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Agronegócios

- Publicada em 13 de Abril de 2020 às 19:52

Mercado para carnes no Oriente Médio tem desafios e oportunidades

Vendas de carne de frango com destino ao mercado árabe tiveram alta no Rio Grande do Sul e queda no país neste ano

Vendas de carne de frango com destino ao mercado árabe tiveram alta no Rio Grande do Sul e queda no país neste ano


FREDY VIEIRA/ARQUIVO/JC
A recente abertura do Egito a 42 novos frigoríficos brasileiros chamou a atenção para ao menos dois fatos relacionado às relações comercias e do agronegócio brasileiro com o Oriente Médio. O primeiro, é sobre a desaceleração das exportações brasileiras para a região. O segundo é que o Rio Grande do Sul, no entanto, ganhou espaço.
A recente abertura do Egito a 42 novos frigoríficos brasileiros chamou a atenção para ao menos dois fatos relacionado às relações comercias e do agronegócio brasileiro com o Oriente Médio. O primeiro, é sobre a desaceleração das exportações brasileiras para a região. O segundo é que o Rio Grande do Sul, no entanto, ganhou espaço.
Nacionalmente, os embarques brasileiros para o Oriente Médio tiveram queda em itens como aves congeladas não cortadas em pedaços, de R$ 296,1 milhões no primeiro trimestre de 2019, para US$ 286,67 em igual período deste ano, recuo de 3%); e de US$ 258,1 milhões em pedaços e miudezas no início do ano passado para US$ 210,25 neste ano (-18%). No caso das carnes bovinas, congeladas, o baque foi ainda maior: de US$ 210,83 milhões exportados entre janeiro e março de 2019 o valor caiu para R$ 137,4 milhões em 2020 (retração de 34%).
No Rio Grande do Sul, a realidade é inversa até o momento. Levantamento feito pela área de comércio Exterior da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) a partir de dados do Ministério da Economia mostra que a avicultura gaúcha até ganhou mercado neste mesmo período. De acordo com o analista de relações internacionais da entidade, Renan dos Santos, o Estado comercializou o equivalente a R$ 125,5 milhões em carnes de ave e miúdos congelados neste ano ante para a região, ante US$ 94,3 milhões no ano passado (alta de 33%).
As novas habilitações, porém, não são garantia de ampliação de mercado, avalia o presidente da Farsul, Gedeão Pereira. O fato de o Egito, por exemplo, aumentar o número de frigoríficos habilitados por aqui não significa necessariamente que irá comprar mais, alerta o pecuarista. Como o setor frigorífico trabalha em muitas áreas com baixas temperaturas, poderia haver desfalques extras de operário com gripe em meio a pandemia. São trabalhadores que deixariam de comparecer às linhas de produção, em volume significativo por temores com a Covid-19, afetando a produção.
"O setor é altamente demandante de mão de obra. No momento, novas habilitações são muito mais uma garantia para eles de que terão fornecedores em caso de um ou outro ter problemas, e por isso querem ter alternativas", avalia Gedeão.
Diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos defende que a manutenção e ampliação dos negócios do setor com o Oriente Médio é ainda mais necessário no momento atual. Isso porque em caso de restrições de vendas para a Europa, especialmente para países mais afetados pela pandemia, como Itália e Espanha, será necessário redirecionar a produção para outras regiões.
"Das habilitações feitas pelo Egito ainda não temos informações se há para o Estado, mas a Arábia Saudita habilitou nova planta no Rio Grande do Sul, o Frigorífico Nova Araçá, por exemplo. Das 460 mil toneladas embarcada para a Arábia Saudita, cerca de 35 % saíram do Rio Grande do Sul. No primeiro trimestre foram 112 mil toneladas, e o Rio Grande do Sul responde por 43 mil toneladas", detalha Santos. e acordo com o chefe do 10º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sipoa/Dipoa), João Francisco Bisol, as novas habilitações do Egito no Estado são para cinco frigoríficos de aves, além de 10 renovações, entre unidades de aves e bovinos localizadas no Rio Grande do Sul.
Novidades no horizonte
  • O Egito habilitou 42 novos estabelecimentos brasileiros para fornecimento de carnes, sendo 27 de frango e 15, de bovina, além da renovação da habilitação de 95 empresas, (82 de carne bovina e 13 de carne de frango). O governo egípcio também autorizou o início da importação de miúdos bovinos.
  • O Kuwait abriu seu mercado para a carne bovina brasileira.
  • O Brasil também passará a exportar material genético de aves (como ovos férteis) para o Marrocos e os Emirados Árabes Unidos.
Fonte: Ministério da Agricultura

Queda nos números são sinal de alerta, diz CNA

Brasil precisa identificar os motivos do declínio no comércio, avisa Lígia

Brasil precisa identificar os motivos do declínio no comércio, avisa Lígia


/MARIANA CARLESSO/arquivo/JC
Para Lígia Dutra, superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a retração nacional dos embarques neste ano impõe um alerta sobre a perda de espaço do agronegócio brasileiro em um mercado importante.
Ligia avalia que, apesar de que novas habilitações não se tornem necessariamente em mais compras, isso tende a ocorrer. Mas destaca que para isso o Brasil também deve olhar com atenção para a região e identificar, logo, a razão de os embarques terem sido reduzidos.
"Se não estamos vendendo para eles, precisamos entender a razão. Algo está saindo errado. É uma região que demanda muito alimento. Um dos problemas é a logística. Importamos pouco de lá, então os navios voltam vazios, com custo maior. Mas é apenas um dos fatores", analisa Lígia.
Para o Egito, diz a representante da CNA, no entanto, a venda de frango já teve incremento considerável, de mais de 70%, mas o contrário do que ocorre para a Arábia Saudita, que está investindo para ampliar sua produção local, com queda de 12%.

Câmara Árabe-Brasileira destaca importância da produção gaúcha

Rio Grande do Sul é importantíssimo para o mercado árabe, diz Mansour

Rio Grande do Sul é importantíssimo para o mercado árabe, diz Mansour


/Câmara de Comércio Árabe-Brasileira/Divulgação/JC
Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), estima que os embarques brasileiros para o Oriente Médio devem aumentar nos próximos meses. Parte da queda no primeiro trimestre, avalia Mansour, se deve ao direcionamento maior de produção brasileira para a China, em 2019.
Mansour pondera que houve um aumento das importações de grãos, no período, para a região, o que demonstra esse foco saudita em ter criações próprias de animais, por exemplo. Mas, com a pandemia, a visão teria muda um pouco, não tanto por produzir mais localmente, mas de comprar fora.
"Temos muitos pedidos de informações de dos países árabes querendo importar mais. E o Rio Grande do é importantíssimo nisto", pondera Mansour.