Em meio à crise provocada pelo novo coronavírus, a dívida pública do Brasil deverá bater recorde neste ano. Com isso, a marca de 90% poderá ser ultrapassada. Em dezembro de 2019, era de 75,8% do PIB. Esse indicador é usado por agências de classificação de risco para avaliações sobre a solvência do País. Quanto maior a dívida, maior o risco de calote.
A dívida bruta do governo geral (DBGG) reúne todos os débitos do governo federal, dos governos estaduais e dos governos municipais, com o setor privado, setor público financeiro e instituições internacionais.
Projeções do governo mostram que esse índice subiria para 90,9% do PIB se a economia recuar 3% neste ano e as contas públicas fecharem com um rombo de R$ 634 bilhões. A previsão está no projeto de LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2021, enviado pelo ministro Paulo Guedes (Economia) ao Congresso neste mês.
Esse cenário tem se mostrado realista nos últimos dias. Analistas de mercado já esperam 3,7% de recuo no PIB em 2020, segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira. Na projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia brasileira encolherá 5,3% em relação ao ano passado. Mesmo assim, a equipe econômica ainda mantém, oficialmente, a estimativa de avanço de 0,02% no PIB.
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, já prevê que as contas públicas poderão encerrar o ano com rombo de, aproximadamente, R$ 600 bilhões. Com o aumento dos gastos durante a pandemia da Covid-19, há uma tendência de expansão do déficit primário (resultado entre receitas e despesas sem considerar os juros da dívida pública).
Um exemplo é a necessidade de ampliar o orçamento para o auxílio emergencial pago pelo governo para trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores (MEI) na crise.