Mesmo em um cenário de pandemia, Gravataí está recebendo investimentos industriais e serviços. Nesta quinta-feira, será inaugurado o
atacarejo Stock Center, da Comercial Zaffari. Recentemente, foi aberta uma loja da Havan no município da Região Metropolitana, que está licenciando, ainda, um hipermercado Zaffari Bourbon.
O prefeito Marco Alba destaca projetos da construção civil, como o bairro-cidade Prado, condomínio instalado junto à freeway, onde está sendo construída unidade do Colégio Sinodal. Um sinal de que a atividade imobiliária vai bem é que o ITBI (Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis) reagiu nos últimos meses ao ponto de igualar o padrão de arrecadação de antes da crise.
Nesta entrevista ao
Jornal do Comércio, Alba salienta a atração de aportes na área logística, especialmente nas margens da rodovia ERS-118, que está sendo duplicada, comenta a retomada das atividades na General Motors (GM), principal empresa no município, e lamenta a
perda da Mercado Livre, que pretendia se instalar em Gravataí, mas desistiu. O prefeito lembra das negociações e diz que ainda está buscando explicações do governo do Estado sobre o caso.
Jornal do Comércio - A General Motors completou 20 anos de instalação no município. Como estão as atividades?
Marca Alba - Ela (GM) teve três ampliações até a nova linha do carro, geração Onix, mais moderna... A GM ficou alguns meses parada, em março, abril. E voltou na segunda quinzena de maio, obedecendo a todos os critérios sanitários, com a presença na área de produção de 75% dos funcionários. E está produzindo, voltou a trabalhar... A GM representa 45% do total do retorno de ICMS para o município, junto com os sistemistas. É a grande locomotiva da economia do município.
JC - Como estão os investimentos privados no município?
Alba - As margens da ERS-118 têm se tornado um espaço de atração de grandes centros logísticos, como a GLP (Global Logistics Properties), tem mais dois se instalando. Também começa a funcionar o Stock Center no dia 6 de agosto (hoje) e a Havan já abriu (loja). Na área imobiliária, temos vários investimentos, não desaqueceu tanto quanto se imaginava. E tem bastante investimento, (empresas) mostrando projetos, o setor de logística tem se destacado.
JC - E investimentos públicos?
Ala - Nos últimos 24 meses, investimos na casa de R$ 100 milhões em obras de infraestrutura. Fizemos uma via alternativa para quem quer ir para Serra via Gravataí: vem pela BR-290 (freeway) até a GM, atravessa a via que abrimos, avenida Prefeito Acimar Silva, vai na ERS-030, na parada 103, e sai em Morungava, a caminho de Taquara. Quer dizer, desvia do fluxo de vias urbanas, entre Cachoeirinha, Gravataí até Morungava. Temos as rodovias ERS-020 e a ERS-030, que cruzam a área urbana do município - alguns trechos municipalizamos para qualificar a mobilidade viária... Tem a duplicação da ponte do Parque dos Anjos, um canteiro de obras.
JC - Como projeta a retomada da economia no município?
Alba - Com esses investimentos, geramos centenas de empregos. A retomada aqui tem muito a ver com o fato de sermos um município industrial, com matriz metalmecânica. Temos expectativa que melhore logo, porque dependemos muito da condição do mercado internacional e do mercado interno. Estamos no contexto da macroeconomia. Então, a questão mais local é o comércio afetado em função dessas regras do decreto do governador (Eduardo Leite), a retomada não é tão simples assim. Mesmo com a abertura, não vai reaquecer na velocidade e na quantidade desejada para haver um crescimento econômico, ou até uma recuperação do nível que estava em fevereiro e início de março.
JC - Como ficou a questão da empresa Mercado Livre, que desistiu de se instalar no município?
Alba - As negociações com o governo do Estado tratam de tributos estaduais, incentivos, coordenadas pela Secretaria da Fazenda, cujo sigilo é uma prerrogativa nessas negociações de concessão de benefícios. É tratado entre empresa e Fazenda, não participa o prefeito. E tem as negociações municipais, quando protocola o pedido de incentivos, alvará...
JC - Como foram as negociações com a Mercado Livre?
Alba - No município, demos incentivos, em tributos municipais, taxas, IPTU. Depois, tendo em vista que locou um prédio e apresentou o endereço de instalação, nós emitimos o alvará de funcionamento em fevereiro de 2020. No fim de fevereiro, ela (Mercado Livre) anunciou a suspensão das tratativas, em virtude das negociações com o governo do Estado - ela já estava instalada, só precisava autorização para funcionar, que dependia de negociações com o governo do Estado. Como não tinha resposta, suspendeu no dia 27 de fevereiro o andamento do processo de instalação definitiva. E, em junho, me ligou dizendo que tinham encerrado as tratativas com o governo e que não mais viria para Gravataí. Alegou questão de ordem tributária, pediu apenas a mudança do momento da cobrança - como é um centro logístico, recebe os produtos de todos os fornecedores, que ela (Mercado Livre) vende e pelo sistema atual é tributado quando entra no centro de distribuição e ela queria que fosse tributado quando sai, quando fez o negócio. Então, o município fez a sua parte!
JC - Gravataí ainda pretende fazer algum movimento?
Alba - Estamos fazendo movimentos agora mais em relação ao governo do Estado, que nos nega informação! Foram duas reuniões com a Comissão de Economia da Assembleia Legislativa; o secretário titular, substituto (da Fazenda) disse que isto está sob sigilo. E entramos na Justiça, pedindo exibição de documento para avaliar a ação pertinente dos prejuízos que pode ter causado a Gravataí. O juiz aceitou a ação; notificou o Estado para que explique as razões... O município não tem mais o que fazer. O problema foi com a Receita Estadual, que não acatou um pedido de regime especial... Isso acarretou um prejuízo para o município, deixa de ter 2 mil empregos.