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consumo

- Publicada em 24 de Abril de 2020 às 17:04

Menos churrasco faz sobrar costela e outros cortes no mercado

Perfil de consumo nos estabelecimentos do Estado mudou, preferência agora é por tipos de dianteiro

Perfil de consumo nos estabelecimentos do Estado mudou, preferência agora é por tipos de dianteiro


MARCO QUINTANA/JC
O isolamento social provocado pela pandemia alterou radicalmente o perfil de consumo de carne bovina no Rio Grande do Sul. Sem as grandes aglomerações em torno de uma churrascada - em família, no futebol e em festas suspensas por todo o Estado -, cortes traseiros que tradicionalmente vão ao fogo nestes eventos começam a sobrar em açougues e frigoríficos.
O isolamento social provocado pela pandemia alterou radicalmente o perfil de consumo de carne bovina no Rio Grande do Sul. Sem as grandes aglomerações em torno de uma churrascada - em família, no futebol e em festas suspensas por todo o Estado -, cortes traseiros que tradicionalmente vão ao fogo nestes eventos começam a sobrar em açougues e frigoríficos.
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Ivan Konig, proprietário do açougue Costelão do Mercado, no Mercado Público de Porto Alegre, assegura que nas câmaras frias está sobrando carne para churrasco, como costela, ripa, picanha e maminha. Por outro lado, está saindo mais, e faltado, os cortes de segunda - ou seja, da parte dianteira do animal, como paleta, agulha, peito, os mais utilizados no forno ou na panela. "Mudou muito e rapidamente o consumo, mas eu compro o boi inteiro. A origem dos diferentes cortes é o mesmo animal. O mercado ficou desequilibrado. Os frigoríficos estão entupidos de costela, picanha, maminha e chuleta. A picanha até da pra fazer no forno, mas em geral o traseiro sobra e o dianteiro falta", explica Konig.
A solução do mercado para estimular as compras, porém, pode vir a beneficiar o consumidor com preços melhores e promoções, como vem fazendo Konig para atrair os consumidores. Especialmente no Centro de Porto Alegre, com lojas fechadas e sem serviço público trabalhando, o movimento parou. "Na Páscoa, vendemos apenas 30% do normal, quando normalmente se faria um bom churrasco com a família em algum dos dias", explica o empresário.
Konig avalia, porém, que a redução no consumo da proteína bovina, e mais ainda nos peixes, vai começar em três ou quatro meses. Isso porque aqueles que ficaram desempregados agora ainda receberam dinheiro da rescisão, puderam sacar o FGTS e terão o seguro-desemprego. Mas não por muito tempo. "Logo ali adiante isso acaba, e se esse profissional não conseguir se recolocar no mercado? Ele vai reduzir as compras", lamenta Konig.
Diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle assegura que costela e chuleta estão paradas no frigoríficos. Com maior demanda por carnes de dianteiro e menos os cortes para churrasco, as compras feitas fora do Estado foram interrompidas. Isso porque como o consumo gaúcho de costela é muito maior em tempos normais do que agora, os cortes traseiros eram complementados com o produto vindo de fora, especialmente do Centro-Oeste.
De acordo com o Antonio Carlos Ferreira Neto, diretor do Departamento de Defesa Agropecuária do Rio Grande do Sul, até o dia 22 de abril o ingresso no mercado gaúcho de carne com osso com origem em outros estados caiu pela metade. Foram 6,9 milhões de quilos em abril de 2019 contra 2,95 milhões neste ano.
"Não adianta frigorífico e produtores abaterem para vender só o dianteiro, que está com mais saída, e ficar com a parte traseira estocada ainda mais. Tanto que trabalhamos com abates reduzidos entre 20 e 25% nas quatro últimas semanas. Baixamos de 47 mil cabeças por semana, para 35 mil em abril, em cerca de 320 frigoríficos", quantifica Moussalle. O diretor-executivo do Sicadergs avalia que preço deve baixar ao consumidor para que esses cortes represados tenham fluxo.
"A carne é um muito perecível. Entre abate e consumo, são sete dias. Ou, no caso de carne congelada, por até um ano e meio, mas há um limite de estoque. O preço do boi, de janeiro para cá, baixou de R$ 15,00 o quilo para R$ 13,00, redução de cerca de 10%, repassado aos supermercados", assegura Moussalle.
Sãos as exportações que seguem garantindo os preços. De acordo com o economista da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), para o produtor, os valores podem ser preservados, em parte, porque o que não se consome no Estado pode ser exportado. "Isso já ocorreu no inicio da crise, lá em 2015 e 2016, quando os embarques internacionais ajudaram a manter os preços da arroba mesmo com o consumo interno em baixa. Os preços estão estáveis, até o momento, mas caíram em relação ao final de 2019", explica Luz.

Promoções devem aumentar nas próximas semanas

Carnes bovinas contribuíram para minimizar o crescimento da inflação em março

Carnes bovinas contribuíram para minimizar o crescimento da inflação em março


CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
Levantamento do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas (Iepe/Ufrgs) sobre preços praticados ao consumidor em Porto Alegre mostra que, em março, a desaceleração nos valores cobrados pelas carnes bovinas já ocorreu, mas ainda em pequenas proporções. Na alcatra houve deflação de 3,48% no preço do quilo, assim como na chuleta (-2,73%) e na paleta (-1,74%).
O relatório do instituto aponta que as carnes bovinas contribuíram para minimizar o crescimento do índice geral de inflação em março, uma vez que a maioria dos cortes apresentou redução de preços. O estudo ressalta, porém, que isso ocorre após a elevação de preços ocorrida especialmente entre dezembro de 2019 e em janeiro desse ano.
Presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo afirma que esses cortes nobres para churrasco estão entrando com mais frequência em promoção no varejo em abril. A grande dúvida, diz, é com as compras para o Dia das Mães. "Essa é a data em que o churrasco é, ou seria, muito presente nas famílias", reflete Longo.