O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na noite desta quarta-feira (17), por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica da economia) em 0,75 ponto porcentual, de 3,00% para 2,25% ao ano. Este é o oitavo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.
Em função do corte, o Brasil também passou a registrar juro real (descontada a inflação) negativo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que, com a Selic a 2,25%, o juro real brasileiro passou a ser de -0,78% ao ano. O País possui agora o 14º juro real mais baixo do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.
O corte desta quarta da Selic era esperado pela maioria dos economistas do mercado financeiro. Isso porque, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica despencou no Brasil, assim como a inflação. A avaliação era de que o BC seria levado a reduzir novamente a Selic para estimular a economia.
De um total de 54 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 52 esperavam por um corte de 0,75 ponto da Selic, para 2,25% ao ano. Duas casas aguardavam pela redução da taxa básica em 0,50 ponto, para 2,50% ao ano.
O centro da meta de inflação perseguida pelo BC em 2020 é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).
Fiergs diz que redução é importante, mas destaca necessidade de outras medidas
Em nota divulgada no fim da tarde desta quarta, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) aponta que a desaceleração econômica provocada pela pandemia justifica o corte na taxa de juros. Ainda assim, o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry, entende haver necessidade de outras iniciativas a serem tomadas.
“Nesse momento de exceção, apenas o corte da taxa Selic não tem sido suficiente para a melhora nas condições de crédito. O custo de captação mais barato às instituições financeiras não necessariamente tem significado redução de financiamento às empresas. Nesse sentido, temos levado ao governo medidas que diminuam os entraves burocráticos na concessão de crédito”, afirma.