O setor calçadista estima uma perda de 26, 5 mil postos de trabalho em todo o País, entre os dias 23 de março e 28 de abril, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Os estados que mais demitiram, em função da crise da Covid-19, foram São Paulo (7,9 mil pessoas) e Rio Grande do Sul (7,6 mil postos perdidos).
Também registraram perdas significativas de trabalhadores no período os estados de Minas Gerais (5 mil ) e Santa Catarina (2,5 mil ). Os demais estados, juntos, chegaram a 3.420 postos a menos no Brasil. Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o quadro é proveniente de uma brusca queda nos pedidos entre março e abril, em função da pandemia do novo coronavírus. “Além do varejo estar fechado, portanto sem fazer novos pedidos, tivemos problemas com pagamentos e cancelamentos, inclusive para exportação”, avalia o dirigente, ressaltando que estima-se uma queda de 22,5% no consumo mundial de calçados ao longo de 2020.
A pesquisa também revela que o setor deve encolher pelo menos 49% no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A queda será somada a um revés de 14,2% nos primeiros três meses do ano, o que deve resultar em uma retração de pelo menos 31,8% no primeiro semestre. Após uma estimativa positiva divulgada no início de 2020, de crescimento de até 2,5%, a crise provocada pelo avanço da pandemia fez com que a expectativa fosse revisada para uma queda de mais de 26% em relação a 2019.
Além do impacto no varejo, as exportações de calçados também foram afetadas. Após uma queda de 8,5% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, os embarques devem cair, pelo menos, 46,4% no segundo trimestre, conforme projeções da Abicalçados. Com isso, no primeiro semestre o revés pode ficar em 23,2%, com o ano fechando com retração de 27,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.