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Mercado Imobiliário

- Publicada em 19 de Julho de 2020 às 20:29

Desocupação de imóveis cresce em meio à pandemia

Negociação de contratos, residenciais ou comerciais, é o que toma maior tempo das imobiliárias hoje

Negociação de contratos, residenciais ou comerciais, é o que toma maior tempo das imobiliárias hoje


/GILMAR LUÍS/arquivo/JC
Não bastasse a retração em torno de 50% das locações nos meses de abril e maio, as administradoras de imóveis para aluguel na Capital também estão tendo que lidar com a alta nas desocupações que ocorreram em junho.
Não bastasse a retração em torno de 50% das locações nos meses de abril e maio, as administradoras de imóveis para aluguel na Capital também estão tendo que lidar com a alta nas desocupações que ocorreram em junho.
Em meio à crise gerada pela pandemia de Covid-19, imobiliárias têm trabalhado principalmente nas renegociações de dívidas entre inquilinos e proprietários. "Para piorar, como locação de imóvel não é considerado um serviço essencial, estamos tendo que trabalhar no modelo home office, o que dificulta o acesso a documentos, pois não temos tudo digitalizado", comenta a proprietária da Imobiliária Farrapos, Simone Camargo.
Segundo a empresária, o fechamento do comércio aliado às demissões que ocorreram nos dois primeiros meses de isolamento social geraram uma busca massiva por renegociações de dívidas. "Os inquilinos de imóveis comerciais suportaram o primeiro mês, mas muitos não aguentaram e estão encerrando as atividades e entregando os imóveis", afirma Simone. Segundo ela, nos últimos quatro meses ocorreu um volume grande de renegociações de "percentuais diferentes (de 20% a 100% de desconto), de acordo com a atividade comercial da locação". "No entanto, nem todos os proprietários concederam os descontos e atividades que não foram elencadas como essenciais tiveram que fechar."
De carona, muitos serviços essenciais também tentaram negociar valores, comenta Simone. Teve até supermercado e farmácia solicitando o benefício. "No comercial tem se negociado bastante o reajuste de aluguéis, os proprietários entendem a dificuldade dos inquilinos", pondera o vice-presidente de Comercialização do Sindicato da Habitação do Rio Grande do Sul (Secovi-RS/Agademi), Leandro Rossi de Moraes Hilbk. "Mas é realidade que pequenos negócios que locavam salas comerciais estão rescindindo contratos."
O dirigente do Secovi-RS/Agademi afirma que nos últimos três meses a desocupação aumentou muito e a ocupação está um pouco abaixo da média dos últimos anos, quando comparado o mesmo período (de março a junho). "Além disso, muitas pessoas estão sendo demitidas, o que tem levado à entrega também de imóveis residenciais", completa Hilbk.
"Um segmento que está bastante em queda é o de locação universitária, e os estudantes que alugavam imóveis estão voltando para as cidades de origem e entregando os apartamentos", observa o vice-presidente de Comercialização do Secovi-RS.
"Inicialmente achamos que ia ser maior a desocupação de imóveis residenciais, mas como temos conseguido renegociar com os proprietários, não tem acontecido tanto - pode-se dizer que está dentro da normalidade de uma média anual", contrapõe a diretora de Aluguéis da Guarida Imóveis, Júlia Dal Santo.
"A entrega só tem acontecido em casos onde os proprietários ficam irredutíveis, mas isso representa menos de 3%." Ainda segundo Júlia, houve recuo significativo no aluguel de conjuntos e salas comerciais. "Já era fraco, agora parou de vez."
De acordo com o sócio-diretor da Prol Imobiliária, Rafael Padoin, as negociações estão ocorrendo especialmente em imóveis comerciais, nos casos que forma impactados totalmente ou parcialmente pelos decretos. No caso da empresa, além dos descontos efetivos, também estão ocorrendo descontos deferidos, que retornarão ao proprietário assim que o inquilino conseguir pagar.
"Estamos analisando variáveis que são significativas, a exemplo da redução de circulação nas ruas, já que há endereços onde os comerciantes sofrem impacto maior; e do faturamento dos locatários." Segundo Padoin, a imobiliária vem tentando buscar um equilíbrio para que tanto locador como locatário não saiam prejudicados.

Ajustes e adequações são outro fenômeno recorrente

Home office despertou interesse por residências mais amplas

Home office despertou interesse por residências mais amplas


/MARCELO CAMARGO/ABR/JC
Muitas das desocupações de imóveis residenciais também estão ocorrendo por conta de adequações dos inquilinos, reforça o sócio-diretor da Prol Imobiliária, Rafael Padoin. "São situações que também aquecem o mercado, visto que há procura por ajustes, como mudar a metragem, os valores e a localização do imóvel. Vemos essas necessidades pontuais, a busca por imóveis mais modernos, com arquitetura mais contemporânea, que permitam trabalhar em casa", diz.
"Notamos que, com a tendência de empresas permanecerem em regime de home office, a busca por imóveis com três dormitórios, que estava mais devagar, cresceu 93%", observa a diretora de Aluguéis da Guarida Imóveis, Júlia Dal Santo. Também a procura por casas em condomínio teve alta significativa, chegando a 109% no período, emenda a gestora da Guarida. "Os bairros mais distantes, que não eram tão procurados, estão em alta, por conta de uma maior qualidade de vida para aqueles que seguirão trabalhando em regime de home office." 

Setor estima que desemprego amplia a entrega de imóveis

Se a desocupação já é maior que a ocupação de imóveis, este cenário pode piorar nos próximos meses, de acordo com a avaliação do vice-presidente de Comercialização do Secovi-RS, Leandro Rossi de Moraes Hilbk. "Em um primeiro momento, se imaginou que não haveria pedido de desocupação residencial, mas o movimento já vem ocorrendo, partindo daqueles com dificuldades financeiras, redução de salário ou que foram demitidos. De alguma forma, isso deve continuar por algum tempo porque a pandemia não se resolveu."
Na avaliação do dirigente, o "abre e fecha" faz pequenos negócios ficarem muito afetados. "Por isso achamos que vai refletir de alguma forma no desemprego, o que vai levar as pessoas que alugam a revisarem as moradias." Segundo Hilbk, o setor já estima um aumento da desocupação de imóveis residenciais nos próximos meses. "A tendência é que as famílias cujos filhos moravam sozinhos, por exemplo, voltem para casa, e que os desempregados migrem para moradias compartilhadas com outras pessoas."