As perspectivas são otimistas em relação ao saneamento básico na Região Metropolitana de Porto Alegre. Conforme a
Ambiental Metrosul, responsável pelos serviços de coleta e tratamento de esgoto da área, de cada três casas, apenas uma é conectada à rede, mas a meta é elevar esse índice. Ele passará dos atuais 36% para 87,3% nos primeiros 11 anos dos 35 de concessão, ajudando a diminuir a taxa de poluição dos rios Sinos, Gravataí e Caí.
Segundo Ângelo Mendes, diretor-presidente da Ambiental Metrosul, isso deve acontecer graças à parceria com a Corsan. “A forte sinergia entre as equipes facilita o avanço dos trabalhos e o cumprimento de todos os prazos previstos, pois possuem um interesse comum, que é oferecer à população local mais acesso à saúde por meio da eficiência e qualidade da prestação dos serviços”, destaca ele.
Esgoto tratado ajuda no desenvolvimento das cidades, promovendo mais saúde e qualidade de vida à população e ao meio ambiente. “O tratamento é o que faz com que a água devolvida possa ser reaproveitada por outra cidade ou em outras atividades, tais como a agricultura, pecuária e usos humanos menos nobres”, destaca o presidente do projeto Trata Brasil, Edison Carlos.
Ele diz que, aos poucos, as empresas de água e esgotos estão investindo mais no tratamento e têm sido o indicador que mais cresce (cerca de um ponto percentual ao ano). A nova Lei do Saneamento (nº 14026/2020) traz a meta de todos os municípios atingirem 99% da população com água tratada e 90% com coleta e tratamento dos esgotos. Isso vai impor às empresas operadoras grandes investimentos nos serviços, em especial no tratamento e na redução das perdas de água.
“Outro ponto importante será um maior controle dos órgãos ambientais para impedir o lançamento de esgotos sem tratamento nos cursos de água, Ministério Público e demais órgãos de controle, bem como denúncias do cidadão comum”, expõe Carlos.
De acordo com o estudo Benefícios Econômicos da Expansão do Saneamento no Brasil, publicado pelo Trata Brasil, em parceria com a Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON) e pela consultoria Exante, em novembro de 2018, a valorização imobiliária faz parte dos setores que são beneficiados com a expansão do saneamento básico no País.
O estudo conclui que o saneamento qualifica o solo urbano, valorizando os imóveis. Considerando dois imóveis em bairros similares e que se diferenciam apenas pelo acesso ao saneamento, o que estava ligado às redes de distribuição de água e de coleta de esgoto poderia ter seu valor elevado em quase 16,4%.
Impactos em diversas áreas
O levantamento Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro mostra, ainda, que a expansão dos serviços de água e esgoto traz muito mais do que apenas qualidade de vida. Os investimentos feitos e o maior acesso das pessoas promovem ganhos econômicos e sociais concretos, especialmente nos setores da saúde, educação, produtividade e turismo – além do imobiliário.
Entre 2004 e 2016, os investimentos em saneamento sustentaram 142 mil empregos por ano no País e geraram R$ 13,6 bilhões de renda. Isso significa que, para cada R$ 1,00 investido em obras de saneamento, foi gerada uma renda de R$ 1,22 na economia.
A falta de água tratada tem impacto direto sobre a saúde, principalmente nas crianças e nos idosos, em especial as diarreias e infecções gastrointestinais. A economia com a melhoria das condições de saúde da população brasileira projetada para o período 2016 a 2036, tomando por base os afastamentos do trabalho e internações ocorridos em 2016, será, em média, de R$ 297 milhões.
Em 20 anos (2016 a 2036), considerando o avanço gradativo do saneamento, o valor da economia com saúde, seja pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com internação no SUS, deve alcançar R$ 5,9 bilhões. Vale lembrar que, a partir de dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é possível constatar, também, um aumento na longevidade da população quando há um sistema de saneamento adequado.