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- Publicada em 10 de Março de 2020 às 21:24

Recuperação no mercado de trabalho é essencial

Longo, da Agas, e Guerra, do Sindilat, compareceram ao evento

Longo, da Agas, e Guerra, do Sindilat, compareceram ao evento


/CLAITON DORNELLES/JC
Segmentos que não são afetados diretamente pelas oscilações da economia global e do mercado de ações, pois são voltados ao mercado interno, apostam na recuperação interna do mercado de trabalho para crescer. Apesar das muitas diferenças, o varejo e as indústria do leite e da construção civil, por exemplo, dependem da retomada da renda e/ou da confiança do consumidor para crescer. O que não é fácil em um cenário de incertezas como o atual.
Segmentos que não são afetados diretamente pelas oscilações da economia global e do mercado de ações, pois são voltados ao mercado interno, apostam na recuperação interna do mercado de trabalho para crescer. Apesar das muitas diferenças, o varejo e as indústria do leite e da construção civil, por exemplo, dependem da retomada da renda e/ou da confiança do consumidor para crescer. O que não é fácil em um cenário de incertezas como o atual.
No setor supermercadista, deve ocorrer uma alta no preço de alguns alimentos. Um dos principais fatores atuais de influência altista é o dólar, já que parte do que é exposto nas gôndolas tem como matéria-prima commodities e itens de exportações valorizados pelo câmbio atual - como soja e carnes. O impacto do dólar no preço dos alimentos, diz o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, não deve demorar. "Os preços já deveriam ter sido realinhados e ainda não foram, mas, fatalmente, serão. O varejo tem de ter uma gestão muito rápida. Não podemos esperar ações do governo para tomar nossas decisões", ressalta Longo.
Por outro lado, a cotação da moeda norte-americana poderá beneficiar um pouco o setor de lácteos. Isso porque, com o dólar em alta, as compras de leite de fora do Brasil deixam de ser tão atrativas, avalia o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Alexandre Guerra. O dólar alto segura as importações de forma natural e torna nossa produção mais competitiva, avalia o também presidente da Cooperativa Santa Clara, mas as vendas do setor dependem, basicamente, do mercado interno.
"Precisamos é de reformas como a tributária. Concorremos com estados com tributações muito mais competitivas. Também necessitamos da retomada de setores que gerem empregos, como a construção civil. Novos empregos se refletem de forma rápida no nosso setor porque trabalhamos com itens de primeira necessidade", explica Guerra.
Sobre os impactos do coronavírus, apesar dos muitos reflexos negativos mundo afora, o presidente do Sindilat avalia que, para a indústria láctea, o problema pode se converter em oportunidade, já que a China deverá demandar ainda mais alimentos como forma de segurança alimentar para a população. Exportar à China, diz, é algo que pode ser uma realidade cada vez mais próxima. No ano passado, o gigante asiático começou a habilitar plantas brasileiras de lácteos para fazer embarques ao país, e uma missão chinesa inclusive percorre, atualmente, diferentes indústrias do setor.
"Recebemos, no Estado, um grupo de chineses, na semana passada, e eles seguem por aqui, prospectando negócios, especialmente em fórmulas infantis. Mas concorremos com grandes players, que estão mais próximos de lá e já conhecem o mercado e a cultura local, como a União Europeia e a Nova Zelândia", ressalta Guerra.
A construção civil, porém, vive um momento de apreensão, diz Aquiles Dal Molin Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS). Isso porque as incertezas do cenário global desestimulam investimentos de longo prazo, como a aquisição de um imóvel. Uma das medidas que poderia estimular a atividade, opina ele, seria os governos estadual e federal darem continuidade a obras públicas que estão paradas.
"Há muitas obras públicas paradas, com licenças ambientais já aprovadas, e que poderiam ter andamento, movimentando rapidamente diferentes setores da economia e ampliando a oferta de empregos de forma imediata", defende Dal Molin Júnior.

Crise exige atualização em informações das empresas

Prêmio Marcas de Quem Decide 2020
na foto: Ana Tércia

Prêmio Marcas de Quem Decide 2020 na foto: Ana Tércia


/CLAITON DORNELLES /JC

Os impactos causados pelas turbulências econômicas atuais sobre diferentes negócios também estão gerando demandas extras para quem atua nos balanços e na contabilidade empresarial. De acordo com Ana Tércia Lopes Rodrigues, presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado
(CRCRS), nesta semana, o próprio Conselho Federal de Contabilidade emitiu nota sobre os cuidados que os contadores e os auditores precisam ter ao relatarem e quantificarem os efeito dessa crise iniciada com o coronavírus nas demonstrações contábeis das empresas.

Como há perdas significativas nos resultados, em todos os mercados, e, especialmente, no fluxo de caixa de algumas empresas, muitas companhias começam a revisar seus planejamentos orçamentários feitos neste ano. Principalmente em companhias que têm sua cadeia de suprimentos baseada em produtos da China, empresas de turismo, companhias aéreas e dos mais diversos segmentos, incluindo exportadoras de alimentos, com forte presença no Estado, ressalta Ana Tércia.
"Essas projeções e os impactos devem ser apresentados de forma clara. Era um ano em que se esperava mais desenvolvimento, mas as turbulências fazem parte de um mercado global", diz a presidente do conselho, para quem o auge da crise está um pouco mais adiante.
Aos milhares de brasileiros que recentemente entraram no mercado de ações, Ana Tércia destaca que investir na bolsa de valores, independentemente de qualquer fator, será sempre sensível a oscilações diárias e de movimentos mundiais imprevisíveis. O momento é de espera, ressalta, e não de tomar decisões precipitadas. "Quando os mercados estão em baixa, não é o momento de se desfazer dos papéis, mas talvez de comprar os que estão em baixa por uma situação momentânea alheia", informa a presidente do CRCRS.
Rafael Biedermann Mariante, sócio da PwC Brasil, também destaca os cuidados extras contábeis e de auditoria exigidos pelo atual cenário. Entre os muitos e complexos problemas atuais, diz Mariante, um deles é a comunicação dos impactos financeiros e contábeis de tudo o que está ocorrendo na economia. Explicações que seriam feitas diretamente nas matrizes também foram afetadas, por exemplo, pelas restrições para viajar a diferentes países.
"Entre as dúvidas, sobressaem-se, por exemplo, como registrar e explicar quedas nas vendas, paradas de produção por falta de peças e unidades que ficaram ociosas. Isso vai exigir melhor comunicação de contadores e auditores para narrar esse momento aos investidores nacionais e estrangeiros", diz o executivo.
Ao analisar que ações de grandes companhias já alteradas pela crise internacional, Mariante chama a atenção para uma inversão no mercado de capitais doméstico. O sócio da PwC no Brasil comenta que, até recentemente, havia uma janela interessante para abertura de capital na bolsa brasileira, mas, hoje, há muitas incertezas. "Os empresários começam a reavaliar e nos consultar mais sobre isso e rever seus planos", resume o executivo.