Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 16 de Abril de 2020 às 03:00

Plano quer destravar R$ 100 bi para empresas

Fontes próximas a Guedes confirmam intenção do ministro no projeto

Fontes próximas a Guedes confirmam intenção do ministro no projeto


EVARISTO SA/AFP/JC
O ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou sua equipe para estudar medidas que possam impedir o país de mergulhar em uma depressão econômica. Para a ala militar do governo, a retomada dependerá de uma ampliação do peso do Estado na economia, inclusive com investimento público.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou sua equipe para estudar medidas que possam impedir o país de mergulhar em uma depressão econômica. Para a ala militar do governo, a retomada dependerá de uma ampliação do peso do Estado na economia, inclusive com investimento público.
Uma das saídas para evitar esse caminho, segundo pessoas que participam das discussões, será a ampliação do crédito para destravar ao menos R$ 100 bilhões em empréstimos de curto prazo para micro, pequenas e médias empresas. Elas são responsáveis por empregar mais da metade dos trabalhadores com carteira assinada no país.
Também se avalia uma redução de custos de captação de recursos do FGTS, fundo com recursos do trabalhador usado para lastrear financiamentos imobiliários, para um corte de, no mínimo, um ponto percentual nos juros de contratos pela compra da casa própria.
Seria uma forma de tentar restabelecer a confiança do consumidor e, assim, fazer o motor da economia voltar a girar após meses de isolamento. Os bancos públicos - Caixa, Banco do Brasil e BNDES- serão o carro-chefe da política.
Pessoas próximas a Guedes confirmam essa intenção e afirmam que, diferentemente dos governos dos ex-presidentes Lula Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), não se trata de ampliar o endividamento público para capitalizar os bancos públicos. Para pequenas e médias empresas, a ideia é que um fundo do Sebrae seja turbinado com recursos do Sistema S, cujas contribuições acabaram de sofrer um corte de 50% via medida provisória.
A exceção foi o Sebrae, que teve recursos destinados ao Fampe (Fundo de Aval para Micros e Pequenas Empresas) para que sejam dadas garantias em empréstimos. O crédito será direcionado a pequenos negócios (como bares, restaurantes, salões de beleza e academias), que respondem pela maior parte do emprego no país e, sem movimento, não têm como gerar receita.
Desde a edição da MP, as demais confederações se articularam e negociam com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que, na conversão do texto em lei definitiva, as contribuições cortadas das demais entidades também sejam direcionadas ao Fampe.
O acordo permitiria destravar mais de R$ 100 bilhões em novos empréstimos e, segundo integrantes da equipe econômica, passaria a valer, pelo menos, até o arrefecimento da crise. Nos bastidores, integrantes da equipe econômica consideram que, se essas medidas não forem apressadas, o desemprego vai explodir. Só no setor de bares e restaurantes, a perspectiva é de 6 milhões de postos cortados. No varejo, seriam mais 600 mil.
Segundo esses técnicos, a situação atual já forçaria o Estado a manter o programa de ajuda até o fim deste ano. Mas não há recursos disponíveis. Por isso, a meta é, assim que as empresas puderem reabrir suas portas, retomar a agenda de reformas no Congresso e as privatizações. A dúvida é quando a normalidade voltará.
O rearranjo do pacto federativo, que reorganiza a relação entre a União e os estados na distribuição e manejo dos recursos, ganhou prioridade. Isso porque, neste momento, a PEC do chamado Orçamento de guerra pode acabar ampliando ainda mais o endividamento dos estados.
Guedes quer garantir ao menos que os congressistas preservem cláusulas mínimas de responsabilidade, como a proibição de reajustes ao funcionalismo por dois anos.

BNDES negocia capital privado para ampliar crédito

Ainda não há data para banco realizar as devoluções de recursos

Ainda não há data para banco realizar as devoluções de recursos


/BNDES/DIVULGAÇÃO/JC
O BNDES negocia com bancos e fundos de investimentos um esforço para socorrer empresas em dificuldades devido à pandemia do novo coronavírus. A ideia é atrair o capital privado para oferecer produtos como empréstimos e participação no capital. O formato do socorro será analisado individualmente, de acordo com as necessidades e capacidade de cada empresa para absorver novos empréstimos. Não estão previstos produtos setoriais e nem a oferta de dinheiro subsidiado pelo governo.
A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela reportagem. As conversas envolvem tanto grandes bancos privados e estatais -como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil- como fundos de investimento que tenham interesse em adquirir instrumentos atrelados a participações acionárias.
O governo quer contar com bancos para ajudar a sanear as contas as empresas apoiadas, com a renegociação de dívidas contraídas antes da pandemia. Para as empresas, será cobrado um esforço de buscar revisões com fornecedores.
O BNDES também prevê aportar recursos, tanto em empréstimos e compra de ações, mas sempre em parceria com instituições privadas e em condições de mercado. Como contrapartida, deve pedir garantia de manutenção de empregos nas empresas socorridas.
O banco já anunciou suspensão dos pagamentos de dívidas e alguns programas de apoio ao emprego e a empresas de menor porte, como a oferta de crédito para capital de giro e folha de pagamento. O foco agora são grandes companhias de setores que vêm enfrentando efeitos mais fortes da queda de demanda ou das restrições para a circulação de pessoas. Por isso, as negociações mais avançadas são com as áreas, as primeiras a sentir o baque, com a redução do número de voos.
O modelo prevê operações combinadas de aporte de capital e não há um modelo fechado. Empresas com maior capacidade de endividamento poderão optar por um volume maior de empréstimo. Para outras, o instrumento preponderante pode envolver títulos lastreados em ações, como debêntures conversíveis.
Embora tenha iniciado em 2016 uma estratégia de reduzir sua carteira de ações -que somava R$ 112 bilhões ao fim de 2019- o BNDES não terá restrições para adquirir novas participações em empresas. O processo de enxugamento do BNDESPar, subsidiária de participações do banco, será reiniciado quando o mercado voltar a crescer.
Os idealizadores da proposta defendem que, caso o modelo seja bem elaborado e a economia retomar após o fim da pandemia, as ações adquiridas neste momento podem se tornar investimentos rentáveis, tanto para os investidores privados quanto para o Tesouro, que recebe dividendos do BNDES.
A expectativa é que as primeiras operações envolvam as companhias aéreas. A solução deve passar principalmente por instrumentos de renda variável que envolvam participação acionária, já que as empresas têm capacidade limitada de financiamento.

Banrisul inicia financiamento da folha a empresas em dificuldades

O Banrisul disponibiliza, a partir desta quinta-feira (16), o financiamento da folha de pagamento pelo Programa Emergencial de Suporte a Empregos, instituído pela Medida Provisória Nº 944 e pela Resolução N° 4.800 do Banco Central. A linha de crédito é destinada ao financiamento da folha de pagamento de pequenas e médias empresas com Receita Operacional Bruta (ROB) anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, em 2019; e, caso a empresa pertença a um grupo econômico, será considerada a ROB anual do grupo em 2019.
O financiamento, destinado exclusivamente ao pagamento de dois meses dos salários dos funcionários, é limitado até dois salários mínimos (R$ 2.090,00) por empregado que recebe no Banrisul. Podem solicitar o recurso as empresas que processam a folha de pagamento no Banrisul.
A solicitação pode ser feita pelo app Banrisul Digital ou no Internet Office Banking, selecionando a aba Empréstimos e depois a opção BNDES Folha de Pagamento COVID-19, preenchendo os campos obrigatórios e dando o aceite nos termos do financiamento.
A linha de crédito do Programa Emergencial de Suporte a Empregos poderá ser contratada até o dia 30 de junho de 2020. A medida conta, ainda, com carência de seis meses para o pagamento da primeira parcela, prazo de 30 meses e taxa de juros prefixada em 3,75% ao ano. O recurso do financiamento será depositado na conta do trabalhador, com a empresa assumindo a responsabilidade da dívida.
As empresas, ao contratarem o crédito, estarão impossibilitadas de rescisão, sem justa causa, do contrato de trabalho de seus empregados no período compreendido entre a data da contratação da linha de crédito e o sexagésimo dia após o recebimento da última parcela do financiamento.