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Economia

- Publicada em 05 de Maio de 2020 às 21:42

Na fronteira, Uruguaiana retoma as atividades

Cidade permitiu reabertura desde que se cumpram regras; entrada na Argentina segue vetada

Cidade permitiu reabertura desde que se cumpram regras; entrada na Argentina segue vetada


AGU/DIVULGAÇÃO/JC
Carlos Villela
Dentre as ações adotadas para combater a pandemia do coronavírus, além das recomendações de isolamento social, muitos países optaram pelo fechamento de fronteiras. Em cidades como Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul, a apenas uma ponte de distância da Argentina, o impacto das medidas foi observado desde o começo.
Dentre as ações adotadas para combater a pandemia do coronavírus, além das recomendações de isolamento social, muitos países optaram pelo fechamento de fronteiras. Em cidades como Uruguaiana, na Fronteira-Oeste do Rio Grande do Sul, a apenas uma ponte de distância da Argentina, o impacto das medidas foi observado desde o começo.
Segundo o prefeito de Uruguaiana, Ronnie Mello (PP), os trabalhos de prevenção começaram há cinco meses, logo após os casos da China. "A gente vem trabalhando desde a virada do ano de uma forma muito orquestrada entre a Secretaria da Saúde, a atenção básica, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e o Hospital Santa Casa de Caridade, fazendo estudos e procurando entender sobre o tema para que, no momento que precisássemos, quando se precisou intensificar as medidas mais duras e rígidas, nós tivéssemos mais condições de fazer dentro daquilo que entendíamos como certo", afirma. Ele relembra que foi "motivo de chacota por uns amigos diziam que era sensacionalismo, aquelas coisas de quem subestima a doença". Hoje, a cidade também tem três centros de triagem. Até a data, Uruguaiana registra dois casos positivos do vírus, e três pacientes curados.
O comércio na cidade retornou após a decisão do governador Eduardo Leite de delegar a autorização de reabertura do comércio aos municípios no dia 15 de abril. Junto à reabertura, a administração municipal tinha como desafio garantir o funcionamento seguro do Shopping da Baixada, o centro popular de compras da cidade. "A nossa maior preocupação virou um modelo em Uruguaiana", diz Mello, que aponta as readequações feitas pelos lojistas do local. "Retornaram de forma diferente. Tem dias que vai um e dias que vai outro, estão fazendo distanciamento. Há pedilúvio, vigilantes e controle de quem entra", diz. Para os estabelecimentos comerciais, a abertura é condicionada à oferta de álcool em gel ou pia com água e sabão para sanitização na entrada dos estabelecimentos, manutenção de distância mínima de dois metros entre funcionários e clientes, portas e janelas abertas para manter o ambiente arejado, higienização de pisos com água sanitária ou hipoclorito de sódio e uso de máscaras por parte dos funcionários das lojas. Nas academias de ginástica, que também tiveram retorno permitido, há um limite para 10 alunos por vez, sendo um aluno a cada 60m2 de área construída, proibição de esportes de contato físico e aulas coletivas, além dos protocolos de higienização.
Cruzando o Rio Uruguai, a cidade argentina de Paso de Los Libres já permitiu a reabertura do pequeno comércio, com a exigência de cumprimento estrito das regras de distanciamento social. Nas redes sociais, o intendente municipal (cargo equivalente ao de prefeito) da cidade, Martín Ascúa, comemorou que a cidade completou mais de um mês em quarentena sem registrar casos de coronavírus, e registrando apenas dois pacientes com dengue - doença que até o dia 29 de abril registrava 929 casos na província de Corrientes. Libres está fechada para a entrada de brasileiros ou de outras cidades argentinas, e a prefeitura disponibilizou locais específicos para cumprimento de quarentena antes de entrar na cidade. De acordo com Mello, o contato entre os dois é constante, para troca de informações sobre a situação de cada cidade.
De acordo com a secretária extraordinária de Relações Federativas e Internacionais do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos (PP), Uruguaiana enfrentou um problema em março, quando os turistas argentinos que habitualmente passam as férias nas praias de Santa Catarina estavam retornando por via terrestre ao seu país, mas, com a fronteira da Argentina totalmente fechada inclusive para os próprios cidadãos e os hotéis e pousadas da cidade fechados por decreto, os turistas não tinham onde ficar e estavam perambulando pela cidade.
"Liguei para o embaixador do Brasil na Argentina e para o Itamaraty, foi feita uma negociação intensa com apoio do próprio cônsul argentino em Uruguaiana, e a comunidade começou a se envolver. O prefeito teve que romper um decreto seu para dar a excepcionalidade de atender essas pessoas", explica. Depois de negociações com a Casa Rosada, se conseguiu a permissão de retorno de até 500 cidadãos argentinos por dia, entre as 8h e 16h. O processo inverso também ocorreu, com a necessidade de trazer os turistas gaúchos que estavam no país vizinho, repassando os dados sobre quem estava lá ao Itamaraty, que montou um comitê para repatriação de brasileiros. A fronteira argentina continua aberta para retorno ao Brasil, com comunicação prévia com o Consulado Geral do Brasil em Buenos Aires para a emissão do certificado de livre circulação dentro do País até a fronteira.
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