo do varejo. "Não por falta de vinho e espumante, mas porque, devido à demanda ter sido maior que o esperado durante o ano, os fabricantes de insumo estão com a oferta em baixa."
Segundo Argenta, graças ao crescimento das vendas de vinho nos supermercados no decorrer de 2020 - impulsionadas pela mudança de hábito dos consumidores que em isolamento social por conta da pandemia de Covid-19 passaram a beber mais em casa - o contratempo não irá gerar prejuízos às vinícolas. "Mas as empresas irão deixar de ganhar justamente em um período sazonal de procura", lamenta, emendando que não tem como mensurar o impacto em quantidade de produtos que deixará de ser entregue aos pontos de venda.
A dificuldade de obter garrafas não é novidade, segundo Argenta. "Mas agora o setor está unido para solicitar do governo do Estado algum incentivo para que empresas parceiras se interessem em investir em uma fábrica de garrafas no Rio Grande do Sul", afirma.
Nos últimos meses, a solução de algumas vinícolas foi importar garrafas da Argentina e do Chile. "Teríamos potencial para ampliar entre 45% e 50% a venda para o mercado interno, mas esse número deverá ser revisto justamente em função da falta pontual de alguns insumos", informa o diretor superintendente da Vinícola Aurora, Hermínio Ficagna. Segundo ele, "2020 superou qualquer planejamento e previsão". "Tanto que deveremos estar finalizando o ano com aproximadamente 80 milhões de litros comercializados." Ele garante que a indústria "não vai parar". "A Aurora tem estoque de garrafas para o resto do ano. Tivemos dificuldades, mas conseguimos resolver o problema com outros fornecedores manter a produção." 
Já a Salton informa que, em relação à falta de vidro, existe um impacto menor na empresa por causa de um planejamento de longo prazo com os fornecedores. "Trabalhamos para minimizar riscos de falta de produtos durante essa retomada produtiva", informa o diretor-presidente da Salton, Maurício Salton. Ele comenta que a empresa redesenhou o planejamento no primeiro semestre, visualizando a possibilidade de enfrentar dificuldades de suprimentos a partir de agosto em função do cenário que se formava (com fabricantes de garrafas reduzindo a produção). "Antecipamos as compras para mitigar riscos. Existem sim impactos pontuais, mas creio que sentiremos menos que a concorrência de modo geral." Salton garante que, justamente por isso, há estoques para os próximos meses, apesar de alguns produtos estarem "em ruptura". 
"Isso não está ocorrendo por questões de falta de insumos, mas sim porque já vendemos a meta do ano", pondera. Ele explica que alguns itens tiveram toda a produção comercializada, o que explica porque alguns produtos (Salton Prosecco, Salton Brut Rosé e Salton Moscatel) podem esgotar para os clientes da vinícola. De acordo com Salto, a empresa fez estoques de segurança para regular as vendas para os períodos de fim de ano e o início de 2021.

Mudança de hábito dos consumidores impulsionou setor durante a pandemia

Vinícola Garibaldi precisou importar cerca de meio milhão de garrafas da Argentina

Vinícola Garibaldi precisou importar cerca de meio milhão de garrafas da Argentina


AUGUSTO TOMASI/DIVULGAÇÃO/JC
Contando com uma produção média de 64,5 milhões de litros de bebidas (entre vinhos, espumantes e suco de uva) divididos em 220 itens que compõe o portfólio das 13 marcas da vinícola, a Aurora foi uma das empresas que solucionou o problema das garrafas buscando fornecedores na Argentina e no Chile. Até outubro, a fabricante cresceu 38% em relação ao ano passado. São 17 milhões de litros a mais de todas as bebidas que a empresa produz.
A Cooperativa Vinícola Garibaldi é outra fabricante que precisou importar em torno de meio milhão de garrafas da Argentina por conta da alta da demanda durante a pandemia do novo coronavírus. "Mesmo assim não é o suficiente para atender toda a necessidade do crescimento", confessa Oscar Ló, presidente da cooperativa. "Em relação ao próximo ano, acredito que ainda teremos dificuldades de janeiro a março para conseguir fornecimento de insumos, principalmente de vidros." A Garibaldi produz em torno de 150 mil litros/dia de bebidas derivadas da uva.
O diretor-presidente da Salton, Maurício Salton destaca que antes da pandemia a expectativa da empresa para o período de Natal e Ano Novo era de crescimento entre 10% a 12%. "Mas desde maio, estamos crescendo acima do histórico. Hoje a gente vem acumulando uma alta média de 17,5% na companhia como um todo." Nesse sentido, as expectativas de venda de final de ano são de um crescimento médio de 15% a 20%, emenda o empresário. "Para os meses de verão, as perspectivas são alinhadas com esses números, embora temos o desafio de equilibrar as questões de insumos da parte produtiva."
Salton ainda acrescenta que a média mensal de produtos derivados da uva é de 345 mil caixas se considerado o resultado total do ano. "Mas é preciso destacar que 50% das nossas vendas acontecem no último quadrimestre e a comercialização desses últimos quatro meses cresce, comparada à média dos oito primeiros meses, 85%".
 

Vinhos finos registram alta e espumantes buscam recuperação

Vinícolas brasileiras comercializaram 19 milhões de litros de vinhos finos em 2020, informa a Uvibra

Vinícolas brasileiras comercializaram 19 milhões de litros de vinhos finos em 2020, informa a Uvibra


/DANDY MARCHETTI/DIVULGAÇÃO/JC
Quando agosto chegou ao fim, tudo indicava que o setor vitivinícola brasileiro começaria a viver uma retomada expressiva na venda de espumantes. No entanto, o que se conclui ao avaliar o acumulado até setembro é que são os vinhos finos seguem em disparada. Segundo a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), o aumento das vendas nos nove meses deste ano na categoria, em relação ao mesmo período do ano passado, foi de 64,47%. Já os espumantes brut ainda amargam uma queda de 9,25%, enquanto os moscatéis cresceram 26,87%.
"O brasileiro está descobrindo os vinhos nacionais, e o melhor, está aprovando. Mesmo com a chegada da primavera e aproximação das festas de final de ano são os vinhos finos que lideram o incremento no acumulado. Acreditamos que a retomada dos espumantes percebida desde agosto vai aparecer com maior impacto nos dados de outubro", destaca o presidente da Uvibra, Deunir Argenta.
Vivendo o melhor momento de sua história, o setor vitivinícola brasileiro celebra a marca dos 19 milhões de litros de vinhos finos comercializados este ano. Se comparado ao mesmo período de 2016, quando as vinícolas tiveram bom desempenho, o crescimento foi de 26,28%. Mesmo com uma performance abaixo dos nacionais, os vinhos finos importados também cresceram no mesmo intervalo com um acréscimo no volume de 22,37% a mais que o ano passado.
Por outro lado, se comparado ao mês anterior, setembro mostra uma queda de 23,53% nos vinhos finos. Já os espumantes moscatéis registraram um aumento de 75,82%, o que comprova a retomada do produto em razão da aproximação das festas de final de ano.
O aumento da competitividade do vinho nacional está intimamente ligado a diversos fatores que vão além da mudança de hábito em razão do coronavírus. A percepção da qualidade, diversidade de estilos, novas regiões produtoras, melhor distribuição e acessibilidade, preço justo, avanços no enoturismo, mudança nos hábitos e, principalmente, o câmbio favorável, colaboraram para este novo cenário que vem dando ânimo ao setor.

Startup investe em vinho na caixa e registra crescimento de 400% na pandemia

Tiago Santucci, Arthur Garutti e Adriano Santucci fundaram a Fabenne

Tiago Santucci, Arthur Garutti e Adriano Santucci fundaram a Fabenne


/Fabenne/Divulgação/JC
Com um crescimento de 400% durante a pandemia de Covid-19, a Fabenne , primeira startup de vinhos do Brasil, vem  ganhando destaque. A expectativa da emprsa é alcançar um faturamento de R$ 4 milhões até o fim de 2020.
Em 2017, Adriano Santucci, Arthur Garutti e Thiago Santucci se uniram para fundar a marca juntando suas experiências em áreas distintas ao amor pela bebida. A startup investe em embalagens bag-in-box, tecnologia relativamente nova no Brasil, porém amplamente difundida em países em que o mercado é mais maduro, como EUA, França e Austrália. Inspirados nessa oportunidade no mercado nacional, os sócios resolveram implementar no negócio essa tecnologia e viram a popularização desse modelo de consumo aumentar.
A startup conta hoje com quatro varietais fixos em seu portfólio, com opções no tinto (Cabernet Sauvignon e Cabernet Seleção Especial), branco (Moscato Giallo) e rosé (com uvas Malvasia e Cabernet Sauvignon). Elaborados em parceria com a cooperativa Vinícola São João, de Farroupilha, na Serra Gaúcha, a bebida que contém 3 litros na "caixinha" traz o produto acondicionado em uma camada resinada própria para a bebida, junto a um dispenser hermético que impede a entrada de ar quando se serve a taça, evitando a sua oxidação. Portanto, além de oferecer ao consumidor a possibilidade de consumir a bebida em doses diárias por até 30 dias após aberto, sem que perca a qualidade, as embalagens bag-in-box são eco-friendly e muito mais econômicas do que as garrafas tradicionais.
Segundo Adriano Santucci, a Fabenne tornou-se uma grande aliada de iniciantes e apaixonados por vinhos desde seu lançamento e isso foi acelerado durante a quarentena. Os empreendedores apostam na "desgourmetização" do vinho e exploram os benefícios da tecnologia da embalagem para levar os produtos aos clientes.
"Entramos em um mercado tradicional, porém pouco desenvolvido no Brasil. Entendemos que é justamente a forma como o vinho está posicionado para o consumidor que o afasta da categoria, com tantas regras e agentes que dificultam o acesso. Vinho é caro, vinho é para momentos especiais, vinho é difícil de escolher. Estamos quebrando esses mitos e mostrando que é possível desenvolver um mercado de trás pra frente, olhando primeiro para o consumidor e depois para dentro de casa", explica o empreendedor.

Exportações aumentam 24,3% em 2020

Houve crescimento de 43,8% somente nas vendas de espumantes para o exterior

Houve crescimento de 43,8% somente nas vendas de espumantes para o exterior


CASSIUS FANTI/DIVULGAÇÃO/JC
Os vinhos e espumantes brasileiros estão em alta no Brasil e no Exterior. É o que revela estudo da Ideal Consulting ao analisar o período entre janeiro e setembro. O volume comercializado até setembro deste ano foi de 425,6 mil caixas de 9 litros ante 342,4 mil de igual período em 2019 um incremento de 24,3%. Em receita, o aumento foi de US$ 6 milhões em 2019 para US$ 6,2 milhões até setembro de 2020 alta de 2,9% no total comercializado.
"Os produtores brasileiros investiram nas exportações nos últimos anos, principalmente em mercados importantes como China e Estados Unidos. Com a desvalorização do real frente ao dólar, nossos vinhos e espumantes ficaram mais competitivos", explica o CEO da Ideal Consulting Felipe Galtaroça. Além disso, no momento em que houve a retomada dos embarques, entre abril e maio, os negócios encaminhados nos meses anteriores acabaram fechando e contribuíram para os bons números.
O maior crescimento nas exportações de rótulos brasileiros foi registrado nos espumantes, que até setembro deste ano tiveram um incremento 43,8% nos volumes vendidos ao exterior passando de 37 mil caixas de 9 litros em 2019 para 53,2 mil caixas até setembro de 2020. Já os vinhos, que representam 87,4% das exportações, tiveram aumento de 23,8%, passando de 300,5 mil caixas de 9 litros para 372,2 mil caixas de 9 litros.
"O espumante brasileiro tem ganhado notoriedade internacional por sua qualidade, sendo um produto dinâmico e com diferencial para competir no Exterior. O incremento das exportações é um reflexo de um trabalho organizado de promoção do setor e do compromisso das empresas com a qualidade dos produtos para consolidar a imagem do país como um grande player mundial", afirma o coordenador de Agronegócio na Gerência de Agronegócios da Apex-Brasil, Alberto Bicca. Ele destaca que a Apex-Brasil vem trabalhando desde 2002 para ajudar o setor no processo de internacionalização e na busca por oportunidades no exterior.
O Rio Grande do Sul responde por 92,4% das bebidas exportadas e o volume de vendas passou de 311,6 mil caixas de 9 litros em 2019 para 398,1 mil caixas até setembro deste ano, com faturamento de US$ 5,7 milhões ante os US$ 5,5 milhões do período anterior. O principal destino são Estados Unidos cujo volume comprado subiu de 24,2 mil caixas de 9 litros para 41,3 mil caixas, e a receita passou de US$ 608,8 mil para US$ 1 milhão.
 

Aurora amplia mercados e se destaca no suco de uva

Cooperativa registrou aumento de 87% nas exportações de suco

Cooperativa registrou aumento de 87% nas exportações de suco


NDRÉ MAJOLA AURORA/DIVULGAÇÃO/JC
Um dos exemplos do bom momento de vendas para o mercado externo é a Vinícola Aurora, que em 2020 registrou um aumento de 87% nas exportações de suco de uva, com o embarque de 495,3 mil garrafas entre os meses de janeiro e novembro deste ano. Os envios para o penúltimo mês do ano já estão confirmados e no processo de envase. Em valor, o crescimento foi de 62% nas comercializações de suco de uva.
Contabilizando todos os produtos, o resultado é um incremento de 16% nas vendas, com a comercialização de 880,7 mil garrafas. A Aurora, que é líder no mercado interno nas categorias de suco de uva integral e vinho fino, projeta, ainda, dobrar o volume de embarques das bebidas não alcóolicas para o Exterior no ano que vem.
"O suco de uva foi o grande destaque de 2020 e acreditamos que isso vai se manter nos próximos anos. No caso da Aurora, a partir do momento em que ampliamos nossa capacidade produtiva, com a unidade do Vale dos Vinhedos, passamos a ser mais proativos nas vendas de suco para o mercado externo e o resultado é esse aumento expressivo, com potencial de crescer ainda mais nos próximos anos", projeta a gerente de Exportação e Importação da Vinícola Aurora, Rosana Pasini.
Além da expansão nas exportações de suco de uva, a Vinícola Aurora também ampliou os mercados para os vinhos e espumantes em 2020, com vendas para países como Reino Unido, China, Rússia, e entrada no continente africano, com os embarques para a Líbia.
De acordo com Rosana, o que tem ocorrido no Brasil durante a pandemia da Covid-19, com o aumento de consumo de vinhos em casa e a procura por rótulos diferentes como fatores que ajudaram no incremento nas exportações, também se registrou no Exterior.
 

Escassez de matérias-primas de refrigerantes prejudica fábricas regionais

Após 12 anos inativa, a indústria Cyrilla, de Santa Maria, voltou a fabricar a bebida Cyrillinha em maio, mas empresa vem sentindo falta de garrafas de vidro não retornáveis no mercado

Após 12 anos inativa, a indústria Cyrilla, de Santa Maria, voltou a fabricar a bebida Cyrillinha em maio, mas empresa vem sentindo falta de garrafas de vidro não retornáveis no mercado


/Cyrilla/Divulgação/JC
A escassez de matérias-primas para a produção de refrigerantes aumentou durante a pandemia e vem provocando preocupação a pequenos e médios fabricantes de bebidas do Brasil. Executivos do setor afirmam que, no auge do surto da doença no país, indústrias fornecedoras de elementos essenciais reduziram a produtividade e, por consequência, os estoques. Isso, segundo eles, recaiu sobre as empresas regionais.
A crise provocada pelo coronavírus afetou de várias formas os fabricantes brasileiros. A partir de decretos governamentais, que determinavam o fechamento do comércio e o isolamento social da população, empresas locais sofreram redução significativa no faturamento. Associadas à Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil), as indústrias Bebidas Conquista, Wewish e Cyrilla, fortalecem a campanha "Compre do pequeno", que busca a valorização de pequenos e médios produtores regionais, principalmente durante a pandemia.
Sócio-diretor da fábrica Refrigerantes Cyrilla, Luiz Marquezán assevera que a falta de garrafas de vidro não-retornáveis impactou na produção do principal produto da empresa. "Sentimos que a falta da matéria-prima começou há 90 dias e vem se intensificando por agora. A gente entra na programação, mas temos que torcer para que eles (fornecedores) cumpram com o pedido", diz. "Utilizamos essa embalagem (de vidro) para o refrigerante Cyrillinha de 250 ml, que é um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul", explica ele.
Marquezán pondera que a escassez de bens essenciais se deu a partir da "lei da oferta e da procura". De acordo com ele, no período da pandemia, o setor de alimentação continuou aquecido, e alguns setores produtivos diminuíram sua produção, o que, segundo ele, acarretou na redução de ofertas no mercado. A Cyrilla retomou atividades em maio, após 12 anos inativa. A fábrica produz a Cyrillinha à base de óleos da casca da laranja.
Em São Paulo, a indústria Bebidas Conquista não sofreu com a falta de matérias-primas, conforme explica o diretor Celso Botega, mas porque a direção antecipou pedidos a fornecedores estratégicos. "Começamos a receber noticias de fornecedores sobre possíveis faltas de insumos em meados de setembro", lembra ele. O CEO assevera que não houve carência de insumos, mas que algumas entregas atrasaram.
"Creio que, por conta da pandemia, muitas empresas reduziram suas produções e dispensaram funcionários. Com o desabastecimento da cadeia e, em sequência, a retomada da produção, as indústrias de embalagens, e entre outras matérias-primas, ficaram sem tempo necessário para encontrar pessoal, reabastecer seus estoques e dar continuidade no abastecimento das fábricas", avalia Botega.
Diretor executivo da fábrica Wewish, localizada em Barueri, a 30 quilômetros de São Paulo, Roberto Lombardi afirma que o sinal de alerta sobre a falta de embalagens em lata e garrafa de vidro, utilizadas para envase das bebidas da empresa, foi ligado a partir do terceiro trimestre de 2020. De acordo com ele, a despreparação e carência de investimentos das indústrias brasileiras no aumento da capacidade produtiva, ao longo dos últimos anos, refletiu durante a pandemia.
Ao comemorar a retomada no crescimento demanda nos últimos meses, Lombardi também lamenta o desabastecimento de insumos. "Esse problema só pode ser resolvido com investimentos para a ampliação da capacidade produtiva da indústria. Esses investimentos só virão com a resolução de gargalos sistemáticos que temos em nosso país, como insegurança jurídica, modelo tributário complexo e ineficiente, e grande volatilidade de preços, ativos e indicadores, que inviabiliza cenários de mínima previsibilidade de médio ou longo prazo", sugere o diretor da Wewish.