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Economia

- Publicada em 17 de Julho de 2020 às 03:00

Fim do auxílio pode pressionar índice de desemprego

Em maio, população ocupada somava 83,4 milhões de brasileiros

Em maio, população ocupada somava 83,4 milhões de brasileiros


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A perda de ocupação entre os trabalhadores informais em meio à pandemia é mais que o dobro daquela registrada entre empregados formais, aponta estudo do Ibre-FGV, divulgado nesta quinta-feira. Com nível recorde de pessoas fora do mercado de trabalho, devido ao isolamento social e também à garantia de uma renda mínima pelo auxílio emergencial, a volta desses trabalhadores à busca por ocupação deve pressionar a taxa de desemprego nos próximos meses.
A perda de ocupação entre os trabalhadores informais em meio à pandemia é mais que o dobro daquela registrada entre empregados formais, aponta estudo do Ibre-FGV, divulgado nesta quinta-feira. Com nível recorde de pessoas fora do mercado de trabalho, devido ao isolamento social e também à garantia de uma renda mínima pelo auxílio emergencial, a volta desses trabalhadores à busca por ocupação deve pressionar a taxa de desemprego nos próximos meses.
A taxa de desocupação estava em 12,9% no trimestre encerrado em maio, de acordo com dados do IBGE - índice acima dos 11,6% registrados até fevereiro, antes do início das medidas de distanciamento adotadas para conter o avanço da Covid-19. O indicador, porém, não reflete a realidade do mercado de trabalho brasileiro em meio à pandemia, já que muitas pessoas perderam suas ocupações, mas não estão procurando um novo emprego - e, por isso, não são consideradas desempregadas.
Segundo o estudo, a população ocupada brasileira somava 83,4 milhões de pessoas em maio, ante 93,5 milhões no mesmo mês de 2019, uma queda de 10,7%, recorde na série histórica iniciada em 2012. Entre os informais, a redução da ocupação foi de 15,1% em maio. O número de informais despencou de 44,9 milhões em maio de 2019, para 38,1 milhões em maio deste ano, com 6,7 milhões a menos de trabalhadores informais ocupados. Já os formais diminuíram de 48,7 milhões para 45,4 milhões.
No levantamento, são considerados informais os trabalhadores privados e domésticos sem carteira assinada, empregadores sem CNPJ, trabalhadores por conta própria e trabalhadores que auxiliam familiares sem remuneração. Ao fim de 2019, enquanto um empregado do setor privado com carteira assinada tinha renda média de R$ 2.226,00, o informal ganhava R$ 1.462,00, a doméstica sem carteira recebia R$ 773,00 e o trabalhador por conta própria, R$ 1.734,00.
Na crise de 2014 a 2016, a informalidade funcionou como uma espécie de "colchão" para o mercado de trabalho, absorvendo parte dos trabalhadores que perderam vagas no mercado formal. Em meio ao isolamento social, o emprego informal não consegue cumprir essa função, ao ser o mais afetado pelas medidas de distanciamento.
"O governo tem pouca capacidade de agir sobre o mercado de trabalho informal, esse é um grande problema em termos de política pública", observa o pesquisador Daniel Duque, do Ibre-FGV, lembrando que, no mercado formal, as medidas de suspensão de contratos e redução de jornadas ajudaram a preservar empregos.
Para Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX Investimentos, o mercado de trabalho pode sofrer uma mudança estrutural no pós-pandemia, com o rápido avanço tecnológico provocado pela crise contribuindo para uma redução da demanda por trabalho menos qualificado.
"É provável um desemprego estrutural que permaneça elevado por mais tempo, ainda que nossa vida volte ao normal", diz. Segundo ela, como os informais são em grande parte trabalhadores pouco qualificados e de menor escolaridade, eles devem enfrentar dificuldade ainda maior de se reinserir no mercado formal.
A economista estima que a taxa de desemprego, hoje próxima dos 13%, pode subir rapidamente para perto dos 20% com a volta dos trabalhadores ao mercado após o relaxamento do isolamento e o fim do auxílio emergencial.
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