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Economia

- Publicada em 23 de Agosto de 2020 às 14:42

Câmara Brasil Alemanha busca negócios para o Rio Grande do Sul

Marcus Coester foi reeleito para novo mandato na entidade

Marcus Coester foi reeleito para novo mandato na entidade


LUIZA PRADO/JC
Osni Machado
A Câmara Brasil Alemanha no Rio Grande do Sul completou 65 anos de atuação e reelegeu o empresário Marcus Coester como presidente, para um novo mandato de dois anos, até 2022. O diriginte salienta a importância de manter a cooperação com a Alemanha em diversos níveis para fomentar novos negócios. Coester, 53 anos, é o CEO do Grupo Coester, do qual faz parte a empresa Aeromovel Brasil. Ele observa que já há um ecossistema de grandes empresas alemãs operando em solo gaúcho, casos de Fraport, Gedore, Stihl, Thyssenkrupp, SAP, bem como de companhias brasileiras com negócios na Alemanha. O executivo vê possibilidade de novos investimentos em áreas como tecnologia e saneamento, embora o momento atual de pandemia seja adverso.
A Câmara Brasil Alemanha no Rio Grande do Sul completou 65 anos de atuação e reelegeu o empresário Marcus Coester como presidente, para um novo mandato de dois anos, até 2022. O diriginte salienta a importância de manter a cooperação com a Alemanha em diversos níveis para fomentar novos negócios. Coester, 53 anos, é o CEO do Grupo Coester, do qual faz parte a empresa Aeromovel Brasil. Ele observa que já há um ecossistema de grandes empresas alemãs operando em solo gaúcho, casos de Fraport, Gedore, Stihl, Thyssenkrupp, SAP, bem como de companhias brasileiras com negócios na Alemanha. O executivo vê possibilidade de novos investimentos em áreas como tecnologia e saneamento, embora o momento atual de pandemia seja adverso.
Jornal do Comércio - A Câmara Brasil Alemanha existe há 65 anos no Rio Grande do Sul, foi a terceira no Brasil, após Rio de Janeiro e São Paulo. Como surgiu a entidade?
Marcus Coester - As Câmaras Brasil Alemanha seguem regras e padrões reconhecidos pelo Ministério da Economia da Alemanha. São estabelecidas em lugares onde existe uma comunidade empresarial que tenha ou que queira desenvolver relações comerciais com a Alemanha, e aí ela se estabelece através de uma associação empresarial. Hoje, são 140 câmaras em diversos países, três no Brasil. E esta formação, há 65 anos, se deu a partir das empresas alemãs estabelecidas no Rio Grande do Sul, ou de empresários brasileiros com negócios e uma visão de cooperação com a Alemanha.
JC – Quantos associados a Câmara do Rio Grande do Sul tem hoje?
Coester - Em torno de 200 associados. O critério já não é mais muito preciso, existem capitais mistos, empresas que têm sócios brasileiros e sócios alemães… Temos algumas empresas alemãs estabelecidas aqui no Rio Grande do Sul extremamente importantes, mas não é o único perfil. Também temos como associados empresas brasileiras que têm negócios na Alemanha. E coisas curiosas, empresas alemãs vendidas, por exemplo, para um grupo americano e que continuam associadas à Câmara Brasil Alemanha. A visão de negócios com a Alemanha determina se a empresa está associada ou não.
JC - A Câmara contribui na instalação de empresas alemãs no Rio Grande do Sul e em negócios entre companhias locais e da Alemanha. Como está esse trabalho?
Coester - O mundo vive um momento muito recessivo e o Brasil, em especial, vem saindo de uma recessão, tem a pandemia da Covid-19 que inviabilizou, inclusive, viagens, missões internacionais. No que diz respeito, a novos investimentos, diria que neste ano não tem muita expectativa de anúncios relevantes. O papel da Câmara, muitas vezes, é fazer um estudo de mercado para uma empresa alemã que queira se instalar no Brasil, questões jurídicas, tributárias... Há empresas super importantes associadas à Câmara, caso da Fraport, concessionária do aeroporto Salgado Filho, que está em meio a uma crise terrível, é de um setor que foi atingido em cheio com a crise da Covid-19.
JC - Como projeta o pós-pandemia?
Coester – O setor do turismo sofreu um impacto violento, mas tende a voltar naturalmente, provavelmente, ao longo de 2021, vai se recuperar. Outros setores, como a indústria, sofreram menos, muitas fábricas continuaram operando próximo do que se projetava para 2020. Estas empresas precisaram fazer adaptações importantes, principalmente, no cuidado dos seus funcionários. Também vai aparecer oportunidade para novos negócios. Nas relações internacionais, há um novo momento de maior protecionismo, países buscando reativar suas economias através de estímulo interno, um movimento antiglobalizante. Isto implica nas operações internacionais das empresas e oportunidades de negócios, a área de infraestrutura deve receber mais incentivo no curto prazo… Não temos uma crise da economia, temos uma pandemia que afeta a economia. Não dá para fazer adivinhação econômica, deve-se analisar os fatos e ir acompanhando. Ninguém consegue hoje fazer um planejamento, inclusive, para um ano, há muitas incertezas neste cenário.
JC – E as atividades da Câmara no Rio Grande do Sul em meio à pandemia?
Coester - Grande parte são de relacionamento, então, isso passa por reuniões, missões, visitas, feiras, a maioria foi cancelada. Agora apareceram as feiras virtuais, congressos neste formato. A vantagem é a facilidade de participar, mas não é a mesma dinâmica de um evento presencial, onde se pode ver equipamentos, interagir com mais de uma pessoa na hora de uma visita. As reuniões da Câmara, temos feito no formato virtual, também os cursos e seminários.
JC - Qual o balanço que o senhor faz do primeiro mandato na Câmara?
Coester - Existe uma visão não muito positiva de negócios na Alemanha em relação ao Brasil nos últimos anos. A questão ambiental, pegou forte, nosso cônsul fala muito neste assunto. Não estou dando opinião política, estou relatando um fato! O fato é que a comunidade empresarial alemã, hoje, vê o Brasil com preocupação, com restrições, e isso prejudica as missões. As delegações, que eram normalmente três ou quatro por ano por aqui, no ano passado não tivemos nenhuma delegação alemã visitando o Brasil. Tivemos uma participação muito boa, no ano passado, na parte do agronegócio, participação na Expodireto, na Expointer, coordenamos temas e projetos relacionados ao agronegócio entre as câmaras. E tivemos uma manifestação muito bem sucedida com relação aos impasses da expansão da pista do aeroporto de Porto Alegre, se trata de uma empresa associada e de um investimento importantíssimo para o Rio Grande do Sul. O comitê jurídico da Câmara estudou o impasse com a remoção das famílias para a ampliação da pista e se posicionou. Isso foi muito bom, em seguida, outras entidades empresariais, como Fiergs, Federasul, apoiaram este movimento a fim de facilitar o empreendimento do aeroporto. Foi importante, aparentemente acelerou o processo. São alguns exemplos das atividades. Neste momento, temos um desafio adicional, a questão orçamentária, sem eventos em 2020, e também o desafio da transformação digital da Câmara, este esforço de manter as nossas atividades no modo virtual.
JC - E as metas para o novo mandato, até julho de 2022?
Coester – Ampliar a base de associados da Câmara, integração maior com as outras câmaras – este assunto do agronegócio é muito importante –, temos tido sempre uma muito boa interlocução com o governo do Estado. A questão da cooperação internacional é uma meta, neste ano não será viável, mas é uma meta importante dentro destes próximos dois anos. Acho que a Fraport, aqui em Porto Alegre, é uma questão emblemática, não pela só pela ampliação do aeroporto, mas porque é uma empresa de infraestrutura alemã, que não é o tradicional. A Alemanha tradicionalmente trabalha com empresas de manufatura, de tecnologia. Então, queremos acelerar essa inter-relação, investimentos. E há outros temas importantes, como saneamento - na área de equipamentos e tecnologia de saneamento, a Alemanha tem uma estrutura consolidada em termos de tratamento de efluentes, de água, tem um enorme campo a ser percorrido no Brasil. São algumas metas, mas, francamente, estamos focados agora no desdobramento da crise da Covid-19.
JC – Para além dos negócios, como são as atividades da Câmara em função da imigração alemã no Rio Grande do Sul?
Coester - A presença institucional da Alemanha se dá através de consulados e embaixadas, que fazem o papel político-diplomático. E, com as Câmaras de Comércio e Indústria, são negócios, investimentos. A questão do desenvolvimento sustentável é um terceiro pilar para a definição das atividades da Câmara. Então, também temos de pensar atividades, investimentos, indústrias que busquem está questão da sustentabilidade. A questão cultural, especificamente, compete ao Instituto Goethe, que tem sede em Porto Alegre. Claro que a Câmara desenvolve atividades culturais com associados ligadas à imigração. E a existência da Câmara está muito ligada à imigração alemã também, embora, sempre busque uma visão mais contemporânea. Agora tem a preparação para os 200 anos da imigração alemã, em 2024. A Câmara, dentro destas comemorações, sempre busca o seu foco, que são negócios e tecnologia. A comunidade alemã do Rio Grande do Sul sempre se reuniu ao redor da Câmara para questões mais coletivas da indústria, alemães vieram para cá porque tinham afinidade, outras empresas vieram e isso acabou criando um movimento sistemático. Então, não são empresas isoladas: existe uma comunidade, tanto de origem alemã, quanto de empresas aqui no Estado, é muito importante, não existe em muitos lugares do mundo! A Câmara Brasil Alemanha é o catalisador deste ambiente tão especial que temos aqui no Rio Grande do Sul.
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