Uma das grandes incógnitas nesse período em que a economia é afetada pelo coronavírus é o que voltará a ser como antes e que mudanças permanecerão após o fim da pandemia. Para o presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner, José Galló, uma questão que veio para ficar é a necessidade das empresas acelerarem seus processos operacionais e de atendimento aos clientes.
"Particularmente adoro indefinições, porque elas te provocam a fazer alguma coisa", afirma Galló. Ele destaca que a atual crise é diferente das recessões que já foram enfrentadas no passado, por afetar as áreas de saúde e economia. O empresário argumenta que o primeiro momento foi de medo, que pode levar ao imobilismo ou a fazer algo para sair da situação delicada. Depois do pânico, ele comenta que se começa a olhar ao redor e analisar a realidade e as dificuldades.
O presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner lembra que um cenário como esse não se enfrenta sozinho e por isso reuniu a sua equipe para avaliar a situação e angariar contribuições. “Um caso como esse exige solidariedade”, frisa. Galló comenta que as empresas perceberam que, com a pandemia, houve uma mudança do perfil do consumidor que forçou as companhias a acelerarem seus planos de digitalização. “E descobrimos que conseguimos fazer as coisas de uma maneira mais rápida que imaginávamos”, destaca.
Essa necessidade de agilidade que a pandemia impôs aos empreendedores ficará após o final da pandemia, projeta o executivo. Daqui a cinco anos, ele prevê que ninguém falará de transformação digital, pois todas as empresas estarão enquadradas nessa categoria. Sobre as expectativas para o Brasil, o integrante da Lojas Renner defende que é preciso fazer as reformas administrativa e tributária, pois os investidores estrangeiros estão saindo do País. Ele frisa ainda que há um risco de volta da inflação e já se percebe falta de produtos, como o aço para o segmento da construção. “O ano que vem será um ano de cautela, mais ou menos bom, nada esplendoroso”, indica.
Galló participou nessa quarta-feira (21) do 16º Congresso da Federasul, que se estende até esta quinta-feira (22). A presidente da entidade, Simone Leite, fez a abertura oficial do evento, transmitido pelo Facebook. Ela salienta que o congresso serve de referência para as associações filiadas à Federasul. Na ocasião, a dirigente recordou que havia a expectativa que em 2020 o Rio Grande do Sul “decolaria”, porém, uma grande instabilidade assolou o Estado com a questão da pandemia. Simone também ressaltou que foi um ano de importantes debates como, por exemplo, a possibilidade da majoração dos tributos no Estado e aumento do custo de vida dos gaúchos.
Já o governador Eduardo Leite, em sua participação na abertura, afirmou que o congresso era um importante espaço para discussões e acrescentou que uma das prioridades do seu governo é deixar o Estado mais atrativo para os investidores. Sobre a reforma tributária, Leite argumentou que a complexidade fez com que o tema tivesse que ser adiado, mas, quando o assunto for retomado, ele adiantou que espera contar com a experiência e a participação da Federasul para tratar desse tópico.
Nesta quinta-feira, o Congresso reinicia com o II Fórum de Mulheres Empreendedoras, às 17h30min, com a condução da presidente do Conselho de Mulher Empreendedora da Federasul, Têise Colares. Em seguida, o vice-presidente de Economia da Federasul, Fernando Marchet, será o mediador do painel sobre "Perspectiva econômica pós-pandemia", com a participação do cientista político e professor do INSPER-SP, Fernando Schuler, do presidente da Rio Grande Seguros, César Saut, e do publicitário Alfredo Fedrizzi. A palestra de encerramento do 16º Congresso da Federasul fica a cargo do jornalista e escritor Clovis de Barros Filho, sobre a valorização à vida.