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- Publicada em 05 de Junho de 2020 às 03:00

Endividados de risco são 4,6 milhões no Brasil

Quanto mais avançada a idade, maiores as chances de calote

Quanto mais avançada a idade, maiores as chances de calote


/VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Cerca de 4,6 milhões de endividados no Brasil devem a instituições financeiras mais do que podem pagar. É o chamado, pelo Banco Central (BC), de endividamento de risco, formado por casos em que há inadimplência, comprometimento de renda, empréstimos em várias modalidades e renda abaixo da linha da pobreza. No Brasil, a população com carteira de crédito ativa atingiu 85 milhões de tomadores em dezembro de 2019. Desse total, 5,4% ou 4,6 milhões de tomadores estavam em situação de endividamento de risco, informou nesta quinta-feira o BC no Relatório de Economia Bancária.
Cerca de 4,6 milhões de endividados no Brasil devem a instituições financeiras mais do que podem pagar. É o chamado, pelo Banco Central (BC), de endividamento de risco, formado por casos em que há inadimplência, comprometimento de renda, empréstimos em várias modalidades e renda abaixo da linha da pobreza. No Brasil, a população com carteira de crédito ativa atingiu 85 milhões de tomadores em dezembro de 2019. Desse total, 5,4% ou 4,6 milhões de tomadores estavam em situação de endividamento de risco, informou nesta quinta-feira o BC no Relatório de Economia Bancária.
Para fazer essa análise, o BC considerou como endividado de risco o tomador de crédito que atende a dois ou mais destes critérios: atrasos superiores a 90 dias no pagamento das parcelas de crédito; comprometimento da renda mensal acima de 50% devido ao pagamento do serviço das dívidas (pagamento de juros e amortizações do valor emprestado); várias modalidades de crédito simultaneamente: cheque especial, crédito pessoal sem consignação e crédito rotativo; renda disponível (após o pagamento do serviço das dívidas) mensal abaixo da linha de pobreza (R$ 439,03 mensais).
De acordo com o relatório, o percentual de endividados de risco é crescente com a idade, atingindo 7,8% da população endividada acima de 65 anos, praticamente o dobro do observado nos tomadores com até 34 anos (3,8%). Ou seja, dos 12,4 milhões de tomadores de crédito com idade acima de 65 anos, 1 milhão eram endividados de risco (7,8%). Entre 34 a 54 anos, o percentual é 4,9%, e entre 55 e 65 anos, 7,2%.
Quanto à faixa de renda mensal, a classe dos tomadores com renda entre R$ 5 mil e R$ 10 mil é a que apresenta a maior parcela de endividados de risco, 6,5%. Até R$ 1 mil, o percentual é 5,7%, entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, 4,7%, entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, 5,6%, acima de R$ 10 mil, 4,7%.

Mudanças no cheque especial podem reduzir despesas com juros

As mudanças feitas no cheque especial, uma das linhas mais caras do País, podem diminuir as despesas com juros dos correntistas em até R$ 7,2 bilhões em 12 meses, conforme simulações do Banco Central. A modalidade é um dos alvos da 'pauta bomba' contra o sistema financeiro no Congresso, mas passou a contar com uma nova regulamentação em janeiro, com os bancos sendo obrigados a limitarem as taxas cobradas em até 8% ao mês.
Em contrapartida, as instituições puderam passar a cobrar uma tarifa de até 0,25% sobre o valor limites que ultrapassassem R$ 500,00. Em geral, os bancos, porém, acabaram por não se valer da medida diante do aumento da concorrência com fintechs e outros novos entrantes no sistema financeiro.
Para mensurar o efeito futuro das novas regras do cheque especial, conforme o Relatório de Estabilidade Bancária (REB), publicado nesta quinta-feira pelo Banco Central, a autoridade monetária considerou dois cenários.
No primeiro, estima o efeito das mudanças caso tivessem vigorado no passado, considerando o mesmo comportamento dos correntistas e a manutenção dos limites por parte dos bancos. Já no segundo, mensura o impacto caso os indivíduos com limites superiores a R$ 500,00 que não usaram o cheque especial reduzissem seus limites frente à cobrança de tarifa para ficarem isentos.
Segundo o BC, na primeira simulação, os correntistas teriam deixado de desembolsar R$ 4,6 bilhões em 12 meses por conta das novas regras do cheque especial. Enquanto na segunda, essa 'economia' estimada aumenta para até R$ 7,2 bilhões em 12 meses.
As faixas mais baixas de renda serão as mais beneficiadas pelas novas regras, segundo o órgão regulador. Isso porque enquanto indivíduos de menor renda vão passar a pagar menos para usar o produto, os de maior renda podem ter o custo elevado devido à cobrança de tarifas, uma vez que possuem limites maiores. No caso dos mais pobres, a redução na taxa de juros supera o valor que poderá ser cobrado pela tarifa.
A autoridade monetária destaca ainda que a Resolução 4.765, de 27 de novembro de 2019, redesenhou o produto cheque especial para torná-lo "menos regressivo e mais eficiente".

Projeção de alta do crédito bancário em 2020 passa para 7,6%

O Banco Central (BC) alterou projeções para o mercado de crédito brasileiro em 2020, na esteira dos efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia. A estimativa de alta para o saldo de crédito este ano passou de 4,8% para 7,6%. Já a projeção de crescimento do crédito livre em 2020 passou de 8,2% para 10,6%. No caso dos recursos direcionados, a projeção foi de zero para alta de 3,5%.
Os percentuais anteriores constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em março deste ano. De acordo com o BC, excepcionalmente o REB divulgado hoje trouxe atualização para a projeção de crédito, "tendo em vista a mudança expressiva na conjuntura".
No relatório, o BC também apontou que o aumento na estimativa do saldo de crédito reflete os impactos da pandemia do novo coronavírus. "Em especial, a aceleração de concessões repercute, principalmente, a busca por recursos por parte de empresas em face à redução dos fluxos de caixa", registrou o BC. "Ressalte-se, adicionalmente, que o movimento também está influenciado pelos efeitos das medidas que abrangeram o mercado de crédito, buscando mitigar danos econômicos causados pelo surto de covid-19."
As cinco maiores instituições financeiras do Brasil - Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander - concentram 80,7% das operações de crédito no País no segmento bancário, conforme dados do REB. Os números referem-se ao mês de dezembro de 2019. Em 2018, o porcentual era de 82,2%.
Essas cinco instituições concentram 79,2% dos ativos totais e 82,3% dos depósitos. Em 2018, os porcentuais eram de 79,5% e 82,8%, respectivamente. O Banco Central também informou que a inadimplência representou 20,84% do spread do Índice de Custo do Crédito (ICC) médio no Brasil em 2019. No fim de 2018, este porcentual era de 21,79%.