Com o decreto que aumentou as restrições em Porto Alegre, anunciado na segunda-feira pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior e o governador Eduardo Leite, o setor de alimentação teme pela viabilidade dos seus negócios.
Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços alimentícios tiveram que paralisar suas atividades na quinta-feira como parte do fechamento escalonado promovido pela administração municipal. O fechamento é comum a todos os estabelecimentos do setor, assim como os efeitos negativos de uma paralisação forçada e marcada praticamente na véspera.
Um dos estabelecimentos afetados foi o Ristorante Fontana, no bairro Bom Fim. Para Rafael Broi, um dos sócios proprietários do Fontana, a notícia da volta das restrições foi uma surpresa no começo da semana. O restaurante vinha funcionando nos últimos 30 dias seguindo as regras implementadas pela prefeitura, e agora teve que fechar as portas para os clientes físicos novamente.
O empresário aponta que, como empreendimentos de gastronomia trabalham com muitos alimentos perecíveis, o encerramento temporário das atividades causa um impacto ainda mais forte. "Acabei disponibilizando para os funcionários uma grande parte (dos insumos) e o restante tive que fazer descarte", relata.
De acordo com Broi, o restaurante tem uma estrutura para trabalhar com almoço executivo, mas está trabalhando com take-away como alternativa para minimizar os impactos da crise provocada pela pandemia.
Alimentos perecíveis foram doados e parte descartada, lamenta Rafael Broi. Foto: Luiza Prado/JC
O restaurante já tinha serviço de tele entrega à noite, e desde o mês de março adaptou os serviços para também fazer entrega no horário do dia. O restaurante tem 35 funcionários capacitados para servir 450 almoços ao dia, e agora está fazendo de 70 a 80 entregas por dia.
Ele explica que houve um momento maior de tranquilidade quando havia o incentivo financeiro do governo, mas, passados os 60 dias deste benefício, agora ele tem que arcar com as despesas e o quadro de funcionários sem ter entrada de receita para pagar os vencimentos. "Por enquanto ainda tem uma gordura, mas se isso continuar assim não sei como vai ser", lamenta.