O grupo petroquímico Braskem foi alvo de um ataque de hackers em seu ambiente de tecnologia da informação. A operação suspeita foi percebida nesse domingo (4) pela empresa, que emitiu, no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nessa quarta-feira (7), um comunicado ao mercado sobre o fato. Segundo a companhia, o incidente não causou reflexo na sua produção, mas impactou sistemas como o de expedição e faturamento, prejudicando parcialmente a entrega de resinas aos clientes do grupo, já que alguns servidores foram colocados em modo de segurança, com a conexão suspensa. Até a tarde dessa quarta-feira, não havia prazo definido para o retorno da regularidade das atividades.
A Braskem afirma que o ataque foi detectado quando ainda estava em andamento. "A ação rápida evitou sequestro de informações e restringiu o impacto aos servidores", diz a companhia, através de nota. Funcionários da empresa, que não quiseram ter seus nomes divulgados, disseram que os caminhões não foram carregados na segunda-feira (5) nem na terça-feira (6). Em setembro, o grupo vendeu 365,7 mil toneladas de resinas no Brasil, seu recorde. Nesses últimos dois dias e meio, após o evento dos hackers, a estimativa é que a Braskem deixou de transportar cerca de 30 mil toneladas em produtos, contudo a companhia não confirma oficialmente esse número.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Gerson Haas, afirma que já há transformadores sentindo dificuldades quanto ao recebimento de resinas. "Os estoques de algumas companhias já estavam apertados em função da falta de materiais e com essa questão dos hackers a situação complicou mais ainda", frisa o dirigente. O empresário comenta que desde julho já se percebia a escassez de resinas no mercado como o polietileno de baixa densidade, usado na fabricação de sacolas, e o polipropileno, empregado em potes e tampas.
De acordo com o presidente do Sinplast-RS, esse fenômeno ocorreu porque a produção nacional petroquímica não está conseguindo atender ao consumo, que está muito aquecido em áreas como de alimentos e bebidas. Apesar dos impactos causados pela ação dos hackers, Haas não acredita que o acontecimento, por se tratar de algo excepcional, possa ter reflexos no processo de venda da Braskem que está na pauta do cenário petroquímico nos últimos anos.