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Economia

- Publicada em 15 de Abril de 2020 às 03:00

A liberdade está em teste, alertam especialistas

Debate reuniu convidados via rede social do IEE

Debate reuniu convidados via rede social do IEE


/IEE/REPRODUÇÃO/JC
Patricia Knebel
A sensação de fragilidade e medo, tão comum em tempos de pandemias como a Covid-19, é também um risco à perda das liberdades individuais e uma oportunidade para o crescimento dos regimes ditatoriais e populistas.
A sensação de fragilidade e medo, tão comum em tempos de pandemias como a Covid-19, é também um risco à perda das liberdades individuais e uma oportunidade para o crescimento dos regimes ditatoriais e populistas.
O alerta é de pensadores respeitados do cenário global que se reuniram, nesta terça-feira, para o primeiro de três painéis on-line promovidos pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE) para discutir as alternativas para a resolução da crise atual. "A liberdade é fundamental, mas, para existir, precisa de condições morais e institucionais, senão as pessoas abrirão mão dela em nome da sobrevivência", alerta o escritor e cientista político João Pereira Coutinho.
O Fórum da Liberdade - Em Casa, como está sendo chamado, foi a alternativa criada pelos organizadores, já que a 33ª edição do evento presencial, que seria realizada nos dias 6 e 7 de abril, foi transferida em razão da pandemia de Covid-19.
"O grande desafio que temos pela frente é atravessarmos essa pandemia com o menor custo possível para as liberdades individuais", acrescentou o filósofo Fernando Schuler. Para ele, a tensão histórica que existe entre medo e liberdade ou segurança e liberdade está novamente na berlinda. "A liberdade está em teste", diz.
Ele cita questões como a de o Estado, sob o argumento de retomar a situação em momento de pandemia, poder determinar que empresas mudem a sua atividade fabril e passem a produzir respiradores. Ou legislações sendo aprovadas rapidamente. "Isso é plausível neste momento, mas é um desafio para o liberalismo, já que, em nome do medo e da exceção, você passa a justificar como norma corriqueira a intervenção da liberdade individual e das relações econômicas da sociedade", analisa.
Segundo Schuler, o mesmo vem acontecendo nas relações corriqueiras, entre os próprios indivíduos. É como se a pandemia passasse a justificar intervenções, inclusive, de atitudes individuais, como a de sair para correr ou levar o filho para passear. "Estamos nos autovigiando", destaca.
Para Coutinho, a pandemia traz algumas importantes premissas. A principal delas é, justamente, esse estado de medo. "Estamos fragilizados, assustados. É como se a nossa vida dependesse de tanta gente que, normalmente, é invisível para nós", diz. "Essa pandemia veio para humilhar o ego da espécie humana e mostrar como somos frágeis", acrescentou Pedro Bial, que foi o mediador do debate.
A Covid-19 também está mostrando que a ciência é mais importante que o pensamento mágico, já que estamos na expectativa sobre o que os pesquisadores vão descobrir a cada estudo sobre o vírus. "Tem pessoas que acham que vacinas não devem ser aplicadas, né? Pois está aí um mundo sem vacinas", cita Coutinho.
Mas o que podemos esperar do futuro depois de todo esse cenário de coronavírus? Apesar de dizer que fazer qualquer previsão seria quase uma insensatez, Coutinho arrisca que transformações importantes acontecerão. E uma delas será nas relações entre a China e o Ocidente. "Acredito que vão ocorrer alterações significativas com a criação de um pensamento estratégico para evitar que áreas vitais da sociedade dependam da China", diz. Para o pensador, isso não significa regressar ao nacionalismo. "Será uma questão de repensar se vale a pena ter várias cadeias de produção dependentes desses regimes", projeta.
Já Schuler, ao pensar no futuro, projeta um enorme passivo para administrar pela frente, especialmente no Brasil. "Vejo uma enorme irresponsabilidade em algumas decisões do setor público, sendo tomadas no calor do momento. Vamos ter desemprego, endividamento global, e isso pode criar um ambiente favorável a decisões autoritárias e populistas", alerta.
O Fórum da Liberdade - Em Casa, cujo tema é "Ser Livre Inspira Você?", continua nesta quarta-feira com o painel "Saúde ou Economia", com a participação do jornalista Alexandre Garcia; do presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e presidente do Instituto Coalizão Saúde, Claudio Lottenberg; e do cientista social Fernando Conrado.
Na quinta-feira, falarão sobre "O Papel do Empreendedor" o empresário Jorge Paulo Lemann; o presidente do Conselho de Administração da varejista Lojas Renner, José Galló; o copresidente do Conselho de Administração do Itaú, Roberto Setubal; e o fundador e CEO do Nubank, David Vélez.
Os debates irão ocorrer sempre ao meio-dia e poderão ser acompanhados pelas redes sociais do Fórum da Liberdade.
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