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Economia

- Publicada em 27 de Julho de 2020 às 17:22

Categorias apontam dificuldades em obter dados sobre contaminados por coronavírus

Pandemia fechou portas e afetou serviços que se mantiveram abertos nestes cinco meses

Pandemia fechou portas e afetou serviços que se mantiveram abertos nestes cinco meses


LUIZA PRADO/JC
Juliano Tatsch
Uma pandemia como a que o mundo vive atualmente, se combate com informação. De modo geral, os dados a respeito da evolução do Sars-Cov-2 no Rio Grande do Sul estão disponíveis, seja por meio do portal e dos boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS), seja através das atualizações diárias das prefeituras municipais. Entretanto, os dados de como a Covid-19 atinge categorias específicas de trabalhadores ainda são insuficientes, e isso acaba por dificultar ações por parte de empregados e tomadas de decisões pelos empregadores. No caso das categorias consideradas essenciais e que, em razão disso, não pararam em momento algum nos últimos cinco meses, esse cenário é amplificado.
Uma pandemia como a que o mundo vive atualmente, se combate com informação. De modo geral, os dados a respeito da evolução do Sars-Cov-2 no Rio Grande do Sul estão disponíveis, seja por meio do portal e dos boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS), seja através das atualizações diárias das prefeituras municipais. Entretanto, os dados de como a Covid-19 atinge categorias específicas de trabalhadores ainda são insuficientes, e isso acaba por dificultar ações por parte de empregados e tomadas de decisões pelos empregadores. No caso das categorias consideradas essenciais e que, em razão disso, não pararam em momento algum nos últimos cinco meses, esse cenário é amplificado.

Comerciários

Esse é o caso dos comerciários que trabalham em supermercados. Alguns estabelecimentos, principalmente as maiores redes, investiram em sinalização, álcool gel nas entradas e saídas, barreiras físicas entre os funcionários e os clientes, além de limitação de pessoas dentro das lojas. Conforme a assessoria da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), na primeira semana de março foi registrado o maior número de casos de contaminação entre os funcionários, com consequente afastamento. Isso, porém, segundo a entidade, não afetou o desempenho das empresas. A Agas afirma que tem orientado todos os estabelecimentos da mesma maneira, independentemente do tamanho. Para isso, uma cartilha foi produzida para auxiliar e orientar os comerciantes.
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Conforme a Agas, maioria dos afastamentos nos supermercados se deu na primeira semana de março. Foto Marco Quintana/Arquivo/JC
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec) também não possui um levantamento sobre casos e afastamentos entre trabalhadores do comércio na Capital. O presidente da entidade, Nilton Souza Neco, afirma que ocorrências foram registradas no Super Santa Rita e no Super Davi, ambos na zona Sul, em uma unidade das farmácias Panvel, no Centro Histórico, no Mercado Guri, no Partenon, além de casos na rede Zaffari e nas Lojas Lebes. “Considerando estas contaminações, pode se prever que tem muito mais”, afirma o sindicalista.
O Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) é outra entidade que não possui estatísticas sobre afastamentos em razão da pandemia. A percepção, entretanto, é de que comerciantes não tiveram problemas de operação em razão da ausência de funcionários. O principal problema foi, e ainda é, a brusca queda no faturamento. A
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) também não possui dados sobre como o coronavírus afetou a força de trabalho no setor.

Metroviários e Rodoviários

Também considerado essencial, o transporte sofreu com a redução nos faturamentos das empresas, em razão da queda no número de passageiros. Desde o início da pandemia, a Trensurb já teve 76 servidores afastados das funções laborais - 22 afastados por suspeita (sem confirmação), 41 por serem contactantes de casos confirmados e 13 com diagnóstico de Covid-19.
De acordo com a estatal, 33 empregados estão atualmente afastados do trabalho, sendo dois por suspeita de contaminação, sete com casos confirmados e outros 24 por serem contactantes de casos confirmados. A assessoria da empresa aponta que, nos primeiros dias em que o estado de calamidade pública estava em vigor, o serviço foi mais prejudicado em razão de diversos afastamentos, principalmente de operadores de trens. No entanto, com a redução da demanda e o retorno ao trabalho da maioria dos trabalhadores, a situação se ajustou.
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Trensurb adotou sinalizações nas estações e nos veículos, mas sindicato reivindica mais testes para os trabalhadores. Foto: Trensurb/Divulgação/JC
O presidente do Sindimetrô, que representa os trabalhadores metroviários, aponta que, na última semana, houve uma ‘explosão de casos”, com ao menos 12 confirmações na Trensurb. “No início de março, por pressão dos trabalhadores, a empresa chegou a afastar mais de 400 do grupo de risco. Mas, unilateralmente, em 1º de maio, mandou todos voltarem. Hoje, estão todos trabalhando. O máximo que conseguimos, depois de muita briga com a empresa, foi termos um rodízio, mas são muito poucos”, critica Luís Henrique Chagas.
O sindicato também afirma que é o Sindimetrô que está fazendo testes dos servidores, na medida em que a empresa não faz. “Temos feito testagem a dois meses. Nós identificamos os trabalhadores que tiveram contato com pessoas contaminadas e fazemos os testes para, depois, solicitarmos o afastamento.” Outro ponto criticado pelo sindicalista diz respeito à higienização dos veículos e das estações. Conforme Chagas, nas estações terminais, no máximo três pessoas atuam na limpeza de oito vagões. “É humanamente impossível. A empresa enrola, diz que está fazendo a higienização correta, mas não está. As estações, todas elas, também deveriam ter álcool gel acessível aos usuários, e não têm”, enfatiza.
Já no sistema de ônibus de Porto Alegre, o novo coronavírus veio para aprofundar ainda mais uma crise que se arrasta a anos. Com a redução no número de passageiros – consequência direta da chegada dos aplicativos de transporte individual e do preço alto da tarifa – o prefeito Nelson Marchezan Júnior chegou a admitir que o sistema está falido como modelo. Conforme a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), que representa as empresas operadoras do transporte coletivo municipal, aproximadamente 650 funcionários estão afastados por serem do grupo de risco para a Covid-19.
Até o momento, 19 funcionários das empresas privadas foram detectados com o vírus – a associação não tem os números da Carris. A ATP destaca que, ao todo, são cerca de 6,5 mil funcionários no sistema privado. A associação celebra o baixo número de profissionais contaminados, levando-se em consideração que, desde o início da pandemia até 21 de julho, foram transportados 29,8 milhões de passageiros, incluindo os da Carris.
A Carris e o Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (Stetpoa) foram procurados pela reportagem do Jornal do Comércio para falar sobre o impacto da pandemia, mas não retornaram o pedido de informações.

Bancários

Assim como os supermercados, os bancos também não suspenderam o atendimento ao público desde março. A atuação dos bancários, inclusive, ganhou destaque desde que o pagamento do auxílio emergencial pelo governo federal resultou em imensas filas na frente de agências bancárias, principalmente nas instituições estatais.
Denise Corrêa, diretora de Saúde da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras no Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS), também relata dificuldade na obtenção de informações acerca da quantidade de bancários infectados pelo vírus. “Temos cobrado dos bancos, mas eles não dão essa informação”, ressalta.
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Pagamento do auxílio-emergencial gerou longas filas e aglomerações nas agências bancárias. Foto: Marco Quintana/Arquivo/JC
Assim como as outras entidades sindicais e patronais consultadas, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (Sindbancários) também não conta com um levantamento sobre casos entre os trabalhadores. Segundo a assessoria, a entidade está atuando mais qualitativamente, por meio da criação comitês de crise da Covid-19 com os bancos para analisar os protocolos de combate ao coronavírus. A percepção do sindicato, porém, é da existência de um aumento de casos. Apesar disso, Denise acredita que a categoria “está se saindo relativamente bem” em meio à pandemia. “Temos pouca mortalidade”, indica.
As reivindicações dos trabalhadores englobam atendimento por agendamento, um cliente por funcionário dentro da agência, diminuição da jornada de trabalho, equipamentos de proteção individual, limpeza mais efetiva nos bancos e revezamento das equipes. No caso de ter Covid, acertamos que a agência tem de ser sanitizada e todas as pessoas com a doença, com sintomas ou com contato serem afastadas. “Também estamos reivindicando testagem em massa da categoria para os bancos. O Estado não tem condições de testar todo mundo, como é preconizado. Quem se saiu melhor nesta pandemia é quem testou mais”, diz Denise.
Representando instituições bancárias, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, em nota, que tão logo a pandemia foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 230 mil bancários entraram no sistema de home office. O número, segundo a entidade, representa mais da metade do total de trabalhadores do setor no País.
“Desde março, quando a pandemia chegou ao Brasil, os bancos criaram duas mesas de negociação nacional permanente sobre Covid-19 em conjunto com as mais de duzentas entidades sindicais que representam os 450 mil bancários do país. Esse fórum tinha como objetivo a elaboração de medidas para garantir a proteção da saúde dos bancários”, destaca a Febraban. “Além disso, as maiores instituições financeiras do país colocaram serviços de telemedicina à disposição dos bancários para que possam se prevenir e controlar o surgimento dos sintomas”, diz a instituição.
Entre as medidas adotadas pelos bancos, a Febraban cita a implementação de medidas de proteção e prevenção nos ambientes de trabalho, o incentivo ao distanciamento social, a elaboração de etiqueta respiratória e de higienização das mãos, a intensificação de rotinas de limpeza e desinfecção dos ambientes de trabalho e melhoria na ventilação, além da distribuição de equipamentos de proteção individual (EPI) como máscaras e viseiras.

Previdência não têm dados específicos sobre auxílio-doença por Covid-19

Um indicador consistente para se ter uma noção ampla a respeito do impacto da pandemia na força de trabalho seria verificar a quantidade de auxílios-doença concedidos pela Previdência Social para segurados que apresentaram diagnóstico para o novo coronavírus.
Esse dado, entretanto, não existe. Conforme a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do governo federal, não existe classificação específica para a Covid-19 no Brasil. Em Nota Técnica, o Ministério da Saúde afirma que, apesar de a OMS recomendar o uso de um código específico (CID-10 U07.1) na Classificação Internacional de Doenças (CID) para o diagnóstico da doença respiratória aguda devido ao Covid-19, a categoria U07 não existe no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) brasileiro. “Assim, como o SIM do Ministério da Saúde ainda não foi atualizado para utilizar o CID U.07, os sistemas do INSS também não foram”, afirma a Secretaria Especial, em nota.
Sem informações sobre a Covid-19, outra possibilidade seria analisar a variação da concessão do auxílio-doença. Um aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior indicaria uma quantidade maior de pessoas pedindo afastamento do trabalho.
De acordo com a Previdência, porém, seria incorreto fazer comparação entre os períodos, na medida em que, desde março, não houve concessão do benefício com perícia médica, e sim antecipação da concessão por meio de envio de atestado médico pelo portal Meu INSS.
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