O dólar ajusta-se em baixa no mercado doméstico nesta segunda-feira, em meio à percepção dos investidores de que a publicação quase integral do vídeo da reunião ministerial, no fim da tarde de sexta-feira, não deve aumentar o risco político para o presidente Jair Bolsonaro no curto prazo. A reunião foi citada pelo ex-ministro Sérgio Moro como prova da tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
Às 9h48min desta segunda-feira, o dólar à vista caía 1,30%, a R$ 5,5126. O dólar futuro para junho recuava 0,42%, a R$ 5,5175, uma vez que já havia reagido em baixa ao vídeo na sessão estendida de sexta.
A queda do dólar ocorre em meio a uma liquidez mais fraca, diante do fechamento dos mercados nos EUA e Reino Unido por causa de feriados. Além disso, o dólar opera em baixa ante divisas principais e emergentes ligadas a commodities no exterior, em meio à alta do petróleo e nas bolsas europeias. Lá fora, os investidores voltam a focar em esforços de reabertura econômica em vários países, que gradualmente suspendem medidas de restrições motivadas pelo coronavírus, e deixando temporariamente de lado as recentes tensões entre EUA e China.
Contudo, o investidor não deve baixar a guarda para a cena política e para a escalada do coronavírus no País. Com ao menos 363 mil casos e 22.666 óbitos, o Brasil é agora o epicentro da pandemia na América Latina e os EUA proibiram ontem a entrada no País de viajantes procedentes do Brasil. E antes das divulgações do PIB do primeiro trimestre do Brasil e dos Estados Unidos nos próximos dias, a
pesquisa Focus divulgada nesta segunda traz pelo menos uma instituição que projeta retração de 11,00% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro este ano.
No Focus, a mediana atual das projeções de todas as instituições financeiras para o PIB em 2020 é de queda de 5,89%, mas este parâmetro vem piorando nas últimas 15 semanas - portanto, desde o início de fevereiro, quando a avaliação era de que o surto do novo coronavírus poderia ficar restrito à China.