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Economia

- Publicada em 05 de Julho de 2020 às 20:25

Acceitec crê na reversão da decisão do governo

Ponto 'nevrálgico' é sobre a capacidade tecnológica da fábrica

Ponto 'nevrálgico' é sobre a capacidade tecnológica da fábrica


CEITEC/DIVULGAÇÃO/JC
Patricia Knebel
Documentos para sensibilizar as autoridades, audiências com empresários, parlamentares e representantes do governo do Rio Grande do Sul e manifestações públicas têm feito parte da rotina dos funcionários da Ceitec desde que, em junho, veio a público a decisão do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, de liquidar a empresa.
Documentos para sensibilizar as autoridades, audiências com empresários, parlamentares e representantes do governo do Rio Grande do Sul e manifestações públicas têm feito parte da rotina dos funcionários da Ceitec desde que, em junho, veio a público a decisão do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Ministério da Economia, de liquidar a empresa.
"Fomos todos pegos de surpresa, pois esperávamos que o anúncio seria de que o governo iria privatizar a empresa. Não foi uma decisão técnica e temos esperança na reversão da decisão", afirma o engenheiro de inovação e patentes da Ceitec e porta voz da Associação dos Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Júlio Leão.
Muito desta expectativa vai na direção da sensibilização de pessoas que possam intervir. Para isso, a entidade criada em 2014 criou um documento em que defende a permanência da empresa como estatal, apontando que a Ceitec possui produtos de alta tecnologia prontos para atender demandas imediatas da sociedade, como chips, etiquetas eletrônicas e sensores para aplicações variadas. "A Ceitec é a única empresa na América Latina que atua no projeto e fabricação de circuitos integrados e é parte fundamental para o desenvolvimento da cadeia produtiva de eletrônica no Brasil", diz o material. A criação de um corpo de gestores executivos para a empresa, a readequação dos equipamentos da fábrica e a divulgação ampla das consultorias prestadas gratuitamente pela empresa para grandes players durantes todos esses anos são o tripé da proposta elaborada pela associação para que a Ceitec possa se tornar uma operação sustentável. Isso porque, uma das grandes críticas do governo federal é, justamente, o baixo faturamento da operação, o que a torna dependente de recursos públicos.
Para Leão, um dos maiores problemas da Ceitec é a forma como a empresa tem sido gerida. "Precisamos ter à frente um gestor que seja um executivo da área industrial de semicondutores. Como empresa pública, tivemos gestores qualificados, como políticos e professores universitários, mas não para esse tipo de negócio", analisa Leão. Os funcionários sugerem ainda a criação de um conselho técnico formado por grandes nomes da área da indústria e universidade. "Morei 10 anos fora do Brasil e trabalhei no Vale do Silício (EUA) e lá todas as empresas de tecnologia, das startups aos grandes players, contam com profissionais renomados que se reúnem umas três vezes ao ano e dão o direcionamento técnico da operação", comenta.
Outro ponto nevrálgico é o da fábrica. É grande a desconfiança do governo federal e de parte do mercado sobre a capacidade tecnológica da empresa de atender projetos de alto nível. Mas, para porta voz da Acceitec, as pessoas desconhecem a fábrica.
A unidade fabril é dividida em duas partes. O front end é responsável por fazer a primeira parte de um circuito integrado, e a back end, a final. O porta voz da associação explica que os equipamentos do back end têm cerca de três a quatro anos de uso, e não são os doados pela Motorola na época da construção da empresa. "Eles são o estado da arte da tecnologia", diz. Já os de front end realmente são antigos, mas, segundo Leão, podem ser aproveitados para diversos projetos menos complexos, como os sensores que permitem identificar doenças a partir de uma gota de sangue ou saliva, como Covid-19. A Acceitec sugere desligar 59 equipamentos de front end, vendê-los e reinvestir na fábrica para aumentar a linha de produção de back end. "Isso diminuiria o custo operacional da fábrica em R$ 2,5 milhões por ano", projeta.
Por fim, a associação defende que seja dada mais visibilidade para o trabalho de consultoria que a empresa tem feito todos esses anos gratuitamente, justamente por ser uma companhia pública. "A direção da Ceitec nunca divulgou isso, mas temos ajudado muitas empresas a se automatizarem e, assim, aumentarem o seu faturamento. Temos o potencial de ajudar cadeias produtivas a migrar para a Indústria 4.0", comenta Leão, citando a patente compartilhada criada com a Pirelli para criação de tag para identificação de pneus.
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