A permissão para a reabertura de restaurantes, bares e lancherias com atendimento ao público, em Porto Alegre, está sendo comemorada pelo setor, mas ainda com cautela. Há dúvidas, por exemplo, sobre como será o comportamento do consumidor, assim como se o atendimento reduzido e com
custos maiores para atender uma série de normas sanitárias irá compensar os custos, alerta Maria Fernanda Taroni, presidente regional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/RS).
Na expectativa de uma retomada gradual da demanda, porém, a movimentação de portas, panelas e mesas já movimenta uma parte do setor desde as primeiras horas da manhã. No centro da Capital, por exemplo, um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, o Gambrinus, já corria contra o tempo desde cedo, nesta quarta-feira (20), para servir os primeiros almoços.
João Melo, proprietário do espaço que opera dentro do Mercado Público, pode reativar de imediato a cozinha porque não havia dispensado suspendido os contratos de trabalho da equipe, formada por 16 pessoas. Quem optou nestes 60 dias de portas abertas por suspender contratos precisará notificar os empregados e esperar 48 horas pelo retorno, por exigência legal.
“Serão apenas sete meses ( antes eram 19) e com cardápio bem enxuto. Cardápio, na verdade, nem vai ter. Vamos colocar uma folha impressa, com opções reduzidas de pratos, no plástico que recobre a mesa, sem nada circulando”, explica Melo, destacado uma das medidas de segurança sanitária.
Apesar de operações interrompidas desde março, o empresário conta que pode reabrir de imediato por que boa parte dos seus fornecedores está no próprio Mercado Público, o que facilitou a compra das mercadorias. Os estoques de bares e restaurantes, que foram em esvaziados desde março, especialmente de perecíveis, é outro fator que pode impedir a retomada imediata de muitos estabelecimentos, explica a presidente da Abrasel.
“Nem todo mundo vai retomar a atividade hoje. Eu diria até que será uma minoria. Uma parte ainda está inclusive avaliando se a operação será viável por questão de custos e faturamento. E há muita incerteza sobre o comportamento dos clientes, mudanças de estrutura, fornecedores, adaptações e outras questões”, explica Maria Fernanda.
Com operação de um restaurante no Tartoni Ristorante, no shopping Bourbon Country, a empresária, por exemplo, ainda não tem certeza se e quando voltará a colocar as panelas no fogo. O custo da abertura, relata, poderá ser maior do que o ganho efetivo, especialmente em operações de shopping centers, com custos elevados de aluguel.
“Se tiver que retomar com aluguel cheio, para mim, não será viável. Não tenho como pagar integralmente aluguel e custos de operação do shopping sem nem saber o quanto se irá faturar. Estou em tratativas com o shopping, assim como muitos outros lojistas e restaurantes”, detalha Maria Fernanda.
O QUE DIZ O NOVO DECRETO