O Ibovespa deixou para trás o maremoto político da sexta-feira passada e emendou a segunda sessão de retomada nesta semana final do mês, finalizando a terça-feira em alta de 3,93%, aos 81.312,23 pontos. Assim, faltando duas sessões para o fechamento de abril, o índice de referência da B3 acumula agora ganho de 11,36% no mês, dos quais 7,94% colhidos nesta semana. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 27,3 bi. No ano, o Ibovespa acumula perda de 29,69%.
Uma combinação de fatores positivos contribuiu para que a melhora do humor observada no dia anterior, com a permanência do ministro Paulo Guedes, se estendesse à sessão desta terça-feira: a reação positiva do mercado ao balanço trimestral do Santander, que estimulou o desempenho das ações de bancos, bem como a assimilação tranquila das indicações do presidente Jair Bolsonaro para o Ministério da Justiça e a Polícia Federal.
"Talvez a saída do Moro tenha agradado um pouco o Centrão e, assim, a gente volta a ter um governo (com presença política no Congresso), um país minimamente governável", aponta Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante, observando também que eventual melhora da interlocução do Executivo com o Legislativo tende a favorecer a caminhada das reformas, uma vez superado o pior momento da pandemia, e mesmo evitar uma escalada de "custos" políticos e fiscais, como os do funcionalismo, no momento excepcional por que passa o País.
"A política é importantíssima para os movimentos da Bolsa, e pesquisa Datafolha mostrou manutenção do apoio a Bolsonaro, em meio à saída de Sergio Moro", aponta Cristiane Fensterseifer, analista de ações da Spiti.
Petrobras ON fechou em alta de 7,26%, com a PN mostrando avanço de 4,86%, Eletrobras ON, de 7,22%, e Banco do Brasil ON, beneficiado como o resto do segmento pelo balanço do Santander, em alta de 13,43%. A unit do banco espanhol subiu 11,47%, enquanto Bradesco ON avançou 9,85% e Itaú Unibanco PN ganhou 8,25%.
O dólar teve um dia de forte queda, após a sequência de altas recentes que levou a moeda a se aproximar de R$ 5,74. Nesta terça-feira, chegou a cair abaixo de R$ 5,50. O enfraquecimento da moeda americana no exterior, o ambiente político menos tenso nesta terça-feira e bancos diminuindo projeção de corte da taxa básica de juros em maio apoiaram uma realização de ganhos. Ao contrário dos últimos dias, o real foi ontem a moeda com melhor desempenho ante o dólar no exterior. O dólar à vista fechou em queda de 2,55%, cotado em R$ 5,5151, enquanto o dólar para maio fechou em R$ 5,4960 (-2,85%).
Na reunião de política monetária de maio, o sócio da gestora Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, ex-diretor do Banco Central, considera que o BC vai avaliar que tem condições de cortar os juros em ritmo mais forte, mas vai optar por reduzir em 0,50 ponto percentual, por causa do câmbio.