Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Turismo

- Publicada em 05 de Julho de 2020 às 20:23

Hostels se reinventam para enfrentar pandemia

Brick Hostel agora é hospedagem para mensalistas, explica Costa

Brick Hostel agora é hospedagem para mensalistas, explica Costa


/Brick Hostel/divulgação/jc
Sobreviventes dos três primeiros meses da crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19, os poucos hostels que restam de portas abertas na Capital precisaram adaptar o modelo de negócio. Muitas destas hospedagens passaram a alugar quartos individuais para mensalistas, a exemplo do Brick Hostel, localizado no bairro Rio Branco. "Vamos inclusive anunciar a moradia temporária no Airbnb", comenta o proprietário da hospedagem, João Araújo de Menezes Costa. "Seguimos sendo uma residência compartilhada, mas agora com quartos privativos. Temos uma estrutura de sete suítes e dois quartos sem banheiro", pondera.
Sobreviventes dos três primeiros meses da crise econômica gerada pela pandemia de Covid-19, os poucos hostels que restam de portas abertas na Capital precisaram adaptar o modelo de negócio. Muitas destas hospedagens passaram a alugar quartos individuais para mensalistas, a exemplo do Brick Hostel, localizado no bairro Rio Branco. "Vamos inclusive anunciar a moradia temporária no Airbnb", comenta o proprietário da hospedagem, João Araújo de Menezes Costa. "Seguimos sendo uma residência compartilhada, mas agora com quartos privativos. Temos uma estrutura de sete suítes e dois quartos sem banheiro", pondera.
Logo que foi anunciada a pandemia, e uma semana depois de adotar as medidas sanitárias recomendadas, na primeira quinzena de março, Costa percebeu que somente caprichar na higienização do ambiente não seria suficiente. "Em geral, nosso público era de estudantes de pós-graduação que vinham à cidade em intervalos de 15 dias. Por isso, logo que os eventos começaram a ser cancelados em massa, também fechamos as portas, em 18 de março."
Com a operação encerrada, a gestão do Brick Hostel reembolsou financeiramente ou concedeu crédito (para hospedagem futura) aos clientes que já haviam reservado diárias para o decorrer de 2020. Em paralelo, mesmo com a atividade parada, se manteve atendendo dois hóspedes estrangeiros (um alemão e um egípcio) até o início de abril. "Encerramos a operação porque percebemos que ficava muito oneroso manter o negócio aberto, uma vez que a taxa de ocupação em Porto Alegre com a presença do coronavírus caiu para 20%", recorda Costa. Antes de transformar (a princípio provisoriamente) o modelo de negócio em uma residência com cobrança de mensalidade, ele ainda tentou uma parceria com um hospital próximo do hostel, sugerindo hospedagem para parentes dos pacientes de fora da cidade.
"Como não tinha colapsado o sistema de saúde e ainda eram poucos os casos aqui no Sul, a ideia não vingou, e seguimos fechados", conta o empresário. Naquele período, ele ainda teve que lidar com negociações junto a fornecedores e demitir dois colaboradores. "Conseguimos baixar em torno de 60% do custo fixo da empresa, e tínhamos a expectativa de reabrir em outubro ou novembro de 2020, mas acredito que seguiremos no modelo atual (funcionando como uma espécie de república estudantil) por mais um tempo", sinaliza Costa. Ele emenda que a empresa ficou dois meses e meio sem nenhum faturamento. E ainda que a procura esteja ocorrendo, até agora o novo modelo captou somente dois mensalistas.

Porto Alegre já chegou a oferecer 400 leitos em 17 estabelecimentos

Inaugurado em 2011, Hostel Boutique reabriu as portas há 45 dias

Inaugurado em 2011, Hostel Boutique reabriu as portas há 45 dias


/MARIANA CARLESSO/arquivo/JC
Segmento que cresceu e chegou contar com 400 leitos distribuídos em 17 operações na Capital, em 2015, as hospedagens compartilhadas têm enfrentado queda na demanda, desde a chegada do surto de Covid-19 no País.
No início de 2020 o número de empresas do segmento já havia baixado para 13. "Talvez os hostels precisem se adaptar e passar a oferecer quartos com menos ocupação após a pandemia", avalia a ex-proprietária do Porto do Sol, Caroline Klein Silva. "Não acredito em extinção, até porque temos basicamente três tipos (de perfil de comportamento) de pessoas em relação à pandemia: os "nem aí", os ressabiados e os extremamente preocupados", avalia. "A população em geral está no meio termo, e por isso acredito que talvez com algumas mudanças se possa voltar ao trabalho gradualmente na pós-pandemia, e aos poucos voltar ao modelo que era", opina a empresária.
Esposa do proprietário do Rock Hostel, Thiago Requia, Caroline comenta que no caso da empresa do marido, "possivelmente por questão de logística, seguirá apenas com os quartos individuais." A hospedagem, localizada no Centro de Porto Alegre, é outro exemplo de empresa que alterou o modelo de negócio, para seguir aberta no período de isolamento social. "No entanto, o movimento está muito baixo, e está sendo bem difícil manter e cobrir os custos - praticamente não está dando lucro", admite Caroline. "As pessoas que estão vindo são as que realmente precisam, e que procuram valores bem baixos na mensalidade. Estamos tendo pouco contato com os hóspedes, em geral tudo é feito de forma on-line."
A ex-proprietária do Porto do Sol (pioneiro na capital gaúcha), destaca que vinha desde 2015 sofrendo consequências da crise econômica e fechou as portas do hostel dois anos antes da pandemia. Naquela época, a ocupação dos hostels era em torno de 42%, menor que a da hotelaria. Também o Casa Azul, famoso na Cidade Baixa, abandonou há dois anos a operação de hostel para funcionar apenas como bar. "Estamos operando dentro do limite de 50% de capacidade", informa o proprietário do Hostel Boutique, Paulo Marcos Martins Ramires. "Nosso foco tem sido mais a prestação de serviço para empresas, uma vez que a perspectiva de turismo ficou bem comprometida para este ano."
De acordo com Ramires o movimento é uma tentativa de manter as operações funcionando. Depois de dois meses sem poder funcionar, tendo realizado três demissões, redução de jornada de trabalho da cozinheira, e trabalhando só com o restaurante, Ramires reabriu o Hostel Boutique há cerca de 45 dias. "Minha ocupação, que já foi de 50% caiu para 35%, e tenho também uma cota fixa para mensalistas". Dentre as adaptações feitas na operação, Ramires cita medidas de sanitização, distanciamento de dois metros entre as mesas do restaurante, muito álcool em gel disponível e aplicado na limpeza, incluindo maçanetas das portas e uso obrigatório de máscaras.

Mensalidade vinha sendo aplicada por algumas empresas

Diferentemente do Airbnb, que também é uma alternativa de hospedagem diária com preço acessível, os hostels são estabelecimentos focados na interação das pessoas. Além de oferecer camas baratas, em quartos e demais espaços compartilhados, estes locais anteriormente tinham o diferencial de promover a convivência entre os usuários, facilitando que os hóspedes fizessem amizades e intercâmbio de culturas e conhecimentos. Nem todos os modelos trabalham com diária, a exemplo do Hostel Casa Pôr do Sol, no bairro Petrópolis.
De acordo com a proprietária, Daniela Almeida Ribeiro, a empresa já havia optado pelo aluguel mensal antes mesmo da pandemia. "Nosso público alvo é estudantil, não tem uma rotatividade grande, mas de qualquer forma não estamos mais aceitando novos hóspedes", comenta a gestora. Atualmente, a casa já conta com sete mensalistas, sendo que alguns já estão estabelecidos ali há cerca de dois ou três anos.
"Mesmo com o público fixo, estamos enfrentando dificuldades, ficou o pessoal que está estabilizado, com seu trabalho; e os demais moradores acabaram migrando para seus estados de origem", comenta Daniela. Dentre as medidas tomadas a partir da pandemia, Daniela destaca que para evitar mais prejuízos reduziu alguns serviços e estrutura. "Só mantivemos a internet e tv a cabo, porque é essencial para as pessoas que seguem aqui trabalhando e estudando de forma on-line."
Conforme a proprietária do Hostel Pôr do Sol, a administração também cuida bastante os hábitos dos hóspedes. "Tem três mensalistas que trabalham fora, e conforme acordado, eles estão tomando todos os cuidados, a exemplo de retirar os sapatos na porta de entrada, ir imediatamente tomar um banho, e demais regras do protocolo de higienização, como se fosse uma família."