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Turismo

- Publicada em 02 de Abril de 2020 às 03:00

Sem turistas devido ao coronavírus, Gramado e Canela planejam ações

Com tudo fechado, eventos de Páscoa foram cancelados na região

Com tudo fechado, eventos de Páscoa foram cancelados na região


/CLEITON THIELE/DIVULGAÇÃO/JC
Principais destinos turísticos do Estado, Gramado e Canela seguem com a determinação de manter fechadas as portas de hotéis, parques, pousadas, restaurantes e agências de viagens de ambos os municípios. Nesta quarta-feira (1), o governador Eduardo Leite oficializou decreto que fecha o comércio do Estado até 15 de abril, permitindo apenas serviços essenciais. 
Principais destinos turísticos do Estado, Gramado e Canela seguem com a determinação de manter fechadas as portas de hotéis, parques, pousadas, restaurantes e agências de viagens de ambos os municípios. Nesta quarta-feira (1), o governador Eduardo Leite oficializou decreto que fecha o comércio do Estado até 15 de abril, permitindo apenas serviços essenciais. 
O prefeito de Gramado, João Alfredo Bertolucci, suspendeu ainda a publicação de um novo decreto que previa a flexibilização de algumas atividades econômicas no município. Mesmo com as determinações do poder público para conter a progressão de casos de Covid-19 no Estado, a maioria das empresas já havia optado por fechar as portas, considerando a queda da demanda e também a importância de preservar a saúde dos clientes, funcionários e população da região.
"O trade está unido e muito bem instruído", afirma o secretário de Turismo e Cultura de Canela, Ângelo Sanches Thurler. Presidente do Conselho dos Dirigentes Municipais de Turismo (Codetur)/Famurs, o gestor adianta que, no decorrer desta semana, a ideia é estender a campanha de conscientização para outras cidades do Estado.
"O momento não é de pensar em turismo, mas de resguardar a vida de quem faz o turismo acontecer, nos resguardar para que a cidade seja segura no futuro. É o momento de cuidar da família, ficar em casa", explica Thurler. Segundo o secretário, o trade em Canela está ciente da importância de continuar com as empresas fechadas. Muitas delas deram férias coletivas e estão fazendo de tudo para manter os funcionários. "Neste momento estamos trabalhando em comunhão, construindo um plano estratégico da cidade de Canela para se preparar moralmente, psicologicamente e financeiramente para encarar o período que irá se suceder à crise", avisa ele.
O foco, segundo o secretário de Turismo de Canela, é preservar "o patrimônio humano", e gerar o legado de que o município fez a sua parte, em meio a medidas de contenção da pandemia. Atualmente, Canela não tem registros de casos de pessoas contaminadas com o novo coronavírus.
Na mesma linha, a poucos quilômetros, Gramado mantém os decretos de calamidade pública e de fechamento de atividades comerciais que não envolvam serviços essenciais. De acordo com o prefeito Bertolucci, foram confirmados dois casos de pessoas que teriam desembarcado na cidade já infectadas pelo Covid-19.
"São duas mulheres estrangeiras, que estão em quarentena - uma está em residência privada e outra precisou ficar hospedada em um hotel, que mantém também toda a equipe segregada no empreendimento, por determinação da Vigilância Sanitária de Gramado", relata o prefeito.
Segundo Bertolucci, o fechamento das empresas de turismo irá resultar em "prejuízos incontáveis". "Neste ponto, a classe hoteleira está agindo de forma correta, ajuizada e responsável, na medida em que os empresários, a partir de uma convocação minha, foram muito receptivos e concordaram que a solução era a paralisação das atividades", confirma ele.
Sobre as flexibilizações que ocorrem em alguns outros municípios da Serra Gaúcha, o prefeito de Gramado afirma que é visível que "os representante da hotelaria (destas localidades) estão, em certo ponto, bastante desconfortáveis". "Dá para entender, porque se sabe que pode haver um pico de contaminação mais para frente, em meados de abril, e eles terão que fechar novamente, e tudo isso repercute em uma estrutura bastante complexa", explica Bertolucci.
O decreto que determinou o fechamento dos hotéis em Gramado foi editado há cerca de duas semanas e, desde então, as empresas hoteleiras se adaptaram à realidade, concluindo estadias em andamento. Atualmente, todas estão com as portas fechadas por tempo indeterminado, havendo possibilidade de reabertura no dia 13 de abril, após o feriado de Páscoa.
"Vamos manter a decoração de Páscoa, mas todos os eventos que poderiam gerar aglomeração foram cancelados", informa o prefeito de Gramado. "Mesmo que os empresários pudessem ficar de portas abertas, não há demanda", emenda o presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias (Sindtur-Serra Gaúcha), Mauro Salles.

Feriado de prejuízos para o setor

Segundo feriado mais importante para o turismo da região das Hortênsias, a não ocorrência de atividades na Páscoa deve gerar uma "redução drástica no faturamento dos negócios e arrecadação dos municípios", observa o secretário de Turismo e Cultura de Canela, Ângelo Sanches Thurler.
Conforme o presidente do Sindtur-Serra Gaúcha, Mauro Salles, mesmo antes do governo decretar paralisação das atividades, "o mercado determinou" a medida. "Ninguém quer viajar e as companhias aéreas também estão cancelando voos. As pessoas estão em suas casas preocupadas em se manter protegidas da pandemia, e também receosas de gastarem seus recursos porque ninguém tem certeza do que ocorrerá em um futuro próximo", explica Salles.
 

Perdas mensais podem chegar a R$ 180 milhões

O turismo responde por 85% a 90% do PIB das cidades de Canela e Gramado, segundo dados do Sindtur-Serra Gaúcha. Ao todo, 6 mil pessoas trabalham na hotelaria e gastronomia das duas cidades. Somente em Canela, funcionam 65 hotéis e pousadas e em Gramado soma-se mais de 200 hotéis. Ainda existe uma cadeia de 500 bares, restaurantes, parques, museus, agências, entre outros negócios que estão sentindo o "baque".
"Desde o início da crise, estamos acompanhando a situação em outros países e atuando em várias frentes para amenizar a situação das empresas", comenta o presidente do Sindtur-Serra Gaúcha, Mauro Salles. Com as atividades paradas, o SindTur estima uma queda mensal de R$ 180 milhões no PIB de Gramado e Canela.
Além de pedir ao poder público que sejam flexibilizados os pagamentos de impostos como IPTU, ISSQN e outras taxas, as empresas têm solicitado em nível federal "medidas mais consistentes" para a liberação de crédito mais barato, e a facilitação do acesso ao crédito. "Já tem aparecido algumas alternativas para empresários trabalharem a curto prazo", destaca Salles.
No que se refere às questões trabalhistas, o presidente do Sindtur-Serra Gaúcha informa que a maioria das empresas está flexibilizando banco de horas para funcionários trabalharem em casa e compensarem futuramente, além de liberar férias e suspenderem contratos de trabalho temporariamente (de dois a cinco meses). "Nossa conduta é norteada por dois princípios: preservar a saúde dos colaboradores, empresários e da população como um todo; e tentar manter as empresas vivas, buscando alternativa para manter o máximo de empregos e garantir renda, saúde, alimentação que deem condições das pessoas enfrentarem este momento", informa ele.
"Fechamos antes do decreto estadual e dos municipais, porque entendemos a gravidade da situação, e permaneceremos fechados até dia 6 de abril, apesar de não haver data específica para retornar às atividades", reforça a presidente da Associação de Parques e Atrações da Serra Gaúcha (APASG), Manoela da Costa. Reunindo 17 empreendimentos de Canela e Gramado, o grupo não realizou demissões no setor. "Todos os parques estão segurando seus quadros, a maioria deu férias para os funcionários", afirma Manoela. Ao destacar o "grande impacto na economia dos municípios", a dirigente afirma que a ideia é se preparar para os próximos meses. "Já perdemos a arrecadação da Páscoa, e já temos reflexo no setor para os próximos 60 dias. Isso nos faz saber de antemão que o setor não terá lucro este ano - agora é lutar para pagar as contas e manter os trabalhadores empregados", finaliza ela.